PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS ESCOLA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES E HUMANIDADES
Por: Dayse Rocha • 20/3/2019 • Relatório de pesquisa • 910 Palavras (4 Páginas) • 237 Visualizações
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS
ESCOLA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES E HUMANIDADES
Disciplina: Brasil Recente Turma: CO1
Professor: Eduardo José Reinato
Aluna: Dayse de Jesus Rocha
A cidade de Araguari, no Triângulo Mineiro, foi cenário daquele que ficou conhecido como um dos mais graves erros judiciários do Brasil. Em 1937, no mês de dezembro, começou a investigação dos irmãos Naves, acusados de terem assassinado um comerciante local.
As investigações acontecem a todo vapor sob os cuidados do delegado Ismael Benedito do Nascimento, mas uma troca de comando altera o desfecho do caso. De fato, assume o cargo o tenente Francisco Vieira, que dá novos rumos ao inquérito. Após assumir o cargo, Vieira convoca testemunhas, estuda, ouve boatos e conclui que os irmãos Naves eram os maiores interessados no sumiço e morte do primo Benedito. Sem perder tempo, ordena a prisão de Joaquim e Sebastião. Os irmãos e demais familiares passam por sessões de tortura físicas e sobretudo psicológicas. Eles permaneceram presos desde a posse do novo delegado que iniciara a sua criativa invenção ardilosa.
O chefe de Polícia aponta os matadores e forma a opinião pública, certo da proximidade das confissões. Assim, no dia 03 de janeiro de 1938, foi forjada a primeira acusação de peso contra dos Irmãos. Tortura bem-sucedida, continuaram as pressões físicas e morais para simular novos dados acusatórios. Presas para depor, as esposas de Joaquim e Sebastião, não se intimidaram com as pressões do delegado e foram soltas. Ato contínuo, ele mandou prender a Donana. Agredida das mais variadas formas, físicas e morais, na frente e junto dos próprios filhos, ela não sucumbiu. Sustentou a sua verdade.
Libertada, Donana procurou o advogado João Alamy Filho que, fazendo coro à voz do povo e ao seu clamor por justiça em prol do desaparecimento de Benedito, era contra os Irmãos Naves, porque o pouco já ouvido a respeito era o bastante para ele acreditar no crime. Também, o delegado anunciava a coleta de provas, faltando apenas a confissão. Dois dias depois da recusa por parte do advogado, a mãe dos Naves voltou a procurá-lo acompanhada de um fazendeiro amigo – Aleixo Resende –, que se propôs a pagar os honorários advocatícios. Alamy manteve a recusa e expôs ao fazendeiro além dos motivos ditos à Donana, que não tinha interesse no caso por uma questão de ética profissional que o fazia acreditar na experiência do militar e que, portanto, o caso estava bem conduzido e os seus princípios e convicções não eram corrompidos por dinheiro.
Amparados pela coragem materna, os irmãos apanharam, resistiram e não se dispuseram à esperada confissão. Infrutífera mais uma tentativa violenta por parte do delegado. Ana Rosa foi solta. Dirigiu-se à casa de Alamy, não mais pela sua condição de advogado, mas guiada apenas pelo instinto da busca de proteção. Comovido com Donana e convencido da inocência dos dois jovens, que, ante os tormentos todos mantiveram a honra, Alamy resolve atuar na causa e entrar com pedido de habeas-corpus para que os irmãos respondessem em liberdade a acusação. No dia 15 de janeiro era apresentada denúncia contra os irmãos, por parte do promotor, o que cessaria a intervenção do delegado. Mas não! O delegado instaurou outro inquérito, em paralelo ao processo judiciário, para assegurar-se de que as testemunhas, atropeladas, coatas e submissas, repetissem em juízo o que quisessem a polícia. Assim foi até o fim. Ilegal e criminosamente tolerado pelas autoridades civis locais.
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