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DA TRAGÉDIA GREGA DE EURÍPIDES À TRAGÉDIA BRASILEIRA DE GOTA D’ÁGUA: O ENCONTRO DE MEDÉIA COM JOANA

Por:   •  17/6/2022  •  Trabalho acadêmico  •  4.904 Palavras (20 Páginas)  •  111 Visualizações

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DA TRAGÉDIA GREGA DE EURÍPIDES À TRAGÉDIA BRASILEIRA DE  

GOTA D’ÁGUA: O ENCONTRO DE MEDÉIA COM JOANA

 

  1. Introdução  

 

 

O teatro é uma das que vem desde Antiguidade, e que faz partes de quase todos povos, geralmente tem um caráter mítico-religioso; com início pelo teatro medieval; também o Renascimento; a época do barroco; também podemos colocar aqui a tendência realista ou a naturalista; sem esquecer do teatro épico de Bertold Brecht no início do século XX; e ainda o teatro do absurdo de Samuel Becket e o pós-dramático do fim do século XX. Já no Brasil, podemos dizer que iniciou com Padre José de Anchieta que fazia um teatro evangelizador, passou pelas comédias de costume no século XIX, e pelo o teatro de revista do século XX, e assim chegar ao seu auge com o teatro moderno e função político-social protestante. Então, o teatro foi vivenciado nos períodos da história da humanidade, tendo funções importante, com aspectos próprio, assumindo estéticas, e conforme o passar do tempo vai se inovando e acompanhando a evolução humana. Portanto, não ficou sem representar culturalmente o homem que vive em cada época.  

O teatro grego começa a ser feito a partir da religião politeísta e o culto aos deuses e semideuses, em especial a Dioniso, deus do vinho, da vegetação, da fertilidade e da fartura agrária. Para que as peças tenhas um bom enredo, há uma busca incessante pelos mitos de heróis e na genealogia de famílias que tem uma raiz nobre da região. De acordo com Brandão (1992), a liturgia no teatro não impediu de se focalizar os problemas do homem:  

Um teatro que, sem deixar de ser litúrgico, embriagou-se no belo para celebrar o homem. Não apenas o homem grego, mas o homem universal, porque, na medida em que o mito, que é do domínio da história, quer dizer, do domínio do particular, se transmuta em fábula, que é do domínio da poíesis, isto é, do domínio do universal, o teatro grego deixa de pertencer à Grécia para ser do mundo. (BRANDÃO, 1992, p. 7-8)

 

Segundo Souto (1998), a capacidade dos teatros eram em mais ou menos uma aproximação de vinte mil pessoas e quando tinham  os eventos como os concursos dramáticos, esses teatros eram completamente lotados. Com surgimento da tragédia é estabelecido uma relação como próprio surgimento do drama, a partir da evolução das pioneiras danças de rituais, e até mesmo o canto ditirâmbico, os quais, juntando tudo  aos culto a Dioniso e o mito, há uma transformação na essência.

Brandão (1992)  aponta uma transformação que ocorreu aos adoradores de Dionisio, que teve um processo de euforia ou êxtase em que um simples mortal, surgiu com a imortalidade, ficando ao posto de herói  

No decorrer no Século V a.C, foi auge da tragédia grega clássica, este século é também conhecido como Século de Ouro ou Século de Péricles. Portanto nessa época é onde acontece às produções dos três tragediógrafos mais conhecidos: Ésquilo, Sófocles e Eurípides. Mas, Eurípedes só foi reconhecida depois de um bom tempo, pois no início suas obras eram motivos de chacotas, recebia muitas críticas de Aristóteles. De acordo com Romilly (1997), com o fim da grandeza Atenas a tragédia teve seu fim decretado. E então, no reinado de Adriano, as trinta e duas tragédias que são reconhecidas atualmente, de autoria do poetas citados anteriormente, foram resgatadas. São essas peças que testemunham a evolução da tragédia enquanto gênero dramático, elas também mostram um pouco da história e da evolução da sociedade grega da época.  

A Arte Poética de Aristóteles e os pressupostos teóricos da tragédia

 

Aristóteles que foi reconhecido com precursor da teoria literária ocidental, estabelece os pressupostos do discurso literário, e que assim, a partir da Arte Poética, que é tratada principalmente da tragédia e da epopéia. Para Aristóteles, o gênero dramático se divide em tragédia e comédia, pois tinha um conceito de imitação das ações – representando o real, o mito e a catarse que são a base de sua teoria. A tragédia, acima de tudo, considera-se, dentro da classificação de

Aristóteles, como um gênero maior, pois “trata-se de uma representação de ações de homens de caráter elevado (objeto da imitação), expressa por uma linguagem ornamentada (meio), através do diálogo e do espetáculo cênico (modo), e visando à purificação das emoções (efeito catártico), à medida que suscita o temor e a piedade no espectador.” (COSTA, 2006, p. 18

O enredo de mito, fábula, faz parte de toda estruturação dos acontecimentos, a imitação da ação, que se realiza pela atuação “dos atores os quais são condutores de caracteres – qualidades: virtudes ou vícios – e pensamento, demonstrando ou exprimindo opinião por meio de palavras.” A tragédia tem seis partes: o enredo (ou mito), os caracteres e o pensamento – que fazem parte do objeto da imitação, internos –, a elocução e a melopéia (música) – que são os meios –,  e espetáculo – o modo –, ambos externos.  

Mas o mais importante de todos é a estruturação dos acontecimentos. É que a tragédia não é a imitação dos homens mas das ações e da vida (tanto a felicidade como a infelicidade estão na ação, e a sua finalidade é uma ação e não uma qualidade: os homens são classificados pelo seu caráter, mas é pelas suas ações que são infelizes ou o contrário). Aliás, eles não atuam para imitar os caracteres mas os caracteres é que são abrangidos pelas ações. Assim, os acontecimentos e o enredo são o objetivo da tragédia e o objetivo é o mais importante de tudo. Além disso, não haveria tragédia sem ação, mas poderia haver sem caracteres. (ARISTÓTELES, 2004, p. 49 

 

Medéia: A tragédia das paixões desmedidas  

 

O mito de Medéia é constituído pelo entrelaçamento de outros dois mitos ou lendas da mitologia grega, o Velocino de Ouro e a expedição dos Argonautas. Ambos têm, em Jasão, a figura central. Como toda a lenda, proveniente da tradição oral, o mito de Medéia e de Jasão sofreu inúmeras mudanças. As diferentes facetas da figura de Medéia ressoam um passado de cultos já distantes, mesmo em relação à época clássica. A imagem da personagem paira desde produções que mantém o tom trágico clássico até dramaturgias e encenações que procuram desconstruir o mito e sua protagonista. Faz-se importante refletir que, há mais de dois mil anos, a mulher infanticida está sendo representada de acordo com o contexto em que está inserida, não se limitando apenas às páginas de livros e aos palcos, expandindo-se para outros gêneros e modalidades artísticas. Do drama para o lírico e o romance; do teatro para as artes visuais e para o cinema, na legítima rede de intertextualidade que foi se estabelecendo desde a peça precursora de Eurípides, em 431 a.C..  

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