Resenha: Os povos indígenas sobre a percepção arqueológica e antropológica
Por: castajuaneda • 10/6/2018 • Resenha • 924 Palavras (4 Páginas) • 306 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
Curso de Bacharelado em Antropologia
Disciplina de Pré-história Brasileira I
Caroline Borges
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Resenha
Os povos indígenas sobre a percepção arqueológica e antropológica
Andrei Osório Brettas
Pelotas, 2018
Os povos indígenas sobre a percepção arqueológica e antropológica
Em "Os índios antes do Brasil", de Carlos Fausto, somos introduzidos a um amplo campo de reflexão sobre o contexto arqueológico e antropológico que envolve os povos indígenas que habitaram a America do sul e as suas organizações sociopolíticas. Como "amplo", entende-se a proposta do autor de não trazer verdades absolutas, mas meditar sobre a construção da história e seus mediadores.
A leitura começa com o propósito de conduzir a percepção do leitor para dentro do contexto do livro, persuadindo-o a se pôr na posição de alguém que, antes de Cabral, obteve a oportunidade de explorar a América do sul de ponta à ponta. Neste enredo, somos conduzidos a uma reflexão relativa ao quão pura pode ter sido a avaliação dos escritos providos da época da colonização, tendo em vista que os povos indígenas eram postos como selvagens, de compreensão limitada.
A partir desses preceitos, é imprescindível que a nossa avaliação deva estar atenta aos deslizes cometidos pelos intermediários da história, os quais inspiram a nossa construção do passado.
Além disso, o texto enfatiza como as áreas de clima tropical do Brasil desfavorecem a disponibilidade de registros históricos, por dificultar a conservação dos mesmos.
Quando se coloca em pauta assuntos relacionados aos incas, por exemplo, pode-se observar, a partir da escrita de Fausto (2000), que pesquisadores como Julian Steward presumem que uma cultura se torna inferior a outra quando apresenta "tecnologia de subsistência muito rudimentar e carece de instituições políticas" (FAUSTO, 2000, p.11), como é visto em Handbook of south american indians (HSAI). Isso provêm de uma percepção que exclui o fato de que talvez essa cultura, concebida como elementar e selvagem, pode, a partir das suas diversas formas de lidar com o todo, ser muito mais complexa do que o conhecimento de um pesquisador, limitado a uma visão eurocêntrica, possa compreender.
A classificação dos povos Jê como marginais, em HSAI, por Steward, carrega uma suposição teórica que desqualifica todo o complexo meio de sobrevivência dos Jê, limitando a possibilidade da elaboração de um novo contexto antropológico para os índios do Brasil, trazendo, novamente, o olhar dos portugueses sob os Tupinambás, julgando-os como povos selvagens que necessitavam de uma reforma política. Aqui percebe-se a importância que Antropólogos e Arqueólogos devem desempenhar ao manter um olhar neutro sobre seus objetos de pesquisa, como acontece quando Curt Nimuendaju e Claude Lévi-Strauss quebram com as teorias de Steward, representando os Jê como "praticantes de uma sofisticada economia bimodal, que combina períodos de dispersão com outros de agregação em grandes aldeias, estruturadas internamente por um conjunto de metades cerimoniais, por grupos etários e por segmentos residenciais" (FAUSTO, 2000, p.62).
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