A Identidade Nacional

Sobre a identidade,

        O Brasil desde a sua descoberta e colonização enfrenta o desafio de criar uma identidade nacional. Isso se deve ao fato de que em nosso país não é possível definir uma única raça, pois o povo brasileiro é fruto de uma grande miscigenação.

        Se andarmos pelo território brasileiro é muito provável que encontrarmos descendentes de índio, português, africanos (de várias localidades da África), italianos, alemães, holandeses, japoneses, chineses, de países árabes, e ainda poderíamos citar aqui várias outras nacionalidades.

        É comum também termos a percepção de em algumas regiões a herança cultural e tradicional desses países tem uma presença muito marcante como por exemplo, o bairro japonês que existe em São Paulo, e a octoberfest ou festa da cerveja no sul do país que é uma festa folclórica alemã.

        Pensando nessa grande variedade cultural, e nas diversas raízes etnológicas apresentadas na arvore genealógica do povo brasileiro, é possível ver uma busca pela construção de uma identidade que unisse todo o povo.

        A primeira tentativa de se construir essa identidade pode ser observada pela corrente do romantismo no Brasil, principalmente quando remetida à vertente do indianismo, buscando exaltar a figura do índio retratando o mesmo como um sujeito forte, valente e destemido e tentando fixar nesse povo as raízes no povo brasileiro. Essa tentativa pode ser amplamente observada em nossa literatura através de obras como Juca Pirama, Os Timbyras e O Guarani. Mas como já era previsível, essa tentativa de construção não foi muito bem-sucedida e a busca continuou ao longo da história.

        Nos anos decorrentes entre a Primeira Guerra Mundial e a Segunda Guerra Mundial, o Brasil entra em uma fase de questionamentos sobre ideologias políticas, e com a quebra da bolsa de valores de Nova York em 1929, e a crise mundial que se espalhou pelo mundo em decorrência desta, essas ideologias começaram a se arraigar cada vez mais profundamente na população, já dando indícios de uma possível guerra civil entre capitalistas e comunistas socialistas.

        Com o intuito de conter o avanço do comunismo e do socialismo no Brasil, Getúlio Vargas inicial um projeto de construção de uma identidade nacional que tivesse a capacidade de unir o povo em torno de uma mesma cultura e ao mesmo tempo difundir para o mundo que esta era uma identidade brasileira.

        Com isso temos a tentativa mais bem-sucedida sobre o assunto, que foi a utilização de samba raízes no governo de Vargas sob o título de ser a voz do povo, e é também nesta época que temos uma supervalorização do carnaval como uma cultura brasileira que realmente foi capaz de identificar o Brasil a nível mundial.

        Dito tudo isso, é possível afirmar que nunca houve uma identidade nacional que verdadeiramente fosse capaz de unir todo o povo brasileiro em torno de uma mesma tradição ou uma mesma cultura, pelo contrário o que podemos vivenciar é a existências de vários Brasis dentro do Brasil.

        Com o advento da globalização o que acontece é uma alienação ainda mais poderosa sobre a identidade nacional que já era historicamente fragilizada, o que pode ser claramente observado pelo fato de as identidades virtuais tem se tornado a cada dia mais importantes que a identidade real ou oficial.

        Além disso o que podemos ver é que com a questão da internet globalizada é possível à uma mesma pessoa exercer várias identidades ao mesmo tempo, o que por sua vez só reafirma mais a fragilidade, ou inexistência de uma identidade nacional.