A Reforma Protestante do Século XVI
Por: kamilanogueira • 1/9/2024 • Artigo • 3.008 Palavras (13 Páginas) • 36 Visualizações
A Reforma protestante do século XVI
The Protestant Reformation of the 16th century
Kamila Maria Nogueira Martins
RESUMO: O presente artigo pretende analisar a Reforma Protestante do século XVI dentro do grandioso contexto que a Europa vivenciava naquela determinada época. É importante salientar que esse contexto não envolvia apenas aspectos religiosos, mas também, social, político e intelectual. Dessa maneira, o objetivo do artigo é examinar as causas, características e os atores principais desse grande movimento e principalmente: verificar seus efeitos tanto na Igreja como na sociedade.
Palavras chave: Reforma religiosa, Igreja, Lutero, Idade Moderna.
ABSTRACT: This article aims to analyze the Protest reformation of the 16th century within the grand context that Europe was experiencing at that particular time. It is important to highlight that this context did not only involve religious aspects, but also social, political and intellectual aspects. Thus, the objective of the article is to examine the causes, characteristics and main actors of this great movement and mainly: to verify its effects both on the Church and on society.
Keyword: Religious reform, Church, Luther, Modern age.
- INTRODUÇÃO
Para entender o pensamento atual da população moderna no século XVI e o que levou-os a desencadear um movimento reformista contra a maior e mais poderosa instituição detentora de poder e conhecimento: a Igreja, não será difícil encontrar motivos que os embasaram a tomar tais atitudes. Mas, de início é de suma importância que saibamos toda a trajetória que eles passaram até chegar ao período moderno, assim também como é importante sabermos os ensinamentos que a Igreja transferia aos seus servos sobre uma vida próxima a Deus e longe dos pecados.
Para isso, é necessário saber que apenas o Clero e a alta classe tinham acesso às leituras e escrituras sagradas. Partindo disso, consequentemente esses grupos possuíam o poder de repassar para aqueles desprovidos de riquezas o que lhes fizessem ser cada vez mais subordinados a eles. Dessa maneira, tirariam proveito assim como fizeram por muito tempo.
Durante a Idade média ( 476-1453) a Igreja influenciou de várias formas a vida de seus seguidores e uma parte muito debatida e de marca muito profunda foi o imaginário. Desse modo, uma sociedade fortemente religiosa, tudo o que fosse contra aos mandamentos da Igreja, iria de encontro a heresia, excomungação e a morte também. Foi um momento histórico onde a Igreja se tornou muito forte a partir do século V até XV. A sociedade europeia estava sob controle da Igreja.
Le Goff (2005) diz que “ a Igreja desempenhou um papel central, fundamental. Mas é preciso ver que o cristianismo ainda funcionou em dois níveis: como ideologia dominante, apoiada num poder temporal considerável e como religião propriamente dita”. ( Le Goff, 2005. pág 14.). Então, é perceptível que a Igreja exercia através da ideologia o controle das mentes dos fieis que acabavam acreditando em todas as propostas da Igreja, achando que dessa forma iriam ao encontro com Deus.
Dando este contexto, é notável que a sociedade europeia necessitava de mudanças e que a Igreja não cumpria seu papel e não seguia mais os passos justos do criador. E em meio às várias pessoas subordinadas haveria aquelas que viam a necessidade de uma revolução e estavam dispostas a enfrentá-la.
- Crítica ao comportamento do clero
No item anterior, abordamos a situação que antecede a Idade Moderna, e vimos a imagem da Igreja em relação aos ensinamentos. Neste, veremos que em um período de muitas mudanças no aspecto político, ideológico e religioso desenvolveu-se uma forte crítica ao caráter da Igreja. Levando em consideração que essa não mantinha uma prática alinhada ao livro sagrado e suas práticas desviavam-se do espiritual e ligava-se fortemente com o comercial. Assim, lucravam altamente ao ludibriar a fé dos fieis, por meio da simonia, em outras palavras, do comércio de relíquias que diziam ser sagradas, mas em geral falsas e da venda de indulgências, este último tendo uma atenção especial aos que ergueram o movimento protestante.
Falando no comercial, a Igreja era totalmente contra o acúmulo de riquezas de outra classe se não fosse a dela.
Sabemos que a Burguesia se desenvolveu a partir do declínio do Feudalismo e que junto com ela levou uma nova forma de produção. O objetivo dessa classe era a obtenção do lucro e a Igreja condenava essa prática como usura, pois não deveria se comercializar qualquer tipo de produto. Em consequência, muitos empresários enfraqueceram seus negócios, levando em consideração que viviam em uma Europa totalmente movida pela religião. Em continuação, quando apontou-se os primeiros sinais de um movimento reformista, a classe burguesa foi a primeira a apoiar o movimento. Além da burguesia, aqueles países que desejavam uma autonomia maior também apoiaram os reformistas que vamos abordar mais à frente.
O sistema comercial usado pela Igreja era basicamente o seguinte, vendiam-se objetos com o argumento que seriam objetos sagrados. Pedaços da cruz em que Cristo foi crucificado, espinhos que coroaram a fronte de cristo, panos ensanguentados pelo sangue de Cristo, objetos pessoais de santos etc. Foram uma série de fatores que levaram os futuros reformistas a erguer um dos movimentos de maior marca no contexto histórico religioso.
O motivo embasador para o primeiro reformista foi a venda de indulgências, pois o perdão pleno dos pecados estava sendo negociado pelos religiosos em troca de pagamento em dinheiro, ou seja, a Igreja estava desviando-se de seu caráter divino para um caráter profundamente comercial. Isto posto, como sacerdote o monopólio que a Igreja católica detinha estava causando um incômodo ao reformista. O historiador, teólogo e filósofo Gerson Leite de Morais, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, afirma que Lutero promoveu o fim do monopólio católico em relação aos bens de salvação. É indiscutível o papel desenvolvido por Lutero, e claramente perceptível que todas as outras igrejas divergentes da católica foram frutos da ideia luterana. É fundamental sabermos que Martinho Lutero não tinha a intenção de sair da Igreja, mas sim de reformular mesmo que por consequência do processo, o fim foi sua saída.
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