O Quebra de xangô
Por: sam5 • 9/7/2018 • Resenha • 942 Palavras (4 Páginas) • 332 Visualizações
O QUEBRA DE XANGÔ
RESUMO
O trabalho a ser apresentado discorrerá sobre a questão da intolerância religiosa e a violência sofrida pelos afro-descentes durante o episódio do quebra de xangô, ocorrido em Alagoas, em fevereiro de 1912, e os reflexos deste dia. Para isto, levarei como base o artigo “Quebra de Xangô”: a questão do ‘outro’ e a violência simbólica, perpassando também pelo contexto político e sua relação com o Quebra.
INTRODUÇÃO
O episódio conhecido como Quebra de Xangô foi um ato de violência praticado em 1º de fevereiro de 1912 contra as casas de culto afro-brasileiras de Maceió e que se estendeu pelo interior de Alagoas. Naquele dia, babalorixás e yalorixás tiveram seus terreiros invadidos por uma milícia armada denominada Liga dos Republicanos Combatentes, seguida por uma multidão enfurecida. Assistiram à retirada à força dos templos de seus paramentos e objetos de culto sagrados, que foram expostos e queimados em praça pública, numa demonstração flagrante de preconceito e intolerância religiosa para com as nossas manifestações culturais de matriz africana.
O episódio provocou não só a desestruturação dos terreiros, que, eram mais de cinquenta em Maceió naquela década, mas, principalmente, interrompeu processos de transformações, integração social e afirmação étnico-cultural e religiosa. Porém, as manifestações religiosas afro-brasileiras persistiam de forma sigilosa e intimidada sem o uso de atabaques, ficando conhecida como Xangô Rezado Baixo.
A opressão sofrida a partir da devassa de 1912 pelos negros em Maceió fez recuar as práticas religiosas e culturais dos afro-brasileiros em Alagoas para o confinamento, causando, provavelmente, uma ruptura religiosa, impedindo o desenvolvimento de uma organização pós-escravocrata da população negra e suas comunidades na região. Essa violenta ação contra o povo de santo tem repercussões contemporâneas e pode ser apontada como uma das fortes causas da invisibilidade de uma prática religiosa que é extremamente expressiva na capital e no interior de Alagoas, pois as pesquisas de estudiosos do tema apontam para a existência de cerca de 2 mil terreiros em todo o Estado.
O JOGO DE INTERESSE POLÍTICO
O “quebra” que culminaria em perseguição de sacerdotes e membros de cultos afros, foi provocado por questões políticas entre partidos governistas no início do século XX. Diante do contexto histórico alagoano em 1912, pode ser constatado que tal repressão estava estreitamente ligada a interesses e disputas políticas entre o governador Euclides Malta, que se mantinha no poder a três mandatos consecutivos, e Fernandes Lima, oposição do então chefe do Estado alagoano. Nesta época Malta foi acusado de práticas de bruxarias, as quais supostamente ocorriam nos terreiros de candomblé. “Foi uma perseguição ao governador Euclides Malta, que tinha ligação com os terreiros e havia recebido até o título de papa do xangô alagoano, o Soba. O interessante é que Euclides era um fervoroso católico”, conta o historiador, médico e vice-presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas (IHGAL), Fernando Gomes. Para Gomes, o episódio do Quebra de Xangô teve grande importância para apressar a renúncia de Euclides Malta, que aconteceu em 13 de março de 1912.
Tia Marcelina, segundo os historiadores, foi a fundadora do candomblé em Alagoas e a então mais famosa mãe de santo do Estado, tida como espécie de mentora espiritual do governador Euclides Malta. Ela se tornou símbolo de resistência e referencia, quando trata-se da pratica afro religiosa em terras alagoanas.
A TESE DE PIERRE BOURDIEU
No artigo de apoio deste trabalho, citado anteriormente, a autora consiste sua dissertação em cima do pensamento de Pierre Bourdieu. A teoria de Bourdieu possibilita o entendimento dos meios de dominação e de como se organizam as práticas dos sujeitos num ambiente desigual, que é o espaço social, no qual se estabelecem relações entre indivíduos que possuem diferentes níveis de acesso à economia e cultura. ”O grupo dominante que detinha o poder estabelecia qual seria a religião, a cultura, a moral e todos os demais padrões que as pessoas deveriam se encaixar, tudo que estivesse além do paradigma imposto deveria ser rechaçado, subjugado, discriminado”.
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