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Uma Historiografia dos Vencidos: Sobre o que não fizemos ainda

Por:   •  23/12/2022  •  Resenha  •  695 Palavras (3 Páginas)  •  103 Visualizações

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Referência bibliográfica: RODRIGUES, Thamara. Uma historiografia dos vencidos: sobre o que não fizemos ainda. In.: Antes do Cânone. Abreu e Lima e as disputas pela escrita e pelo futuro do Brasil. Rio de Janeiro: Apeku, 2021.

        A prática historiográfica no Brasil do século XIX foi vinculada pragmaticamente à construção da identidade nacional e às instituições que contribuíram na definição dos discursos, debates e protocolos. Uma delas foi o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), que surge no final de 1830, sendo um espaço formalizado e aliado com o Estado liberal-conservador naquele momento em consolidação.

        O IHGB tinha como tarefa organizar a história e memória particular do Brasil consideradas importantes para a construção de sua nacionalidade. Apesar da pluralidade do IHGB nas práticas de escrita da história, não o impedia de selecionar autores e estilos narrativos canônicos mais que outros.

        Com base na expansão do olhar para além do IHGB, sem retirar sua importância, os estudos historiográficos dos últimos anos buscam ampliar a escrita da história do Brasil, desconstruindo de uma historiografia memorialista que reafirma autores e textos canônicos institucionalizados.

        Thamara Rodrigues propõe através desse artigo debater a figura do escritor e general José Inácio de Abreu e Lima, sua participação na esfera pública e junto ao IHGB.

Francisco Adolpho de Varnhagen e Abreu e Lima protagonizaram as disputas pela escrita da história do Brasil.

         Varnhagen ignorou a construção do cânone. Estava também em questão a disputa da herança colonial e a produção para estabilidade futura do país. Abreu e Lima se manteve crítico e resistente a isso. O passado colonial é mantido vivo, pelo menos incomodo, o que tornou suas projeções menos otimistas sobre o futuro do país, pela presença lusitana nas instituições pós independência e a continuidade da escravidão.

         Alguns autores consideravam Varnhagen o autêntico fundador da historiografia brasileira. Na contramão Abreu e Lima considerado um autor plagiário, romântico, exagerado, incapaz de projetar sentidos harmônicos e estáveis para a história nacional.

          A polêmica de Abreu e Lima e Varnhagen de acordo com Thamara, deixa questionamentos sobre os debates epistemológicos, que não podem se desassociar dos debates sociopolíticos, das relações estabelecidas com o passado e das expectativas de futuro em jogo. No final do livro Compêndio da História do Brasil, Abreu e Lima deixa a pergunta – Quais serão os futuros do Brasil? – Essa pergunta apresenta o reinado de d. Pedro II como uma experiência promissora, embora não insinue isso. Ao longo de toda a obra, surgem várias tensões que mantém a narrativa de valorização da experiência colonial e monárquica lusitana no Brasil.

         Por outro lado, Varnhagen valorizava o sujeito branco como único representante possível da civilização brasileira.  Abreu e Lima teve um olhar mais dinâmico, mesmo com influências eurocêntricas, manteve a narrativa romântica de proteger os povos nativos brasileiros, enfatizado algum protagonismo no futuro do país.

        De modo geral, Thamara Rodrigues, conclui que a narrativa de Abreu e Lima no Compêndio da História do Brasil, assim como, em outros textos do autor, são atravessadas pela insegurança da aproximação da civilização brasileira à lusitana.

        As suposições dessa insegurança foram fatídicas para Abreu e Lima, que viveu em um século e em uma conjuntura no qual a história do Brasil já estava direcionada, ou seja, era necessário compactuar com o passado e, consequentemente, harmonizar a direção do futuro com a recente colonização do país, dando a Varnhagen o mérito de sua narrativa por manter o passado colonial como um recurso de produção de segurança para o futuro.

Ainda assim, de acordo com a autora, Abreu e Lima é um “ente antagônico à produção historiográfica canônica do século XIX” e um dos críticos mais expressivos. (p.35)

Palavras chaves: Historiografia, Cânone, Abreu e Lima;

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