A Diferença Entre Desacreditado e Desacreditável
Por: Rodrigo Bastos • 18/5/2019 • Projeto de pesquisa • 528 Palavras (3 Páginas) • 3.491 Visualizações
A Diferença Entre Desacreditado e Desacreditável
No segundo capítulo do livro de Erving Goffman “Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada”, o autor se ocupa em explicar a diferença entre o indivíduo desacreditado e o desacreditável, isto é, entre aquele que apresenta aos normais uma discrepância visível entre a sua identidade social real( quem ele realmente é) e a sua identidade virtual(quem ele se faz ser para ter a aceitação do meio social) e por causa disso o estigma dessa pessoa não é imediatamente visível nem ainda conhecido pelos outros — é neste caso que se coloca a questão da manipulação da informação sobre esse mesmo estigma.
Então a diferença entre o Desacreditado e o Desacreditável é:
- Desacreditado - Quando as características do estigmatizado já são conhecidas ou são imediatamente vistas pela sociedade, diz-se que ele está na condição de desacreditado.
- Desacreditável - Quando as características que o fariam ser estigmatizado, não são conhecidas nem imediatamente percebidas pelo seu meio social, então diz-se que o estigmatizado está na condição de desacreditável.
Com essa explicação, surge um questionamento sobre acobertamento de quem você é e do encobrimento de suas características, o primeiro questionamento direcionado aos desacreditados na busca de reduzir as tensões tentando se encaixar no meio social e provar para todos do erro em estigmatiza-lo e o segundo referindo-se aos desacreditáveis na busca de manipular as informações para se infiltrar como “normal” em seu meio social, ambos objetivando tornar menos perceptível e encobrir a sua condição de estigmatizados. Dentro dessa trama, é possível perceber que os estigmatizados vivem à busca de estratégias de relacionamentos intragrupais (grupo formado pelos companheiros de sofrimento, e sofreram as mesmas privações que o estigmatizado sofreu porque têm o mesmo estigma.) e exogrupais (O grupo do resto da sociedade que se diz “normal”). Mas, como se dão essas relações?
Segundo Goffman, as relações mistas (entre “normais” e estigmatizados) se apresentam de forma estranha para ambos, primeiro porque os “normais” não conseguem enxergar os estigmatizados como um deles também, porque os estigmatizados sempre se colocam em posição de retaguarda ou medo de serem julgados. Por isso, "a previsão de tais contatos pode levar os normais e os estigmatizados a esquematizar a vida de forma a evitá-lo" (P.22).
Analisando esse pequeno trecho do livro de Goffman, provavelmente,essas relações mista terá maiores consequências para os estigmatizados, uma vez que, "faltando o feedback saudável do intercâmbio social cotidiano com os outros, a pessoa que se auto isola possivelmente torna-se desconfiada, deprimida, hostil, ansiosa e confusa" (P.22). Através destas definições poderemos perceber que nos contatos mistos, indivíduo estigmatizado pode descobrir que se sente inseguro em relação à maneira como os normais o identificarão e o receberão; surge a sensação de não saber aquilo que os outros estão realmente pensando dele; é possível que sinta que está em exposição; erros menores e enganos incidentais podem ser interpretados de forma errada pelo meio dos normais fazendo serem expulsos.
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