Luis Felipe Alencastro - O Trato dos Viventes (Capítulo 1, O sentido da Colonização)
Por: Matheus Fernandes • 24/4/2016 • Dissertação • 1.121 Palavras (5 Páginas) • 2.341 Visualizações
Luis Felipe Alencastro - O Trato dos Viventes (Capítulo 1, O sentido da Colonização)
Luis Felipe de Alencastro mostra como se deu a formação do Brasil fora do Brasil. Obviamente que aqui ao falar de "Brasil" estou apenas fazendo referência ao território estudado, pois na época não se tinha essa noção o Brasil era apenas colônia de Portugal. O autor fala dessa formação a partir da colonização, como resultado do aprendizado dos colonos, afinal a colonização não foi um processo já pronto. não bastava apenas a presença dos colonos num determinado território para garantir e assegurar a exploração econômica e consequentemente o seu desenvolvimento. É de se entender que a garantia do domínio colonial teria de vir acompanhado do domínio do mercado.
Vamos fazer a seguinte reflexão:
Em termos de colonização percebe-se que sempre que um território é "descoberto" por alguma metrópole, a grande preocupação é criar e se apropriar do excedente econômico na região ocupada. Assim podemos entender também a forma de colonização portuguesa, porém apresentou uma estrutura muito mais complexa. Não foi só chegar, colonizar e pronto.
Toda a estrutura mercantilista foi montada pela coroa portuguesa para se apropriar do excedente colonial do Atlântico Sul. Por que alem do Pau-Brasil, em certo momento da história os colonos resolveram investir no cultivo da cana-de-açúcar, o que ia além do Oceano Atlântico, pois o trabalho com a cana-de-açúcar dependia do tráfico de negros escravizados que vinha da África e o controle desse sistema de tráfico dava a eles grande força no sistema açucareiro na colônia. Esse foi o segredo do sucesso, nesse momento o aprendizado da colonização passou a interagir com o aprendizado do mercado.
E é nesse contexto que o tráfico surge como "alavancagem do Império do Ocidente" este responsável pela modificação de escravidão e escravismo, um sistema que extrapolava operações de compra,transporte e venda de africanos para moldar o conjunto da economia, da demografia, da sociedade e da política da América Portuguesa. Sendo assim o sistema de exploração colonial seria no Atlântico Sul unificado como se não houvesse interrupção, como eu acredito que não havia mesmo. Apesar dessa unificação podemos perceber e classificar os dois lados desse sistema: o lado de cá, onde ficava os enclaves da produção, os engenhos de açúcar, as minas de ouro, os rebanhos bovinos, todos fundamentados no trabalho escravo, e o lado de lá, áreas nas quais se produzia e reproduzia a mão-de-obra servil.
Aprofundando a crítica e o entendimento
Mais do que escrever um livro sobre a história do período colonial vivido pelo Brasil, Luiz Felipe de Alencastro mostra a importância de não analisá-lo como uma época reclusa ou apenas ligando-o às rédeas metropolitanas: é preciso enxergar além. É preciso enxergar um mundo ultramarino no qual a América portuguesa se incluía. A formação do Brasil e o sentido da colonização, vertentes delicadas dos estudos históricos brasileiros e, às vezes, evitada pelos historiadores, são lidadas pelo autor, atual professor titular da cátedra de História do Brasil da Universidade de Paris-Sorbonne e organizador do volume 2, Império – A corte e a modernidade nacional, de 1997, da História da vida privada no Brasil, que procura mostrar como o “Brasil se formou fora do Brasil”.
De início, o autor aponta como formou-se a colonização: ela não era um processo já pronto, mas sim um resultado de aprendizado dos colonos. Em seguida, mudando de margem atlântica, a análise vai à África, focando nas rotas comerciais das caravanas, e como elas foram vencidas pelas caravelas, a partir de análises materialistas e de ideologias cristãs. A "transmigração" negreira do atlântico-sul novamente endossa o coro da impossibilidade de separação das costas atlânticas. Este "miolo negreiro" tinha como centro a capital lusa e Alencastro parte a mostrar como se articulava essa Lisboa com o tráfico de escravos, passando por banqueiros, asientistas e perseguições a cristãos-novos, e apresenta mais uma face ao processo, quando cogita o "comércio triangular negreiro".
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