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O ROCK BRASILEIRO E A CONTRACULTURA

Por:   •  26/7/2021  •  Monografia  •  6.808 Palavras (28 Páginas)  •  152 Visualizações

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS-UEMG

UNIDADE DE DIVINÓPOLIS

CURSO DE HISTÓRIA

O ROCK BRASILEIRO E A CONTRACULTURA:

Renato Russo, Cazuza e a década perdida

ÉLCIO BATISTA MATOS

Divinópolis

2021

ÉLCIO BATISTA MATOS

O ROCK BRASILEIRO E A CONTRACULTURA:

Renato Russo, Cazuza e a década perdida

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de História da Universidade do Estado de Minas Gerais, como requisito parcial à obtenção do título de Licenciado em História.

Orientadora: Profa. Dra. Thamara Rodrigues

Divinópolis

2021

RESUMO

O Rock é um dos mais importantes fenômenos de massa do século passado e está associado à imagem e a posturas de “contestação”, “revolução” e “rebeldia”. A consolidação do estilo no Brasil junto à indústria cultural e seu consumo mais expressivo ocorreu nos anos 1980, momento atravessado por tensões e disputas sociais, econômicas e políticas decorrentes da redemocratização e de problemas globais como o fim da URSS. Nesse contexto, emergem no país dois jovens cantores brasileiros: Renato Russo e Cazuza. Os artistas alcançaram sucesso expressivo ao ressoarem “a voz” da juventude brasileira frente aos desafios vividos pelo país. Muitas de suas canções tornaram-se “hinos” dos grupos juvenis. Desse modo, este artigo pretende analisar alguns dos questionamentos de Renato Russo e de Cazuza sobre o cotidiano do cenário político e sociocultural brasileiro, refletindo também sobre o movimento da contracultura no Brasil num momento em que a geração dos anos 80 era vista como uma “geração perdida”.

Palavras-chave: Renato Russo; Cazuza; contracultura; Rock; geração perdida.

1. INTRODUÇÃO

O Rock é um dos mais importantes fenômenos de massa do século XX e está associado a uma experiência contestatória e crítica, atuante na contemporaneidade. Desde os anos 1950 e 1960, especialmente, ele protagonizou importantes eventos na história mundial e brasileira, como, por exemplo: a defesa da liberdade de expressão, a crítica à censura, a contestação de comportamentos sociais e culturais convencionais, dentre outros fatores. Desse modo, o rock mais do que um estilo musical, repercute formas de manifestação de performances estéticas e de ideias políticas e culturais que possibilitam à juventude (tradicionalmente associada ao movimento) a pensar e a interagir no real junto de seus “ídolos” (CARMO 2010).

No Brasil, o Rock tem sua “origem: associada aos anos 1950 e 1960, com a Velha e Jovem Guarda, embora tenha ganhado mais força e “identidade” com a Tropicália, que abriu no fim dos anos 1960 e 1970 a aproximação do Rock (e de outros estilos relacionados à MPB) ao movimento contracultural e marginal. Os anos 1980, por sua vez, marcam a consolidação do estilo no Brasil junto à indústria cultural e seu consumo mais expressivo. O momento é marcado pelo avanço de domínios técnicos e industriais e é atravessado por tensões e disputas sociais, econômicas e políticas decorrentes da redemocratização e de problemas globais como o fim da URSS. Foi nesse contexto, que emergiram no país dois jovens cantores brasileiros: Renato Russo e Cazuza. Os artistas alcançaram sucesso expressivo ao ressoarem “a voz” da juventude brasileira frente aos desafios vividos pelo país. Muitas de suas canções tornaram-se “hinos” dos grupos juvenis. Desse modo, este artigo pretende analisar alguns dos questionamentos de Renato Russo e de Cazuza sobre o cotidiano do cenário político e sociocultural brasileiro, refletindo também sobre o movimento da contracultura no Brasil num momento em que a geração dos anos 80 era vista como uma “geração perdida”. Em outras palavras, procuramos tematizar e compreender os questionamentos realizados por Renato Russo e Cazuza sobre os futuros do Brasil em jogo naquela conjuntura a partir de alguns de suas canções.

A expressão “década perdida” usada muitas vezes para se referir aos anos 1980 está associada a sentidos pejorativos que ativam popularmente, por exemplo, imagem das roupas coloridas e exageradas, brincos gigantes, o Grupo Menudo, o palhaço Bozo – ícones que fizeram sucesso de plateia na televisão e são considerados símbolos de uma década que deveria ser “esquecida”. Mas o termo “década perdida” para se referir aos anos oitenta foi usado na América Latina, não por razões culturais inicialmente, mas por se tratar de um período de forte crise política e econômica para os países dessa região, incluindo o Brasil. No México, por exemplo, essa situação ficou mais visível, uma vez esse país foi marcado pela crise do petróleo e pelo terremoto de 1985, resultando na perda de bilhões de dólares e a morte de mais de 10.000 pessoas. Foi assim que a ideia de “perder dez anos” se espalhou, e passou a ser verbalizada para se referir à experiência política, econômica e social da América Latina (FERNANDES E MORETT, 2018).

As crises econômicas da década de 80 do século XX possuem pontos divergentes no que tange à sua origem. Entre algumas interpretações, destaca-se que com o fim da Guerra Fria não havia mais a necessidade do governo dos Estados Unidos financiar direta ou indiretamente as ditaduras civis-militares dos países que eram seus aliados. Desse modo, o governo americano aumentou os juros para empréstimos afetando a maior parte dos países latinos americanos que durante a Guerra Fria contavam com o fluxo de empréstimos internacionais para o desenvolvimento interno. A alta do petróleo após as crises de 1973 e 1979 também criou um efeito dominó inflacionário, uma vez que o petróleo vendido em dólar influenciava as variantes econômicas

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