MOVIMENTO ESTUDANTIL NA DITADURA MILITAR 1964 – 1968
Por: Ana Schulz Sandrin • 2/4/2017 • Artigo • 6.095 Palavras (25 Páginas) • 823 Visualizações
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ANA CECÍLIA SCHULZ SANDRIN – RA 1065829
Licenciatura em História
MOVIMENTO ESTUDANTIL NA DITADURA MILITAR
1964 – 1968
Orientador: Profª Ms. Samanta Colhado Mendes
Centro Universitário Claretiano
POLO SANTO ANDRÉ
2013
MOVIMENTO ESTUDANTIL NA DITADURA MILITAR
1964 – 1968
Resumo: Em 1º de abril de 1964 um golpe militar contra o presidente João Goulart marca o início da ditadura militar no Brasil. A fim de conter reformas comunistas, militares ocuparam partidos políticos e sindicatos.
O golpe militar teve grande repercussão no movimento estudantil. Tentativas das lideranças estudantis de retomarem o controle das organizações desencadearam ondas de repressão política. O movimento estudantil universitário brasileiro se transformou em foco de mobilização social, e suas reivindicações, protestos e manifestações influenciaram significativamente a política nacional.
Entidades estudantis como a UNE (União Nacional dos Estudantes) foram extintas e passaram a atuar clandestinamente. Entre 1964 e 1968 o movimento estudantil mudou sua forma de atuação diversas vezes, passando da discrição para a exposição, e posteriormente voltando para a discrição.
O ano de 1968 foi repleto de lutas e perdas, e principalmente da voz do jovem que fez-se ouvir.
Palavras-Chave: Ditadura, Golpe Militar, Movimento Estudantil, Repressão.
INTRODUÇÃO
No início de 2012, quando o tema para o presente artigo foi escolhido, eu não tinha ideia da grandeza do assunto. Imaginei ser possível tratar em um artigo científico 21 anos de ditadura militar, enfocando a atuação do movimento estudantil nesse contexto. Mas depois de adquirido os primeiros livros para realizar os primeiros fichamentos percebi que seria impossível tratar 21 anos desse regime de forma sucinta. Se o fizesse estaria tratando o tema de uma forma simplista, e não era esse o meu objetivo.
Refiz pesquisas, realizei mais leituras, e decidi que enfocaria nos primeiros 4 anos de ditadura militar – de 1964 a 1968. E eu já andava fascinada com o tema quando no mês de junho/2013 explodiu no Brasil um enorme movimento popular. O resultado foi que fiquei ainda mais satisfeita com o tema que eu estava abordando.
Motivações à parte, o objetivo desse trabalho de conclusão de curso é aprofundar o conhecimento sobre a ditadura militar no Brasil em seus primeiros anos, compreendendo seu contexto e enfocando a resposta popular à repressão, especificamente a reação do movimento estudantil à ditadura, bem como de que forma esses estudantes eram tratados pelos opressores.
O artigo tem início com o golpe militar de 1964, apresentando o contexto político e o que ele representou de imediato para os estudantes. Na sequência o movimento estudantil é apresentado, assim como suas propostas e ideologias, para enfim ser apresentadas e discutidas as manifestações e repressões ocorridas entre 1964 e 1968.
Espero que a leitura desse artigo traga tanta satisfação e conhecimento quanto trouxe a mim ao escrevê-lo.
METODOLOGIA
Realização de estudos e observação de periódicos, livros, vídeos e artigos relacionados ao tema, utilizando do método indutivo e tratando as informações de maneira qualitativa.
- O GOLPE MILITAR DE 1964
Não seria possível compreender o Movimento Estudantil (ME) na Ditadura Militar (DM) brasileira desconhecendo o contexto de sua implantação. Por isso, nesse capítulo será abordado o Golpe de 64, a fim de apresentar o cenário do Brasil às vésperas da Ditadura Militar.
Em agosto de 1961, Jânio Quadros renuncia à presidência. Seu vice, João Goulart – ou Jango, viajava em visita à China. Rapidamente formou-se uma oposição que o considerava inapto a assumir a presidência e tentava impedir a sua posse, alegando que Jango era simpatizante do Comunismo.
Formou-se uma disputa pela sucessão. De um lado, membros da União Democrática Nacional (UDN) e militares articulando contra João Goulart. De outro, formou-se uma “Campanha da Legalidade”, encabeçada por Leonel Brizola, cunhado de Jango. O objetivo da campanha era garantir que fosse cumprido o direito previsto na Constituição de 1946, que dizia que na falta do Presidente, quem assumiria seria o vice. Nesse momento, estudantes também se manifestaram a favor do cumprimento da Constituição e posse de Jango.
Diante do impasse formado, a solução encontrada pelo Congresso Nacional foi instaurar o Parlamentarismo. Dia 07 de setembro de 1961, João Goulart tomou posse, porém sem amplos poderes.
Ele herdou um país saturado e repleto de impasses sociais. Teria que lidar com interesses econômicos distintos, em um país onde o latifúndio era impenetrável às mudanças sociais. Encontrou problemas como infra-estrutura básica e educação inadequada, sistema de saúde insuficiente, alta inflação e reivindicação de reforma agrária. Tratava-se de uma sociedade que passava por transformações e exigia a sua atenção.
O novo presidente adotou uma política econômica conservadora. Instituiu um limite para a remessa de lucros das empresas internacionais, a fim de diminuir a participação de empresas estrangeiras em setores estratégicos da economia. Foi maleável no que diz respeito às reivindicações sociais.
Em janeiro de 1963 um plebiscito colocou fim ao Parlamentarismo, com 82% dos votos. Jango lança o Plano Trienal que previa medidas para colocar fim à crise econômica, como geração de emprego e diminuição da inflação. O plano não atingiu os resultados esperados. Ele propôs as “reformas de base”, que incluía reforma agrária, tributária, administrativa, bancária e educacional, aumentando as acusações de comunismo por parte da oposição.
Aumentam as agitações populares, pressionando o Estado a atender suas reivindicações. Manifestações sociais e greves eram crescentes.
O estopim necessário para o golpe militar aconteceu em 31 de março de 1964, quando Jango determinou a reforma agrária e a nacionalização das refinarias estrangeiras de petróleo.
A classe média, assustada com a suposta ameaça comunista, deu apoio aos militares, que se reuniram e tomaram o poder contando com apoio dos Estados Unidos.
No dia 1º de abril de 1964, Jango foi deposto. Os militares chamaram o golpe de “revolução”. Ocuparam partidos políticos, sindicatos e todos mais apoiasse as reformas esquerdistas do ex-presidente.
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