A Apresentação do novo mundo na carta, de Pero Vaz de Caminha
Por: ebsdgs9495 • 1/5/2018 • Artigo • 2.549 Palavras (11 Páginas) • 853 Visualizações
UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI
DEPARTAMENTO DE LÍNGUAS E LITERATURAS-DLL
DISCIPLINA: LITERATURA BRASILEIRA I
PROFESSOR: RAUL AZEVEDO DE ANDRADE FERREIRA
NOME: ESTELIANA BERNARDO DOS SANTOS
4º SEMESTRE- NOITE
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PAPER
A carta de Pêro Vaz de Caminha
Tema: A apresentação do novo mundo na Carta, de pêro vaz de Caminha
Crato, CE
03 de dezembro de 16
PAPER
Esteliana Bernardo
A apresentação do novo mundo na Carta, de pero vaz de Caminha.
RESUMO: O presente trabalho se propõe a identificar as principais características do “novo mundo”, de acordo com suas apresentações na “carta”, de Pero Vaz de Caminha. Esse estudo é importante, pois nos possibilita uma visão maior e mais profunda em relação a formação cultural da sociedade brasileira. E tem como principal objetivo, comparar as ideias de alguns autores e identificar as diferenças e semelhanças a respeito de suas visões sobre os diferentes grupos indígenas. Além de Caminha, o trabalho foi realizado com base no estudo de alguns autores e obras, como: Antonio Candido, Hans Staden duas viagens ao Brasil (1524-1576), Juca Pirama (1969) de Gonçalves Dias, gênese da ideia do Brasil (2003) de Silvio Castro, e A carta de Caminha e seus ecos (2003) de Maria Aparecida. Através dessa pesquisa, foi possível entender como se deu o processo de colonização do território Brasileiro, como viviam os povos que aqui habitavam com seus costumes e crenças e quais fatores influenciaram para que esses povos fossem chamados de “bárbaros” e para que a nova terra encontrada (achada) fosse chamada de “paraíso Tropical”, pelos portugueses.
Palavras-chave: Pero vaz de Caminha, Novo mundo, paraíso tropical.
Escrita no ano de 1500, com objetivo de informar ao rei de Portugal Dom Manuel I, o “achamento” da nova terra encontrada, a carta de caminha é um documento de valor histórico cultural, por ser o primeiro a descrever as características das terras brasileiras, quanto aos habitantes, paisagens, animais, clima e solo. O principal objetivo desse artigo, é descrever essas características, de acordo com suas apresentações na carta.
Após meses de viagens a procura de ouro, prata e metais preciosos, no dia 21 de abril do citado ano, os viajantes da frota de Cabral, dentre eles o escrivão Pêro Vaz de Caminha se surpreenderam com a paisagem que avistaram. A visão daquela terra era diferente das demais vistas. Tudo ali era novo aos olhos de Caminha, e isso foi suficiente para que ele chamasse a terra de “novo mundo”. Nesse trabalho, serão abordados os fatores que levaram o escrivão, a chamar o povo de “bárbaros” e o novo mundo, de “Paraíso tropical”. Também serão comparadas obras, nas quais serão identificadas as principais diferenças e semelhanças entre a visão de Caminha, e de outros autores, a respeito dos diferentes grupos indígenas. No final do trabalho, serão apresentadas as contribuições da carta para a literatura, e os fatores que a impedem de ser considerada uma obra literária.
Fatores que contribuíram para que o novo mundo fosse chamado de “Paraiso Tropical”.
Diante de tanta beleza, já que a terra era rodeada de paisagens, montes, rios e um clima bastante agradável, Caminha compara a terra com o “paraíso tropical”. De fato, a maneira como o escrivão descreve as características, permite entender, que sem dúvida aquele era um verdadeiro paraíso terrestre. Embora, essa forma detalhada de escrever, talvez tenha sido apenas uma investida de Caminha para despertar o interesse da coroa, em colonizar as terras brasileiras.
Ele não se aprofunda em descrever os animais e as plantas encontradas, o único comentário que faz brevemente, estar relacionado a um tipo de semente comestível que os índios se alimentavam, denominada “inhame”. E deixa claro a ausência de animais na região, principalmente de carneiros e galinhas, inclusive os índios se assustam quando os portugueses mostram esta última.
Além da beleza física da paisagem e da terra, que até então era chamada de “terra de vera cruz”, o que mais atrai a atenção do escrivão, é o modo como viviam aqueles habitantes, todos nus, pintados, de beiços furados, e com arcos e setas nas mãos, em especial as mulheres, já que Caminha se refere diversas vezes as suas “vergonhas”. Termo que ele utiliza para se referir as partes genitais masculino e feminino. Como ele escreve na Carta:
“E uã daquelas moças era toda tinta, de fundo a cima, daquela tintura, a qual, certo, era tão bem-feita e tão redonda. E sua vergonha, que ela não tinha, tão graciosa, que a muitas molheres de nossa terra, vendo-lhe tais feições, fezera vergonha por não terem a sua com’ ela”. (P. 218)
A partir da citação é possível entender que a predominância da palavra “vergonha” no texto, deixa claro como os Europeus tinham uma certa admiração e atração pelas mulheres, e chegavam a se aproximarem de fato daquelas índias. Afinal, aqueles eram Homens há meses viajando, a procura de materiais e produtos preciosos para a coroa. O fato de encontrarem mulheres completamente nuas, com certeza provocariam essa atração por parte dos portugueses. Caminha compara as mulheres europeias com as índias e afirma, que o corpo destas, eram mais bonitos e bem feitos que os daquelas. São esses aspectos presentes na carta, que permite entender como se deu o processo de miscigenação racial do país. A mistura entre o índio, o branco são fatores que contribuíram para a formação da identidade Nacional.
Diferenças e semelhanças entre as características do povo apresentado na carta, e em outras obras literárias.
O povo apresentado por Caminha eram pessoas limpas, fortes, saudáveis e livres de doenças. Entretanto, se compararmos a carta com outras obras, é possível perceber diferenças significativas a respeito da saúde desses povos. Como descreve o livro de Hans Staden, duas viagens ao Brasil (1524-1576), e o poema Juca Pirama (1969), de Gonçalves Dias. Ambas obras retratam o índio como seres bastante vulneráveis as doenças. Como diz o texto do Hans Staden, “No ano de 1554, mais ou menos no sexto mês do meu cativeiro, o carijó adoecera e seu senhor pediu-me para ajuda-lo, para que voltasse a ter saúde e pudesse caçar, de modo que tivéssemos o que comer ” (p.80). Ou seja, apesar de ambos tratarem de grupos indígenas, as características são apresentadas de forma diferente. Enquanto Caminha apresenta os “índios”, como povos sadios, as demais obras caracterizam essa gente como seres doentes. Esses textos, no entanto, são fundamentais e contribuem significativamente para o entendimento dessas diversidades culturais.
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