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Tragedias Gregas

Por:   •  28/7/2016  •  Ensaio  •  686 Palavras (3 Páginas)  •  202 Visualizações

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Faculdade de Filosofia – Universidade Federal de Goiás

Disciplina: Metodologia da Pesquisa em Direito

Prof.°: Edem Vaz

Acadêmico: Gunnar Berg Barbosa Ramos

Goiânia, 19 de junho de 2016.

VERNAT, Jean-Pierre; NARQUET, Pierre Vidal. Mito e Tragédia na Grécia Antiga.  São Paulo: Editora Brasiliense, 2010. p. 19-76.

Ao se deparar com as tragédias Gregas, os Helenistas só encontraram incidentalmente e, de modo superficial trataram um aspecto essencial na compreensão do que se pode entender sobre tragédia: O contexto. E por contexto entende-se um contexto psicológico do homem grego que perpassa suas estruturas de categorias e representação do mundo, e que nos torna tão distantes da inteligibilidade desse modo de pensar os fenômenos.

Não basta alargar o sentido da obra tal qual entendemos, é preciso entender a tragédia como uma vocação própria. Não se pode, equivocadamente, entender a tragédia como uma forma de arte. Apontam Vernat e Narquet:

“É uma instituição social que, pela fundação dos concursos trágicos, a cidade coloca ao lado de seus órgãos políticos e judiciários. Instaurando sob a autoridade do arconte epônimo, no mesmo espaço urbano e segundo as mesmas normas institucionais que regem as assembleias ou os tribunais populares, um espetáculo aberto a todos os cidadãos, dirigido, desempenhado, julgado por representantes qualificados das diversas tribos, a cidade se faz teatro; ela se toma, de certo modo, como objeto de representação e se desempenha a si própria diante do público.” Pág. 23.

Nesse sentido, a tragédia se mostra como enraizada na realidade social, não como um mero reflexo desta, mas problematizando-a. A encenação traz a tona uma história lendária, que para a cidade, constitui o seu passado. A ambiguidade entre o mundo mítico e o atual olhar de cidadão faz com que, ao mesmo tempo em que se dissolve o mito, questiona-se os valores fundamentais do mundo da cidade.

Há um debate com um passado ainda vivo nas obras trágicas, elemento a ser observado na interpretação das mesmas.

Quanto à cena trágica, dois elementos constituem uma tensão: o coro e a personagem herói. O coro é uma personagem coletiva constituída por um colégio oficial de cidadãos e exprime os sentimentos dos espectadores que integram a vida cívica. A figura do herói, por outro lado, é mais ou menos estranha à condição do cidadão. Neste espaço de tensão se desenvolve um questionamento, sempre nessa perspectiva de consciência trágica.

Na tragédia ocorre um tipo de jogo, que se desenrola em espaços de decisões entre o agir e o não agir, sem saber a certa medida das consequências dos seus atos, pois a ação humana é uma espécie de desafio ao futuro, ao destino e à si mesma, além de um desafio aos deuses. O homem sempre corre o risco de cair na armadilha de suas próprias decisões. Os deuses são incompreensíveis e tão ambíguos quanto à própria situação da sua demanda.

O agir, nessa perspectiva, aborda um caráter intrínseco, como espaço de decisão entre as opções possíveis; mas também aborda a fortuna, o desconhecido o sobrenatural. A dúvida acerca de em que medida o homem é realmente fonte de suas ações surge. A responsabilidade no sentido trágico surge quando a ação dá lugar ao interior do sujeito, à premeditação.

Para o homem contemporâneo, a vontade constitui uma das dimensões essenciais da pessoa. Essa perspectiva entende a vontade preeminentemente como origem, causa produtora de todos os atos que dele emanam.  A naturalidade com que se assimila essa ideia leva a estranheza ao se perceber que não há termo correspondente para “vontade” no Grego. Percebe-se que “A vontade não é um dado da natureza humana. É uma construção complexa que parece tão difícil, múltipla e inacabada como a do eu, com a qual é em grande parte solidária” p. 43.

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