Resenha Crítica sobre Émile Durkheim
Por: carlos-now • 21/2/2016 • Resenha • 1.433 Palavras (6 Páginas) • 5.115 Visualizações
Émile Durkheim
Nascido na cidade de Épinal, no noroeste da França, Émile Durkheim veio ao mundo em 1858 e tornou-se um dos maiores sociólogos de todos os tempos, aclamado por obras em que abordava a educação como um fato social. Aos 21 anos de idade, Durkheim ingressou na Escola Normal Superior de Paris em 1879, formando-se como Filósofo em 1882 e tornando-se o primeiro professor na França de ciência social, na Faculdade de Letras de Bordeaux. Foi a partir disso que ele começou a estudar sobre a sociologia. Durkheim é considerado um dos pais da Sociologia como matéria acadêmica e responsável por torná-la aceitável como ciência social. Ao longo de sua obra, podem ser encontrados os mais diversos estudos sociais acerca de educação, crimes, religião e suicídio.
Nascido em uma família de judeus, Durkheim era declaradamente agnóstico. Sempre foi contra a educação religiosa e acreditava no método científico como a principal maneira de desenvolver o conhecimento. Muitos de seus estudos, inclusive, procuram expor que os fenômenos da religião possuíam origem em acontecimentos sociais.
Além de professor de ciências sociais, Durkheim lecionava pedagogia na Faculdade de Letras de Bordeaux. Seus alunos costumavam ser professores do ensino primário. E apesar de serem atividades distintas, Durkheim não dividiu-se entre as ciências sociais e a pedagogia por acaso. O sociólogo então abordou a educação como um fato social: "Estou convicto de que não há método mais apropriado para pôr em evidência a verdadeira natureza da educação" (Émile Durkheim). Mas o que seria o fato social? De acordo com Durkheim (1895):
É fato social toda maneira de agir, fixa ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior; ou então ainda, que é geral na extensão de uma sociedade dada, apresentando existência própria, independente das manifestações individuais que possa ter.
Para Durkheim, portanto, o fato social possui uma realidade objetiva que pode ser destrinchada como um físico que estuda o mundo físico. O fato social possui três características "sagradas", a saber: generalidade, externalidade e coercitividade.
Durkheim acreditava que os elementos da sociedade, como a religião e a moralidade, eram consequências históricas, pois os mesmos não possuíam quaisquer origens transcendentes e fazem parte do mundo natural, que pode ser cientificamente estudado. Para Durkheim, a sociologia é “a ciência que estuda as instituições, sua gênese e o seu funcionamento”. Para ele, uma instituição significa "todas as crenças e todos os modos de conduta estabelecidas pela coletividade".
Segundo Durkheim, a sociedade não é simplesmente constituída por um várias de pessoas que vivem em mesma região do globo, mas deve ser definida como "um conjunto de ideias, crenças, sentimentos de todos os tipos, que são realizados por indivíduos". Ela expõe uma realidade que é criada quando os indivíduos atuam uns sobre os outros, tendo como consequência a união da consciência de cada ser humano. Esta realidade é sui generis, ou seja, ela é reduzida aos seus componentes, e não pode ser explicada, a não ser através dela mesma.
O resultado da união das consciências de cada ser humano é a consciência coletiva, termo utilizado por Durkheim para demonstrar a realidade psíquica da sociedade. Foi visando analisar o conteúdo da realidade psíquica que Durkheim postulou o conceito de fato social, anteriormente mencionado.
Durkheim vinculou o princípio de socialização ao processo em que o ser humano internaliza muitas das características dos fatos sociais, desde o começo da sua educação. Vale ressaltar que os fatos sociais são fenômenos externos ao sujeito e existem sem que sequer saibamos de sua existência. O processo de internalização dos fatos sociais, possibilita uma usualidade em conviver com eles, devido a habituação costumeira.
Os fatos sociais não devem ser modificados devido a declaração de vontade, uma vez que para reconhecer um fato social é preciso determinar a resistência quanto a mudança de uma coisa. Outra maneira de determinar um fato social, consiste na estatística. O fato social deve ser capaz de representar "um certo estado de espírito coletivo", e por isso, fatos com incidência baixa ou com habitualidade não devem ser reconhecidos como fatos sociais normais.
Durkheim dedicou-se fortemente a coercitividade no início de sua carreira, entretanto, com o passar dos anos e com o amadurecimento dos seus trabalhos, o sociólogo se sentiu na liberdade de explorar previamente outras característica, tendo o termo "obrigação" sido quase extinto de suas mais recentes publicações.
Ao conceituar o fato social, o principal objetivo de Durkheim é expor como a sociedade, por meio de eventos sociais, exerce influência sobre o pensamento e as ações de um indivíduo. Durkheim mostra, através de seus estudos, uma análise sociológica do fato social. Ele procura analisar fatores como a tecnologia, a demografia, a comunicação e o transporte e, como eles podem alterar a consciência de toda uma sociedade. A obra "O Suicídio", por exemplo, procura provar que o fato social que intitula o estudo está condicionado a uma série de fatores sociais.
O passo seguinte à definição do que é fato social, foi impor regras ao próprio estudo. A mais importante delas, é tratar os fatos sociais como coisas, uma vez que esta “se opõe à ideia, como se opõe entre si tudo o que conhecemos a partir do exterior e tudo o que conhecemos a partir do interior” (Émile Durkheim). Logo, primeiramente é necessário definir o objetivo social para dar legitimidade ao seu trabalho, para distingui-lo da ideia.
Como dito anteriormente, Durkheim foi responsável por estabelecer a nova disciplina da sociologia, e para isso, demonstra a seu intuito de introduzir uma metodologia específica para garantir sua especificidade científica: "uma forma de fazer ciência é a ousadia, mas com método" (Émile Durkheim). Durkheim era objetivo. Para ele, a observação deve ser o mais impessoal possível, livrar-se de preconceitos para evitar a distorção perceptiva. O fato social deve ser comparado a outros fatos sociais. Desta maneira, o estudo dos fatos sociais é objetivo e independe do estudo psicológico dos indivíduos.
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