Aquisição de segunda língua à luz da perspectiva sociocultural de Vigostky
Por: Álvaro Óliter • 20/10/2015 • Artigo • 2.816 Palavras (12 Páginas) • 363 Visualizações
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Universidade de Brasília
Aquisição de segunda língua à luz da perspectiva sociocultural de Vigostky.
Texto apresentado à disciplina Aquisição de Segunda Língua – 342254 – ministrada pela Professora Doutora Joara Martin Bergsleithner (UnB/LET).
Brasília – DF
27/02/2013
Resumo
Falaremos neste trabalho sobre o modelo sociocultural atrelado à aquisição de segunda língua. Utilizamos autores como: Oliveira, 2000; Lantolf e Appel,1994; DONATO, 1994; que defendem a teoria sociocultural e retiram desta teoria proveito para teorizar questões referentes ao ensino-aprendizagem de línguas, práticas pedagógicas entre outros. O trabalho está dividido em cinco seções: introdução; onde falo acerca da importância dos estudos de aquisição de segunda língua e apresento a teoria sociocultural como mola propulsora do trabalho. Em seguida, trato dos conceitos de mediação, internalização, interação e Zona de Desenvolvimento Proximal e Scaffoding.
Após esta seção teço alguns comentários gerais acerca das contribuições de Vigostsky para o ensino e sua relação com os estudos de aquisição de segunda língua.
Por fim, lanço mão alguns autores que criticam a teoria de Vigostsky.
Introdução
Os estudos que envolvem os processos aquisitórios de segunda língua envolvem teorias ,por vezes, bastante complexas. Sabemos que não é tarefa fácil desvendar os processos pelos quais a mente humana trabalha. No entanto, muitas pesquisas importantes tem se desenvolvido e dado suas contribuições para as diversas áreas do conhecimento. De acordo com Michell & Mylles (1998) os estudos que envolvem o processo de aquisição da linguagem são importantes, pois através desses estudos entenderemos melhor as questões acerca da natureza da linguagem, bem como suas complexidades. Estes estudos poderão auxiliar também na compreensão de problemas relacionados à aprendizagem.
Larsen-Freeman e Long (1991, p.227) afirmam que já foram propostas “[...] pelo menos quarenta ‘teorias’ de ASL [...]”, no entanto pretendo discorrer um pouco mais a fundo neste texto acerca da teoria sóciocultural que muito contribuiu para uma nova perspectiva de conceber a aquisição da linguagem como um processo social baseado na interação com o outro.
A teoria sociocultural explica sua teoria para a aquisição da linguagem sob os insights de Vigotsky. Um dos princípios básicos dela é a questão da mediação. Contudo para compreendermos melhor a aquisição da linguagem à luz da teoria sociocultural é necessário que compreendamos melhor quatro conceitos Vigotskyanos básicos. A interação, a mediação, a internalização e a Zona de desenvolvimento proximal.
Os seres humanos utilizam-se de ferramentas físicas ou simbólicas para “organizar e manter controle sobre o ‘self’ e suas atividades físicas e mentais” (MITCHELL e MYLES,1998,p.141). Para Lantolf (1994) a linguagem, enquanto ferramenta simbólica permitirá aos seres humanos organizar e controlar processos mentais - memória, atenção voluntária, aprendizagem, etc.
Os conceitos de mediação, internalização, interação e Zona de Desenvolvimento Proximal e Scaffoding
Vigostsky descobriu que para melhorar o nível de aprendizagem mais do que o indivíduo agir sobre o meio ele precisa interagir. Para ele todo sujeito adquire seus conhecimentos a partir de relações interpessoais, de troca com o meio. Vigotsky (1936, p.46) afirma que o que parece individual é, na verdade, resultado da construção com o outro. Um outro coletivo que veicula a cultura.As características e atitudes individuais estão profundamente impregnadas das trocas com o coletivo e é “justamente ali no palco da cultura , dos seus valores, da negociação de sentidos tramada pelos grupos sociais que se constrói e que se internaliza o conhecimento” (VIGOSTKY,1936).
Mas como esse processo acontece? Através da língua (gem), dos símbolos, escolhidos como metáforas, ou seja, a interação é feita através da linguagem que realiza uma espécie de mediação entre o indivíduo e a cultura.
Vigostsky entende que as funções metais superiores são socialmente formadas e culturalmente transmitidas por meio da linguagem, ainda que uma criança tenha o potencial biológico de se desenvolver se não interagir não se desenvolverá como poderia.
Acerca do conceito de internalização Vigostsky (1936, p.63) ressalta que o desenvolvimento pessoal é produto da aprendizagem, das interações entre o sujeito que aprende e os agentes mediadores de cultura (pais, professores, etc.).
Acerca das interações entre o sujeito que aprende e os agentes mediadores da cultural Fittipaldi (2006) dirá que:
“Daí resulta a lei da dupla formação dos processos psicológicos superiores (desenvolvimento da linguagem, atenção, memória, raciocínio, formação de conceitos...), que aponta que no desenvolvimento cultural da criança, toda função aparece duas vezes: no nível interpsicológico e no nível intrapsicológico. Menciona-se isso porque as Funções Psicológicas Superiores têm sua origem nas construções sociais e sua reconstrução individual, ou seja, sua internalização é concretizada a partir das interações das crianças com os adultos e outros agentes mediadores. Diante disso, a influência educativa pode promover o desenvolvimento, “quando consegue arrastar a criança através da zona de desenvolvimento próximo, convertendo em desenvolvimento real – reconstrução no plano intrapessoal – aquilo que, em princípio, é unicamente um desenvolvimento potencial – aparição no plano interpessoal” (COLL, 1996, p. 289). Como a interação social (nível interpsicológico) leva à resolução independente de problemas (nível intrapsicológico)? Coll ainda esclarece que para Vygotsky, a interação social é a origem e o que impulsiona o desenvolvimento e a aprendizagem, pois por meio dela a criança aprende a regular seus processos cognitivos, devido às indicações das pessoas com as quais interage, em outras palavras, é pela interação social que o indivíduo aprende.”.
Por fim trataremos da ultima expressão Vigotskyana a zona de desenvolvimento proximal (ZDP) que nada mais é do que aquele espaço em branco que existe entre o que a criança já é , o que ela já sabe fazer sozinha e aquilo que ela tem a potencialidade para vir a ser desde que seja assistida, aprenda com o outro, [...] “proximal vem de próximo, perto , íntimo e é aí que entra o professor, o adulto ou um colega mais experiente que como parceiros mais próximos detectam o seu potencial e a estimula a se superar e a se apropriar do que , em tese, ela é naturalmente capaz. E assim fica claro o papel do professor que será um mediador entre a criança e o mundo” (OLIVEIRA,1993).
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