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A Industrialização Brasileira e a Política Econômica no Período 1930-1945.

Por:   •  20/10/2019  •  Pesquisas Acadêmicas  •  10.702 Palavras (43 Páginas)  •  333 Visualizações

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Questões da ANPEC  relativas ao tópico 2:

A Industrialização Brasileira e a política econômica no Período 1930-1945.

Para a análise deste tema, devemos levar em consideração, entre outros:

  1. A crise de 1929/1930 e a política econômica adotada para enfrenta-la
  2. A industrialização do período e o conceito de substituição de importações.
  3. Os efeitos da Segunda Guerra Mundial sobre o Brasil, especialmente sobre a indústria, além da política econômica adotada no período

Para a crise de 1929/30 e a intervenção no mercado de café no período Vargas, as considerações colocadas por Celso Furtado a respeito da economia cafeeira são especialmente relevantes. De acordo com o autor, a política de defesa do café representa uma política econômica anticíclica dado que por via da mesma, procurava-se amortecer os impactos negativos da oscilação do preço do produto, garantindo de maneira relativa o nível da renda interna, notadamente daqueles setores associados à produção do café.

As questões a respeito do Processo de Substituição de Importações – PSI – não envolvem a análise de um período específico da história brasileira contemporânea, justificando assim o porquê das mesmas englobar a análise de diferentes governos. De qualquer forma, é interessante levar em conta a análise de alguns pontos, dentre os quais se podem destacar:

  1. A estratégia da adoção do programa, que estaria baseado no conceito de i) estrangulamento externo relativo e recorrente, e ii) processo fechado e em etapas.
  2. Os instrumentos utilizados para garantir o desenvolvimento do processo.
  3. Os setores produtivos priorizados pelo programa ao longo do tempo, ou seja, em cada governo.
  4. Visões a respeito do processo de industrialização brasileira.

Quanto à Segunda Guerra Mundial, um ponto importante a ser destacado é o acumulo de reservas no período, especialmente reservas inconversíveis - este viria a explicar o fenômeno da “ilusão de divisas” do início do governo Dutra. Outros elementos importantes são o desempenho da indústria, das finanças públicas e a aceleração inflacionária no período.

Questões Falso x Verdadeiro – Tópico 2

  1. (1997 – 3) O preço do café no comércio internacional caiu drasticamente à época da Grande Depressão, o que levou o Governo brasileiro a implementar uma política de defesa do setor cafeeiro. Em relação a esses fatos, pode-se afirmar que:

(0) A proteção ao setor era desnecessária, já que a queda no valor externo da moeda brasileira no período foi proporcionalmente maior do que a redução do preço do café;

(1) A intensidade de queda nos preços internacionais do café, no início dos anos trinta, relaciona-se à expansão da oferta brasileira do produto, nos anos vinte;

(2) A política econômica então implementada pode ser vista, pelos seus resultados, como uma política anticíclica keynesiana;

(3) A política de defesa dos cafeicultores foi totalmente financiada por emissão de papel-moeda lastreada por empréstimos externos;

(4) A expansão da produção industrial nos anos trinta foi devida, em parte, a essa política de defesa do setor cafeeiro.

Resp:

  1. FALSO se levarmos em consideração que a intervenção no mercado visava não só proteger a renda do cafeicultor em moeda nacional, mas também evitar um maior declínio do nível de preços do café
  2. VERDADEIRO, considerando o tempo necessário para que os novos cafezais entrassem em idade de produção (de quatro a cinco anos entre o plantio e a primeira colheita), a grande produção obtida na época da grande depressão está, de fato, associada ao plantio executado nos anos 20. Note portanto que este plantio está, em grande parte, associado às políticas de intervenção realizadas ao longo da década de 20.
  3. VERDADEIRO, a afirmação descreve justamente o ponto de vista de Celso Furtado para a política de defesa do café implementada pelo governo brasileiro, pois a compra e a queima do café garantiam aos cafeicultores a manutenção de um patamar de renda e também o nível de emprego da economia em um momento de crise.
  4. FALSO, a despeito da crise de 29, o governo brasileiro ainda consegue obter recursos externos para a política de defesa do café implementada neste mesmo ano. Entretanto, não se pode dizer também que ela foi inteiramente financiada por meio de recursos externos.
  5. VERDADEIRO, de fato, segundo alguns autores (entre eles Celso Furtado), a manutenção da renda da cafeicultura e do emprego mantinham a demanda interna, a qual foi deslocada do setor importador para o setor produtivo nacional por meio da proteção dada a este pela desvalorização cambial.

