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Pensamento De John Ruskin

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Por:   •  19/2/2015  •  1.310 Palavras (6 Páginas)  •  430 Visualizações

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Na Inglaterra de meados do século XIX, os movimentos intelectuais em prol da conservação dos monumentos históricos ganharam força a partir do protagonismo de John Ruskin (1819-1900). Seu importante papel como um dos precursores na preservação das obras do passado enriqueceu o conceito de patrimônio histórico, sendo possível afirmar que suas ideias já faziam referências ao que hoje classificamos como patrimônio material e imaterial.

Ruskin foi escritor, crítico de arte, sociólogo, e um apaixonado pelo desenho e pela música. Suas ideias adquiriram maior repercussão no ano de 1849 através do livro The Seven Lamps of Architecture – lançado cinco anos antes do primeiro tomo do Dictionnaire de Viollet-le-Duc –, e no ano de 1853 com The Stones of Venice, onde descreveu sua apologia ao “ruinísmo” como um devoto às construções do passado, pregando o total e absoluto respeito à matéria original das edificações.

Viveu em uma época de dicotomia entre os antigos costumes sociais e os emergentes decorrentes da Revolução Industrial, que devido ao seu acelerado desenvolvimento substituía de forma gradativa o sistema de produção das manufaturas. Sua luta contra os efeitos nocivos da industrialização revelou sua forte ligação com a cultura tradicional.

Podemos compreender a luta de Ruskin contra as modificações desses valores através do seguinte trecho: “no lo sería ahora cuando las inquietudes y los descontentos del presente usurpan en nuestros espíritus su lugar al pasado y al porvenir. La calma misma de la naturaleza nos es gradualmente arrancada” (5).

Ruskin acreditava que a conservação da arquitetura do passado, como expressão de arte e cultura, nos permitiria entender a relação existente entre os estilos arquitetônicos e as técnicas construtivas como a resultante do fruto do trabalho de determinada cultura, utilizando-se da história dessas construções como o veículo de comunicação dos processos de desenvolvimento cultural.

Manter vivo o testemunho cultural do passado no cotidiano da cidade possibilita com que os indivíduos identifiquem nos espaços urbanos, e, nos monumentos históricos, marcos referenciais de identidade e memória. Nos termos de Ruskin (6), “Es preciso poseer, no sólo lo que los hombres han pensado y sentido, sino lo que sus manos han manejado, lo que su fuerza ha ejecutado, lo que sus ojos han contemplado todos los días de su vida”.

Defendia a idéia de que as edificações pertenciam ao seu “primeiro construtor” (7), ou seja, a população de determinada localidade que se tornava herdeira desses bens culturais, estabelecendo uma relação de compromisso social, entre o presente e as futuras gerações, para a preservação das edificações históricas em sua concepção original, evitando assim, atos de negligência e descaso.

De acordo com Ruskin, a integridade das edificações, como um conjunto formal e técnico-construtivo, se tornava o bem de maior valor que se poderia legar às novas gerações. Essa “herança” seria o mecanismo responsável por transferir ao espaço construído, os sentimentos de pertencimento e apropriação de seus valores memoriais.

Para Ruskin, os arquitetos deveriam construir as edificações como se fossem obras de valor histórico em potencial. Desta forma, as construções deveriam causar tamanha admiração em seus “herdeiros” a ponto de virar referência cultural, independentemente de sua excepcionalidade como obra arquitetônica, como mostram as idéias do autor (8),

“Dios nos ha prestado esta tierra durante nuestra vida; no es más que un bien sujeto á restitución. Pertenece á los que vendrán después de nosotros [...] no tenemos el derecho, por actos ó por negligencias, de conducirles á penalidades inútiles, o á privarles de beneficios que estaría en nuestra mano legarles [...] Cuando construyamos diremos, pues, que construimos para siempre [...] Que sea un trabajo por el cual nos estén agradecidos nuestros descendientes; pensemos, colocando piedra sobre piedra, que llegará un tiempo en el cual estas piedras serán conceptuadas sagradas porque nuestras manos las tocaron y que los hombres dirán considerando la labor y la materia trabajada: !Mirad. He aquí lo que nuestros padres hicieron para nosotros! La mayor gloria de un edificio no depende, en efecto, ni de su piedra, ni de su oro. Su gloria toda está en su edad [...]”.

Entendia a Arquitetura como uma expressão forte e duradoura capaz de se eternizar carregando em si uma enorme carga de valor histórico e cultural. Ruskin defendia a ideia de que as edificações deveriam atravessar os séculos de maneira intocada envelhecendo segundo seu destino, lhe admitindo a morte se fosse o caso. Com algumas exceções permitia pequenos trabalhos de intervenção (9) que evitassem a queda prematura das edificações.

Do mesmo modo, recomendava a execução de reforços estruturais em elementos de madeira e metal quando estes estavam em risco de se perder, assim como reparos pontuais de fixação ou colagem de esculturas em risco de ruir, mas de maneira nenhuma admitia imitações, cópias e acréscimos.

Para Ruskin o edifício só ganhava vida, tornando-se reconhecido como algo de valor, após ter servido de testemunho da morte de várias gerações,

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