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RESENHA CRÍTICA DO CONTO: “JOSEFA DE STA. MARIA NAS ILHAS DE CABO VERDE PELO PILOTO DIOGO GOMES PELO GENOVÊS ANTONIOTO USODIMARE, COMPANHEIRO DE CADAMASTO NO ANO DE 1460”

Por:   •  9/11/2018  •  Resenha  •  1.228 Palavras (5 Páginas)  •  454 Visualizações

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BEATRIZ DIEHL, GABRIEL SARAIVA, GUSTAVO OLIVEIRA, JANAINA MARTINS e MATHEUS CANTARANI

Curso: Ensino Médio Classe: 2A

RESENHA CRÍTICA DO CONTO: “JOSEFA DE STA. MARIA NAS ILHAS DE CABO VERDE PELO PILOTO DIOGO GOMES PELO GENOVÊS ANTONIOTO USODIMARE, COMPANHEIRO DE CADAMASTO NO ANO DE 1460”

De Orlanda Amarílis

CAMPINAS

2018

O conto de Josefa de Sta. Maria, de Orlanda Amarílis, retrata de forma irônica o período após a chegada dos portugueses no arquipélago de Cabo Verde entre 1460-62. A história se passa na ilha de Santiago, no século XVII.

Segundo o historiador Victor Barros, as primeiras ilhas a terem contato com europeus, em 1460, foram Santiago, Maio, Boavista, Sal e Fogo, pelos navegadores Diogo Gomes e Antônio de Noli. Mas logo no título a autora do conto problematiza a questão de quem atracou primeiro nas ilhas africanas, indicando que foi o navegador genovês Antonioto Usodimare a ter as "descoberto" antes dos portugueses.

De acordo com a pesquisadora Bertelina Brito, após tomar conhecimento das outras ilhas, a coroa portuguesa incentivou a ocupação do território por estar perto do continente africano, onde comercializavam produtos e pessoas escravizadas em guerra. Sendo assim, era um ponto estratégico para abastecimento e descarregamento de navios com mercadorias e suprimentos.

Segundo o historiador Francisco Aimara Ribeiro, o povoamento ocorreu pelo sistema de capitanias hereditárias onde D. Afonso V entregou as ilhas a D. Fernando, seu irmão, como mercês. Depois da morte de D. Fernando, parte das ilhas continuou com a família real e outra parte foram doadas a colonos da baixa nobreza portuguesa. Os quais se interessaram pela ocupação porque poderiam enriquecer com o cultivo das terras e a isenção de taxas sobre o comércio de mercadorias. De tal modo, poderiam acessar cargos políticos e garantir seus interesses.

O pesquisador aponta que inicialmente o projeto colonial propunha a exploração agrícola da região, porém por conta do clima semiárido, com baixo regime de chuvas e o solo vulcânico, as culturas trazidas da Europa, como o trigo, hortaliças e uva, não prosperaram no território, exceto a cana-de-açúcar que funcionou em algumas áreas. Isso é retratado no conto quando a personagem Josefa de Sta. Maria apresenta que as pessoas escravizadas recebiam alforria, porque vários colonos não tinham meios de sustentá-los e alimentá-los devido à falta de chuvas. Além disso, relata que não tinha morada fixa, estava sempre buscando melhores condições e muitas pessoas fugiram da ilha de Fogo para a de Santiago, por causa do cenário caótico.

Além da questão da fome, a região contava com doenças e vetores completamente diferentes da Europa, agravando a situação. Nas cartas, é descrito todo o sofrimento do casal nobre com as doenças e insetos. O marido, capitão donatário, teve diarreia e espichos e Josefa sofria com vômitos, dores, febres e bicho-de-pé. Esperavam que a mudança de ambiente ajudasse e foram para um sítio no interior da ilha. Um almoxarife desembarca em Santiago para curá-los com ervas e raízes do local, mas não faz o tratamento. Mais tarde, o liberto que trabalhava para a fidalga, que tinha conhecimentos medicinais locais, trata o bicho-de-pé de Josefa com a purgueira, uma planta típica da região que começou a ser cultivada pelos colonos.

Francisco Ribeiro indica que as culturas existentes na África como a purgueira, milheto, arroz, algodão e urzela (retratado como corante para tingir os vestidos de Josefa no conto) funcionaram em Cabo Verde; assim como a criação de gado, caprinos e equinos, depois trocados nas feiras com representantes de reinos africanos no Golfo da Guiné.  

Todavia, a venda desses gêneros que se desenvolveram nas ilhas não era rentável o suficiente. Por isso, de acordo com Ribeiro, os comerciantes se especializaram no comércio de pessoas escravizadas, enriqueceram e mais tarde acessaram os cargos políticos nas câmaras, ouvidores, capitães de portos, como narrado no conto. A mão de obra escravizada era utilizada na construção de infraestrutura, portos, prédios administrativos, no carregamento, cultivo e produção das mercadorias. Entretanto, como retratado no conto, haviam também escravizados livres que decidiram sair de Madeira porque seus salários não eram suficientes para proporcionar seu sustento e, quando chegavam em Cabo Verde, “influenciavam” os cativos a reivindicar pagamento pelo seu trabalho.

Como descrito nas cartas, a população deveria se preocupar com os corsários estrangeiros, principalmente holandeses e castelhanos, que chegavam no arquipélago estabelecendo contatos e alianças com comerciantes e administradores das vilas e depois de ganharem a confiança dos colonos, saqueavam, bombardeavam vilas e traficavam mercadorias e pessoas.

A personagem Josefa relata que muitos eram escravizados e trazidos da Guiné e Senegal e não se entendiam entre si, nem com os colonos, mostrando a diversidade de povos do continente; fato ignorado pelos europeus. O mesmo se aplica ao preconceito criado sobre a religião destes povos, que são considerados impuros e pecadores pelos europeus católicos, que acreditavam que eles praticavam bruxaria e artes demoníacas. Desse modo, quando chegavam à colônia, bispos tentavam expurgar seus pecados, convertendo-os em cristãos, os transformando em homens bons e os deixando menos rebeldes para que parassem de se recusar a trabalhar; indicando forte ligação entre a igreja Católica e o plano de exploração da Coroa portuguesa.

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