ÍNDIOS ISOLADOS: COMUNIDADES REFUGIADAS DO DITO CIVILIZADO
Por: maxvicttor • 12/5/2015 • Artigo • 2.245 Palavras (9 Páginas) • 487 Visualizações
ÍNDIOS ISOLADOS: COMUNIDADES REFUGIADAS DO DITO CIVILIZADO
Maxyconne Vitor da Silva[1]
Resumo: O presente artigo tem como objetivo abordar um tema pouco discutido na atualidade, mas que é de extrema importância. Tal artigo tratará dos Índios que encontram-se isolados do mundo dito “civilizado”; vindo a refletir sobre tal conceito que numa visão crítica se divide em dois vieses nos quais serão discutidos aqui. Todavia, apresentando cuidados necessários para o primeiro contato para com os mesmos, como também as conseqüências para a não preocupação com este pré-contato. Contudo, tal reflexão discorrerá também sobre os conflitos e fatores responsáveis pela matança de tais Índios: doenças transmitidas pelo homem branco, violência imposta por madeireiros, fazendeiros, etc.
Palavras-chave: Índios. Isolados. Contato. Doenças. Violência.
Abstract: This article aims to address a topic not much discussed today, but it is of utmost importance. This article will deal with the Indians who are isolated from the world called "civilized", coming to reflect on the concept that a critical view is divided into two biases in what will be discussed here. However, providing care to the first contact to the same, but the consequences for not concern with this pre-contact. However, such reflection also will talk about the conflicts and factors responsible for the killing of such Indians, the white man's diseases, violence inflicted by loggers, farmers, etc.
Keywords: Indians. Isolated. Contact. Diseases. Violence.
ÍNDIOS ISOLADOS: CONCEITO AMBÍGUO
Na América do Sul, tomando por base os países que ainda possuem tribos indígenas isoladas dos chamados “civilizados” na zona da Mata Atlântica; isolados cabe salientar – não contatados pela FUNAI - sabe-se que notoriamente são escassas as fontes sobre os mesmos, não tendo como as diversas ciências humanas se aprofundem e consequentemente obtenham estudos científicos sobre as mesmas. Dando ênfase aos estudos antropológicos, que por meio de um contato sistemático poderiam abrir as portas para as demais ciências, vindo a expor assim, um verdadeiro leque de informações indígenas que indubitavelmente já foi impuro há um certo tempo atrás, mas que, por uma série de motivos, dentre eles: doenças, guerras, escravidão, genocídios, etc.; meio que voltou a ser puro, divergindo desta forma o conceito de “Índios Isolados”.
Dessa forma, é de extrema importância se pensar como e quando se vai obter tal contato com nativos isolados. Pois, existe uma série de cuidados que se devem ter para não ocasionar um estranhamento, e principalmente, vir a transmitir doenças para os mesmos. Sobre o cuidado para com tal contato, em uma entrevista ao Jornal Gazeta do Acre, na coluna Papo de Índio, o Sertanista José Carlos dos Reis Meirelles, exemplifica uma experiência de contato com nativos isolados da tribo Guajá, onde coloca que:
Fazer contato com um povo isolado é coisa complicada. Por mais cuidado que você tenha, um bando de Guajá chega ao teu acampamento e tem um monte de coisa ali, coisas que pra eles são até mágicas. Tem terçado, tem machado, tem isqueiro bic, tem rádio falando. Enfim, tem motor e um bocado de bugiganga. Isso é uma doideira. Isso na cabeça de índios isolados é um negócio complicado. (MEIRELLES, José C. R. Papo de Índio [Parte II]. Gazeta do Acre. Rio Branco, 11-12 mai 2008. Entrevista concedida a Elson Martins)
Este isolamento nativo chega a fazer com que nós, ditos “civilizados”, voltemos a quinhentos anos. Onde tendo por base a descrição da carta de Pero Vaz de Caminha, explanando o estranhamento dos primeiros contatos do europeu com o índio; ou seja, curiosamente em pleno século XXI, ainda existem povos com um imaginário da época da expansão marítima, da invasão deste continente.
Sabe-se que, desde a invasão no Brasil, onde os indígenas tiveram sua cultura exposta a modificações ao longo do tempo, percebe-se que mesmo após mais de quinhentos anos, existem tais tribos que ainda tentam sustentar seus hábitos, crenças, etc., óbvio que já modificado a sua maneira de viver, obrigatoriamente, desde a chegada dos portugueses, espanhóis, holandeses, enfim, desde o genocídio imposto pelos europeus com fins de tomar suas terras e o que havia nela, impondo-lhes trabalho escravo.
Sobre tal contato e conceito de “Índios Isolados”, Vaz (2011, pags. 17-18) aborda:
“Alguns grupos indígenas estabelecem contatos seletivos ou, mesmo depois de contatos desastrosos, resolvem voltar à situação de isolamento. [...] São considerados isolados os grupos indígenas que não estabeleceram contato permanente com a população nacional, diferenciando-se das sociedades indígenas já contatadas”.
Faz-se mister ressaltar aqui então que, “Índios Isolados” é um termo no qual deixa uma ambigüidade no ar: estão isolados desde a invasão européia? Ou estão isolados por já terem tido contato com o homem branco, mas que resultou e ainda resulta em uma devastação de seu povo, seja através da matança, ou de doenças adquiridas em contato com o civilizado?
Partindo desse pressuposto, sabe-se que são inúmeras as causas que vem acometendo a matança indígena nos últimos anos, desde a devastação das matas para o beneficiamento de proprietários de extensos aglomerados de terras, consequentemente para poder fazer sua criação de gado aumentar cada vez mais; desde a derrubada ilegal de árvores, seja para o uso em carvoarias também ilegais, entre outros fins; como também para a construção de estradas que acabam cortando tais terras nativas, impulsionadas pelo avanço avassalador do desenvolvimento do país, acarretado pelo capitalismo desenfreado vigente.
Não obstante, tais ações capitalistas envolvendo uma série de acontecimentos ilícitos seja na exploração da madeira, do minério, no garimpo, da agropecuária, resultam num processo de migração obrigatória por parte de tais nativos isolados, ou aqueles que foram à pouco tempo contatados, gerando assim um nomadismo forçado e consequentemente fazendo com que os mesmos passem a visitar locais diferentes, onde substancialmente não conhecem, forçando-lhes a cada nova morada, reconhecer tal território para assim poder parar de migrar. Todavia, tendo que acostumar-se com cada local da mata que assim resultar sua saída, para assim poder caçar, coletar, enfim, submetidos a perseguições de madeireiros que dia pós dia, adentram nas matas para a derrubada ilegal de árvores.
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