  1. (1998 – 4) Segundo a interpretação clássica, a política de defesa do setor cafeeiro implementada nos anos da depressão teria sido, em parte, responsável pelo crescimento industrial da década de trinta. Com respeito a tal interpretação, pode-se afirmar que:

(0) O crescimento da produção industrial ocorrida a partir de 1932 se deveu, em parte, à utilização da capacidade ociosa existente na indústria;

(1) O desempenho do setor industrial não pode ser explicado pela política de defesa do setor cafeeiro, pois tal política já existia desde 1906 sem qualquer impacto significativo sobre a indústria;

(2) Graças ao alto nível de reservas internacionais, o governo pode, ao contrário da maioria dos países devedores, saldar seus compromissos externos nos primeiros anos da década de trinta;

(3) A desvalorização cambial do início dos anos trinta decorreu do decréscimo das receitas de exportação e também da significativa redução da entrada de capitais estrangeiros;

(4) A maior demanda pela produção interna nos anos 31/34 deve ser atribuída, em parte, à política de restrição as importações de bens não essenciais praticada à época.

Resp:

  1. VERDADEIRO, pois efetivamente havia a necessidade de num primeiro momento existir capacidade ociosa para a indústria atender ao deslocamento da demanda ocorrido.
  2. FALSO dado que a política de defesa do café foi combinada com dificuldades impostas a importação, o que difere em grande parte do período anterior, e sem a defesa do café não haveria a manutenção de um nível mínimo de demanda agregada.
  3. FALSO já que as reservas foram rapidamente absorvidas e houve dificuldade em fazer frente aos compromissos externos nos primeiros anos da década de 30.
  4. VERDADEIRO, uma vez que além da queda dos preços e das exportações de café houve um forte refluxo de capital em um primeiro momento, e em seguida o ingresso foi muito pequeno.
  5. FALSO, uma vez que não houve uma política seletiva de restrição as importações no período; este fato é mais claro depois da IIª Guerra Mundial.

  1. (1999 - 4) Os efeitos da crise mundial de 1929 foram transmitidos à economia brasileira pelo comércio internacional. No que se refere aos primeiros anos da década de trinta, verifica-se que:

  1. a queda nos preços das exportações brasileiras provocou um aumento proporcionalmente maior das quantidades exportadas e consequente aumento das receitas de exportação;
  2. as desvalorizações cambiais do período reduziram a demanda por importações e beneficiaram a produção doméstica;
  3. a produção industrial brasileira se recuperou rapidamente dos efeitos adversos da crise de 29, passando a apresentar taxas de crescimento relativamente altas nos anos 1934-1936;
  4. o desempenho do comércio internacional introduziu fortes inflacionárias na economia brasileira;
  5. a despeito da crise internacional, o Governo brasileiro foi capaz de obter empréstimos estrangeiros e, assim, pode manter a mesma política de defesa do setor cafeeiro praticada antes dos trinta.

Resp:

  1. FALSO, a queda do preço dos produtos exportados alcançou quase 60% no período e não foi recuperada por aumento da quantidade exportada (que variou ao longo do período mas alcançou algo como 10%), houve assim no período queda no valor das exportações de 320 milhões de dólares em 1930 para algo próximo a 220 milhões de dólares em 1934.
  2. VERDADEIRO, esta é uma das argumentações principais de Furtado para o período, deve-se destacar que a queda das importações e a proteção á produção doméstica também foi obtida por restrições quantitativas às importações
  3. VERDADEIRO, pelos dados do anexo da ordem do Progresso percebe-se uma taxa de expansão da produção industrial pequena (inferior a 1,5%) entre 31 e 32, mas que avança para mais de 11% já em 33, alcançando 17% m 1936.
  4. FALSO, não há inflação no período muito pelo contrário registra-se entre 1930 e 1934 uma deflação
  5. FALSO, efetivamente houve como mostra Pelaez a obtenção de um empréstimo externo, mas este não foi suficiente para se financiar a política de valorização do café. Esta também sofreu alterações pois introduziu-se a queima de quotas de produção

 

  1. (2001 – 3) No que se refere ao desempenho da economia brasileira e às políticas implementadas nos anos trinta, são válidas as afirmativas que se seguem:

