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Fichamento - A Memória e a luta armada

Por:   •  9/11/2017  •  Resenha  •  1.187 Palavras (5 Páginas)  •  728 Visualizações

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Fichamento

Esquerdas revolucionárias e luta armada

Denise Rollemberg

1.A memória e a luta armada

  • A autora inicia o artigo observando que a luta armada se tornou objeto de pesquisa, principalmente depois da divulgação de memórias de militantes e texto jornalísticos.
  • Na década de 1990 muitos documentos que envolvem a luta armada foram divulgados. “Este momento corresponde ao reconhecimento no Brasil da história oral como instrumento teórico-metodológico, o que legitimava o trabalho com entrevistas e depoimentos, enriquecendo as possibilidades de investigação do tema. Da mesma forma, as entrevistas contribuíam para a legitimação da história oral, uma vez que evidenciavam sua importância”.
  • É importante notar que essas pesquisas e memórias estão sendo construídas ao mesmo tempo em que a democracia no país, a autora pontua também o fato de que não houve um rompimento brusco do fim da ditadura, e sim um processo gradual e lento.
  • Existiam ainda muitos resquícios do regime no país, a lei de anistia não contemplava a todos, presos foram libertos por redução da pena (o que mostra uma confirmação da sentença), o projeto de eleições diretas barrado, uma tradição de ensino de história baseada em grandes e homens e no regime militar como democrático. Assim, Rollemberg afirma que a construção da democracia enfrenta diversas dificuldades, pois se dá em um país sem tradição democrática, mesmo antes da ditadura militar.
  • Os fatores contemporâneos ao desenvolvimento da pesquisa sobre a luta armada fazem com que em grande parte das vezes ela esteja inserida nas disputas presentes.
  • A esquerda coloca a luta armada como resposta de resistência ao regime e pela conquista da democracia. No entanto, que ideal democrático pertencia a esquerda? A luta armada já aparecia como opção antes de 1964 para construir o socialismo. Rollemberg defende que o ideal democrático pertencia a burguesia liberal e não as esquerdas que passam a reivindicar isso posteriormente.
  • A autora demonstra discordar das nomenclaturas “golpe militar, ditadura militar” e comenta que René Dreifuss em no início dos anos 80 problematiza esse termo ao mostrar no seu doutorado apoio significativo de civis ao golpe de 64, e chama o golpe de golpe-civil-militar. A historiadora demonstra ter afinidade com esse estudo e aponta que as esquerdas tem dificuldade em admitir que setores da sociedade que não apenas os dominantes compactuaram com o golpe e que o ideal seria chama-lo de movimento-civil-militar.
  • Os anos 60 foram agitados politicamente. Muitos movimentos de esquerda se organizam e surgem aí, existe um “debate radicalizado”, pois, algumas instituições e movimentos também se organizam em torno dos interesses da direita que também crescia.
  • Os movimentos de esquerda não queriam uma restauração do passado pré 64, e sim uma mudança radical na organização da sociedade. A historiografia e a construção de memória da luta armada no período tem se inserido tanto nos debates democráticos dos anos 80 que se esquece disso.
  • O isolamento da luta armada é justificado pela esquerda devido à repressão intensa. Enquanto isso, Rollemberg busca compreender esse isolamento e nota que a esquerda não reconhece que tenha sido por falta de identificação da sociedade com seu projeto.

2. Luta armada

  • A autora começa essa parte se referindo a três livros clássicos sobre a luta armada no Brasil. São eles: O combate nas trevas, de Jacob Gorender, A revolução faltou ao encontro, de Daniel Aarão Reis Filho e O fantasma da revolução brasileira, de Marcelo Ridenti.
  • Gorender apresenta uma perspectiva calorosa de quem participou do processo e escreve em primeira pessoa, não busca imparcialidade. Ele busca entender as duas derrotas nas tentativas de luta armada da esquerda. O primeiro motivo seria o atraso, no lugar de imediatamente após o golpe a esquerda reagir, ela espera o adversário já estar no pode do Estado e das forças armadas. Segundo ele, o golpe foi preventivo para evitar a revolução, a falta de ação da esquerda a derrotou. Com isso ele atribui grande responsabilidade ao PCB pela derrota da esquerda, supervalorizando o papel da vanguarda do partido no processo. Para Rollemberg isso é manter um pensamento da época que via o partido como parte essencial na revolução.

“Em outras palavras, Jacob Gorender desloca as condições revolucionárias da dinâmica social para a vanguarda”.

  • Daniel Aarão Reis Filho, ex-membro do MR-8,         procura entender a luta armada. Aponta que a influência do movimento comunista internacional tem pouco impacto no Brasil, ela servia mais para legitimar algumas decisões. O historiador discorda de Gorender ao tentar entender as derrotas da luta armada, para ele os erros do partido não tem um papel tão grande, pois, não existia esse caminho por leis históricas, a revolução dependia muito mais da mobilização social. Para ele, existia certa autonomia dos movimentos sociais onde o partido não poderia intervir.

“A classe operária não era por definição revolucionária”.

“O autor rompe com a dicotomia opressor e oprimido tão cara às esquerdas dos anos 1960 e 1970 e que permanece em Gorender”

O historiador privilegia os processos sociais. Não existiu para ele identificação entre o projeto da esquerda e os movimentos sociais.

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