Análise conto Las Ruinas Circulares
Por: Marcela Bezerra • 26/10/2015 • Dissertação • 667 Palavras (3 Páginas) • 2.492 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
CURSO DE LETRAS – ESPANHOL A DISTÂNCIA
TEORIA E CRÍTICA LITERÁRIAS – 2015/2
Aluna: Marcela Bezerra - 14201680
Polo: Sapucaia do Sul
Nesta nova etapa de nossos estudos em Literatura, chegamos finalmente à Crítica. Ao lermos a primeira unidade do manual que nos foi apresentado, aprendemos que teorizar e criticar vai muito além do “gostei/não gostei”; é algo que se faz analisando uma obra o mais profundamente possível. Para que pudéssemos testar nossos conhecimentos acerca dessa primeira parte do manual, foi-nos proposto um exercício de escrita, e por que não dizer, um desafio. A leitura do conto Las Ruinas Circulares, de Jorge Luis Borges, em espanhol e sua posterior análise foi um trabalho deveras árduo, e as próximas linhas serão escritas na esperança de que essa análise consiga cumprir com o que foi solicitado.
Las Ruinas Circulares é um conto fantástico; sem referência ao elogio. Fantástico por tudo nele ser irreal. Nesta obra, Borges apresenta-nos uma personagem com um único objetivo: sonhar um homem perfeito em todos os aspectos – e assim trazê-lo ao mundo real -. Para tal, a personagem encaminha-se a um templo de fogo, e entrega-se ao sonho. Assim, por muitos e muitos dias, com algumas interrupções, ela cria seu homem: coração, tronco, braços, pernas. Até aí talvez se perguntem o que a personagem poderia ser. Ao nos questionarmos, fica a pergunta: quem seria capaz de sonhar alguém e esse alguém tornar-se real? É possível concluir que seja um mago, um bruxo, e não há nomes neste conto. Fica-se com mago então. O mago não sabe quem é, seu nome ou seu passado. A única coisa que sabe e que tem como dever, é criar esse homem através do sonho. E consegue.
O fazer literário nessa obra fica visível após nos habituarmos e compreendermos o espanhol com que foi escrito. Esse fazer no texto não o é pelo fantástico, mas pelo fato de apesar de sabermos que é ficção, irreal, nos tornarmos parte da história. Estamos no templo, estamos com o mago, e de alguma forma que Borges acertou em cheio, torcemos por ele. Não sabemos a razão desse apoio ao sujeito, mas desejamos fortemente que ele consiga fazer sua criatura de sonhos e que tudo dê certo. E claro, o que mais aponta o fazer literário, aquilo que nos dá a certeza de que a obra é verdadeiramente literária é o narrador. Esse último aparece em terceira pessoa e parece saber de tudo que se passa ali, conta os fatos impessoalmente. Mais adiante no conto, o narrador aparentemente passa a saber o que acontece internamente no mago, isto é, seus sentimentos e necessidades. No decorrer da história, o narrador torna-se íntimo da personagem, assim como nós, leitores. Isso acontece de forma alternada: ora temos superficiais descrições dos fatos, ora estamos completamente dentro da cabeça da personagem, poderíamos até mesmo ser esta última; momentos que se dão através de discurso indireto. Conforme dá-se a história, há drama, pois o mago está em dificuldades para que sua “criatura” funcione. Ele pede ajuda ao deus fogo e este consegue animar a sua criação, que torna-se homem real em sua totalidade. Nesse ínterim o mago conclui que a criatura nunca poderá ser ferida pelo fogo, visto que foi animada por ela. Ele deseja juntar-se com seu filho e é então, que novamente através do discurso indireto ele descobre que também o é parte de um sonho, assim como o filho. Não é homem real, apenas uma criatura que outro está sonhando. Esta revelação traz a hipótese de a personagem não manifestar-se com suas próprias palavras por esta exata razão: não faz parte do mundo real.
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