  1. durante toda a década de trinta o Governo se absteve de qualquer interferência no mercado cambial;
  2. a despeito de todas as dificuldades, o Governo foi capaz de honrar todos os seus compromissos relativos à dívida externa sem recorrer a novos empréstimos no Exterior;
  3. o produto industrial cresceu ao longo de toda a década apresentando taxas especialmente altas no período 1933-1937, graças, em parte, à utilização da capacidade ociosa instalada em períodos anteriores;
  4. com a desativação da Caixa de Estabilização em meados de 1930, a expansão monetária deixou de se vincular ao desempenho do Balanço de Pagamentos;
  5. um aumento da demanda pela produção doméstica provocou um surto inflacionário sem precedentes

Resp:

  1. FALSO, houve diversas intervenções no mercado cambial inclusive com restrições a diferentes operações cambiais;
  2. FALSO, não só o país teve que adiar alguns compromissos externos como recebeu um empréstimo de 20 milhões de libras;
  3. VERDADEIRO, a exceção do ano de 1930 e de 1940 todo o restante apresenta taxas positivas de crescimento do produto industrial, entre 1933 e 1936 estas taxas estavam acima de 10% ao ano e isto pode ser alcançada graças à existência de capacidade ociosa que teve que começar a ser reposta a partir de meados da década;
  4. VERDADEIRO, a caixa de estabilização equivalia a um currency board em que se mantinha uma política monetária associada à variação das reservas, cuja variação dependendo saldo do balanço de pagamentos, com seu fim pode-se adotar uma política monetária independente do comportamento do balanço de pagamentos;
  5. FALSO, os anos iniciais da década são marcados mais pela deflação do que pela inflação, esta aparece na segunda metade da década atingindo um auge de 15% ao ano em 1936 caindo em seguida só se elevando novamente durante a guerra.

  1. (2002 – 2) Examinando o desempenho da economia brasileira na década de 1930 verifica-se que, no começo da década, a crise internacional e uma sucessão de enormes safras de café provocaram quedas de PIB real. Entretanto, depois de 1932 a economia brasileira passou a registrar um acentuado crescimento. Sobre esses eventos, pode-se afirmar que:

  1. A perda de dinamismo inicial deveu-se à política liberal de comércio externo, irresponsavelmente adotada pelo 'governo provisório' de Getúlio Vargas.
  2. O crescimento após 1932 deveu-se à implementação de estratégia deliberada de substituição de importações, com a introdução de barreiras tarifárias protecionistas, de que resultou um surto de crescimento ancorado na produção para o mercado interno.
  3. O crescimento após 1932 foi resultado involuntário de estratégia de maximização de saldo da balança comercial, visando ao pagamento da dívida externa.
  4. A tese de Celso Furtado, de que a política de compra de excedentes de café do início da década de 1930 constituiu-se em um programa keynesiano antes de Keynes tem sido rechaçada pelo argumento de que a defesa do café do período foi financiada por um imposto sobre as exportações, um vazamento do fluxo de renda.
  5. O crescimento da indústria após 1932 não se fez acompanhar da diversificação da estrutura produtiva. Houve reduzida expansão da produção de bens intermediários; em 1939, a participação desses bens no valor da produção industrial era pequena.

Resp:

  1. FALSO, a perda de dinamismo é reflexo da crise internacional e da diminuição das exportações de café
  2. FALSO, a maior parte da literatura não considera a estratégia adota por Vargas como tendo sido deliberadamente de substituição de importações, esta acabou ocorrendo como uma consequência não intencional da p0olitica de enfrentamento da crise
  3. VERDADEIRO, esta afirmação é praticamente o inverso da anterior destacando-se o efeito involuntário da política econômica que, segundo muitos autores, como M.P. Abreu, visava conseguir recursos externos para fazer frente aos compromissos financeiros do país
  4. FALSO, efetivamente foi levantada a questão do financiamento da política com base em impostos, mas esta não rechaça a tese de Furtado pois o montante de impostos não foi suficiente para fazer frente à toda a política fiscal, além do que se alega que parte destes impostos foram obtidas de renda externa, dada a inelasticidade preço da demanda internacional de café
  5. VERDADEIRO, questão que merece alguma discussão, pois houve certa diversificação da estrutura produtiva no período, mas ela foi pequena e o setor de bens intermediários não tinha dimensões do setor de bens de consumo

  1.  (2004 – 2) A crise mundial deflagrada em 1929 levou o governo brasileiro a implementar, durante os anos da grande depressão, uma política dirigida especificamente ao setor cafeeiro. Segundo Celso Furtado:

(0) Essa política consistiu, essencialmente, na garantia de um preço mínimo de compra do café pelo governo e na destruição de parte da produção, como forma de impedir uma queda maior do preço do produto no mercado internacional;

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