Medieval - um estudo sobre a História dos Francos
Por: Rollemberg_2 • 6/5/2015 • Dissertação • 457 Palavras (2 Páginas) • 150 Visualizações
Podemos compreender, sob uma ótica contemporânea do que é ser violento, como se davam as justificativas e posicionamentos de determinados acontecimentos e relatos como os que estamos analisando aqui. Assim como, se analisarmos sob uma perspectiva “medieval” do que seria violência poderíamos depreender mais qual é a caracterização do quadro que possuímos da sociedade em questão. Sendo assim, primeiramente, é de muito interesse realizar um estudo comparado entre as vidas de santos (hagiografias) que temos em mãos.
As vidas de Sto. Gall e Sto. Martin possuem coincidências e semelhanças extremamente fundamentais. Vejamos que segunda parte da hagiografia de Gall e no décimo quarto capitulo de Martin há a presença de um enfrentamento físico das figuras frente a pagãos e “ídolos”. O primeiro soube de um templo em que havia práticas pagãs e de adoração que acabaram por resultar em Gall atear fogo no mesmo local. Gall foi perseguido pelos pagãos que freqüentavam tal templo e correu para a proteção do rei acabando por se arrepender em ter fugido durante o incêndio porque assim teria morrido como um mártir. Assim foi também com Martin que ateou fogo em um templo, altares e imagens até se tornarem cinzas. Neste último caso, houve também um efeito que os residentes do vilarejo onde o tal templo pagão ficava acabaram por enxergar a intervenção divina e, sendo assim, acabar por acreditar no Senhor Jesus.
Com estes casos em mente e os acontecimentos relatados, podemos compreender que o que seria hoje visto como um ato de violência e “vandalismo” (atear fogo em templos) acabava obtendo uma legitimidade divina que era proveniente da figura concreta da Igreja Católica por levar a fé cristã e a salvação aos infiéis (como os residentes do vilarejo no caso de Sto. Martin) e também, sem que isso contradissesse o anterior, servir como um combate aos mesmos pagãos (o caso dos perseguidores de Gall).
Como particularidade também na história de Martin encontramos um episódio em que o santo é confrontado por um assassino que, diante da atitude de Martin oferecer seu pescoço para ser executado, acaba retrocedendo pelo temor que sentia a Deus. Além disso, juntamente com o capítulo que relata o caso aqui colocado, observamos uma outra tentativa de assassinato em que a faca do assassino acaba desaparecendo. Também é muito importante notar que muitos pagãos que atentaram contra a vida de Martin acabaram se arrependendo e eles mesmos acabando por derrubar seus próprios templos.
Sendo assim, compreendemos que a violência como nos conceitos atualmente tidos e atualizados tinha uma função muito útil aos usos da Igreja e do Cristianismo. Concomitantemente, entendemos que as tentativas de violência contra aqueles que representariam o Cristianismo eram as verdadeiras formas de violência que se verificavam naquela vigência.
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