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RESENHA CRÍTICA: “O declínio do Império do Mali” de LY-TALL, Madina.

Por:   •  17/10/2019  •  Resenha  •  1.376 Palavras (6 Páginas)  •  328 Visualizações

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CURSO DE HISTÓRIA

CAMILA FERNANDA DE SOUZA GONÇALVES

RESENHA CRÍTICA: “O declínio do Império do Mali” de LY-TALL, Madina.

BELÉM PARÁ – 2019

Resumo da Obra

A autora Madina Ly-Tall – no volume IV correspondente A África do século XII ao XVI, de 896 páginas, que integra a coleção História Geral da África, editada por Djibril Tamar Niane, organizada por iniciativa da UNESCO e divulgada no Brasil em segunda edição no ano de 2010 em parceria com o Ministério da Educação (MEC), aborda em seu texto O declínio do Império do Mali a trajetória política, econômica e cultural de um dos maiores impérios africanos que perdurou até o inicio da idade moderna.

Madina Ly-Tall nasceu em 25 de Abril de 1940 em Bandiagara (território Dogon), Madina é filha de um professor descendente do fundador do Império Toucouleur e de mãe governanta na família real de Macina. Ativista, militante e estudiosa sempre esteve envolvida no combate a regimes ditatoriais no Mali. Ganhou bolsa de estudos na França, manteve alianças com movimentos estudantis, comunistas e integrou o PAI (Partido da Independência Africana). Formou-se em História na França onde fez pós-graduação na Sorbonne. Professora, pesquisadora e embaixadora do Mali na França, hoje aposentada. Suas referências que possivelmente influenciaram em seu campo de pesquisa estão intrinsecamente relacionadas com a sua História direta e afetiva com o Mali e o contato com estudos Pan-Africanistas.

O declínio do Império do Mali compõe como já mencionado o IV Volume da coleção de História Geral da África onde a autora estrutura sua narrativa partindo de uma introdução que faz um apanhado sobre a derrocada do  Império do Mali, desde já expondo a diversidade nas fontes, sendo elas de viajantes e comerciantes Árabes, Portugueses e pertinentes a tradição oral do povo Mali. Madina também expõe a questão de fontes ainda em pesquisa que poderiam contribuir para história dos reinos Manden e suas relações com os outros reinos.

Prosseguindo, no tópico sobre os Tuaregues e os Berberes é possível compreender as relações conflituosas entre estes e os Manden resultando na perda de territórios e consequentemente de áreas de negociação comercial, motivadas por conflitos internos aos Manden por disputas na sucessão do poder. Como resultado houve deslocamento no comércio para o litoral com as negociações fruto do comércio transatlântico com os Portugueses.

Sobre As províncias ocidentais a autora deixa subjacente a configuração política e comercial no litoral onde se localizam as províncias da Senegalândia o que se deve ao fato de Mansa Musa I ter despertado o interesse de outros povos após suas viagens e peregrinação a Meca, demonstrando a riqueza aurífera do Império Mali e do continente africano.

A despeito do Comércio, era baseado, sobretudo nas trocas de produtos como tecidos, metais como a prata e o cobre, fibras, algodão e pelo ouro que se

concentrava nas minas do Berem, centro do Império Mali, e percorria a rota transaariana no comércio com os mulçumanos e posteriormente também com os portugueses. Estes últimos intensificaram a troca de cavalos por escravos. A autora cita que em pouco tempo, a partir da inserção portuguesa nas relações comerciais, o número de cavalos trocados por escravos aumentou significativamente de um por oito para um para quinze.

Em relação à Agricultura e criação (de animais) Madina Ly-Tall descreve um bioma fértil de florestas densas e rica em caça. Bem irrigada pelo rio Gâmbia o que favorecia a plantação de algodão e de arroz.

Na Sociedade e costumes do Manden ocidentais a organização familiar era matrilinear, ou seja, pela descendência materna. Este sistema também regia o esquema político de sucessões ao poder Real. Outra característica evidenciada pela autora neste tópico era a tradição religiosa que constituía as relações sociais. Mesmo a maioria dos chefes se convertido ao Islã, costumes como punições por feitiçaria – também uma maneira de se conseguir escravos – envolvendo a agricultura e a caça, fosse à busca por fertilidade dos solos para se obter boas colheitas ou na explicação mágica que envolvia o caçador e seus conhecimentos sobre a floresta e o trato com o animais, a ritualística religiosa tradicional persistia.

Nos subtópicos de A emergência dos Fulbe: ameaça as províncias ocidentais do Mali; os Tenguella (1490-1512); a conquista do reino de Zara (Diara); a conquista do Futa-Toro e do Diolof (Wolof); É traçada a imposição e as conquistas dos Fulbe, a partir de Tenguella e de seu filho e sucessor Koly. Os Tenguella constituíram os estados Fulbe. Primeiramente nômades submeteram-se as chefias locais e a partir da criação e comércio de cavalos e de gado, também atraídos pela fertilidade da região dos reinos ocidentais do Mali foram se estabelecendo nesses espaços e se sedentarizando. O que imprimiu um período de guerras contra o Império Mali que tinham cada vez mais suas relações comerciais sufocadas pela presença portuguesa no litoral (a oeste), pelo corredor conquistado pelos Fulbe que se estendia do Futa-Toro no noroeste do Sudão ocidental até o sudoeste no Futa – Djalon e pelos Songhai no Reino de Zara.

A relação entre o Mali e os Portugueses: Mansa Mahmud II e Mansa Mahmud III demonstra que a relação política que se travava ocorria por conflitos motivados pelos Portugueses através de negociações com chefias que favorecidas por estes adquiriam meios de se emanciparem dos tributos e obrigações relativos ao Império Mali. Isto enfraquecia e minava o poder do Império. O reino de Salum foi um exemplo de reino que se emancipou e atingiu grande organização política e militar.

Encerrando com o último esforço do Mali: derrota do Mansa Mahmud IV diante de Djenne, em 1599 a autora finaliza narrando a traição do chefe Bambara

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