A HISTÓRIA DO MOVIMENTO ESTUDANTIL EM ANÁPOLIS: DA DITADURA MILITAR AOS MOVIMENTOS DE OCUPAÇÃO DAS ESCOLAS EM 2016.
Por: mariliars • 21/4/2019 • Relatório de pesquisa • 3.331 Palavras (14 Páginas) • 263 Visualizações
A HISTÓRIA DO MOVIMENTO ESTUDANTIL EM ANÁPOLIS: DA DITADURA MILITAR AOS MOVIMENTOS DE OCUPAÇÃO DAS ESCOLAS EM 2016.
Marília Rodrigues da Silveira¹; Veralúcia Pinheiro²
ˡAluna do Curso de História, BIC/UEG, Unidade Universitária de Ciências Sócio-Econômicas e Humanas. E-mail: marilia-rsilveira@hotmail.com ²Docente do curso de História, Universidade Estadual de Goiás, Anápolis |GO
INTRODUÇÃO
No Brasil, quase que desde o surgimento do movimento estudantil, há a fragmentação entre movimento estudantil extraoficial e oficial. Este ultimo recebe apoio do governo, das entidades burocratas, ou seja, é submetido às vontades do Estado, a UNE é um exemplo de movimento estudantil oficial; enquanto que os movimentos de estudantes não oficiais, são autônomos, por isso os próprios estudantes são responsáveis pelas decisões e ações que darão rumo as suas lutas.
A pesquisa que desenvolvemos tem como objeto de estudo as ações do movimento estudantil em Anápolis, em específico o movimento secundarista, no período da ditadura militar brasileira e também as ações relacionadas com as ocupações das escolas públicas em 2016. De modo geral, buscamos conhecer como se desenvolveu e atuou o movimento estudantil, e qual a sua natureza, ou seja, se tal experiência diz respeito a um movimento autônomo ou não.
Em um contexto geral o tema proposto é bastante conhecido e trabalhado pela historiografia, mas, no que tange a delimitação que fizemos a cidade de Anápolis, há uma lacuna na produção historiográfica, tanto referente à ditadura quanto as ocupações. Trata-se de uma pesquisa importante, pois investiga e analisa um fenômeno sobre os secundaristas em uma cidade considerada importante para a Segurança Nacional, onde sempre houve repressões a qualquer tipo de manifestação. Nesse sentido, esperamos que a pesquisa contribua no processo de disseminação do conhecimento acerca do movimento estudantil para a sociedade, e que este faça parte da memória das gerações que estão por vir, para que nunca se esqueçam da importância e a necessidade da luta seja ela por meio do movimento estudantil ou qualquer outra forma de participação social.
OBJETIVO
Investigar a história do movimento estudantil na cidade de Anápolis durante a ditadura militar e de forma paralela, desvendar as formas de organização e de luta que caracterizaram o movimento de ocupação das escolas públicas nesta cidade.
METODOLOGIA
A primeira parte da metodologia consistiu na revisão bibliográfica, onde foram levantados livros e artigos essenciais para o embasamento teórico da pesquisa. Os textos foram selecionados em revistas acadêmicas, livros e artigos disponibilizados na internet, além de obras impressas. Também foram utilizadas entrevistas concedidas a jornais e sites online. Além disso, realizamos entrevista com um profissional da imprensa de Anápolis, cuja atuação no período das ocupações das escolas em 2016, lhe credencia a falar deste movimento.
Quanto ao período da ditadura, foram consultados jornais da época no Museu Histórico de Anápolis e artigos que tratam sobre o movimento estudantil em Goiás no período do regime militar. Os jornais utilizados compreendem o período entre 1964 a 1979, e neles foram coletadas notícias para de que tenhamos conhecimento da atuação do movimento estudantil.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para tratar sobre movimento estudantil, faz-se necessário, antes de tudo que se tenha uma noção do conceito de movimento social, e foi esse o primeiro passo que realizamos durante a pesquisa. Trabalhamos de acordo com a perspectiva de Viana, e segundo este autor “movimento social é o movimento de um grupo social. Esse movimento é um deslocamento do grupo social, causando alterações no mesmo” (VIANA, 2016, p.24).
O movimento estudantil é um movimento social. Os indivíduos que o compõem são estudantes, que insatisfeitos com a situação social partem para a luta para obterem melhoria nas condições precárias ou opressoras que lhes são impostas. Em geral, as ações deste grupo têm inicio devido às condições concretas já existentes ou em decorrência de propostas governamentais, cujo teor significa um retrocesso das políticas educacionais no que se refere aos direitos coletivos dos estudantes. Portanto, a insatisfação é o elemento primordial para as manifestações estudantis.
Nos jornais onde foi realizada a pesquisa em busca de informações a respeito do movimento estudantil em Anápolis foram encontradas poucas matérias relacionadas ao tema, há a hipótese de que essa circunstância seja um reflexo da censura exercida por parte do governo militar, podem ter havido diversos outros movimentos e manifestações que não foram noticiados pelos jornais para não incitar a rebeldia de outros grupos, o que fazia com que o governo mantivesse um maior controle sobre a situação.
Além do elemento citado acima, podemos mencionar a repressão promovida pela ditadura contra as organizações dos movimentos sociais e também dos partidos políticos. No Estado de Goiás a cidade de Anápolis foi uma das principais cidades onde ocorreram perseguições a membros do PCB, o que levou o Partido ao esfacelamento.
O Movimento Estudantil (ME) durante os “anos de chumbo” foi alvo da repressão do mesmo modo que os partidos e organizações políticas de oposição. O PCB no início dos anos 60 tinha um considerável número de estudantes entre seus quadros. Quando do golpe militar de 1964 e da crise no comunismo mundial devido ao relatório de Nikita Krushev, o ME passou a se distanciar do PCB principalmente após o surgimento das cisões que deram origem a outras organizações. (SANTOS, 2009)
Podemos perceber que no início do regime militar o movimento estudantil se encontrava intimamente ligado a partidos políticos. Se compararmos com as ocupações de 2016 podemos perceber certo distanciamento, já que esses atos na maioria das vezes buscar garantir autonomia em relação a burocracia dos sindicatos e dos partidos políticos.
As notícias encontradas durante a pesquisa são dos jornais O Anápolis e Correio do Planalto e se referem a movimentos estudantis secundaristas existentes no período anterior à ditadura e em parte dela. Nestes jornais é mencionado que os movimentos estudantis presentes em Anápolis eram a União Independente dos Estudantes de Anápolis e a União dos Estudantes Secundários de Anápolis, mas essas entidades não atuaram fortemente durante a ditadura justamente por conta da repressão institucionalizada.
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