DRAMA E TRAGEDIA DE HAMLET
Por: Luana Ponciano • 25/6/2017 • Resenha • 1.206 Palavras (5 Páginas) • 442 Visualizações
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DRAMA E TRAGEDIA DE HAMLET
Luana Aparecida Ponciano[1]
Hamlet é uma trama escrita pelo poeta, dramaturgo e ator inglês Willian Shakespeare (1564-1616), provavelmente em meados de 1599 e 1601. Essa peça é situada na Dinamarca, país nórdico da Europa, sendo que essa obra é caracterizada como tragédia, pois reconta a história desde o momento em que o Príncipe Hamlet tem o desejo de vingar a morte do seu pai, o Rei Hamlet, que fora executado, por envenenamento, por Cláudio, irmão do Rei e, em seguida, toma o trono para si casando-se com a Rainha, tornando-se assim o padrasto do príncipe. Isso faz com que o Príncipe Hamlet tome atitudes que culminam na morte de vários personagens, inclusive na sua própria.
Segundo Heliodora (1998, p. 93), “a tragédia apresenta um processo de conscientização de um indivíduo, tanto em relação a si mesmo quanto em relação ao universo em que existe, atingido por intermédio de uma vivência dolorosa que o compele à reavaliação e o conduz à morte.” Neste caso, do personagem Príncipe Hamlet, a conscientização ocorre quando ele realmente comprova que Cláudio assassinou o seu pai, o Rei.
Em Hamlet percebemos a verossimilhança por intermédio do regicídio (ato de assassinar um rei ou uma rainha), da vingança, do ódio, da traição e do amor presentes na obra. Esses sentimentos que dão ação a tragédia são inerentes à natureza humana. Conforme Bradley (1905), ao escrever tragédias, Shakespeare realmente representou certo aspecto da vida. O autor ainda afirma que mediante análise das obras de Shakespeare, nós devemos ser capazes de descrever esse aspecto. Hamlet é uma tragédia, que respeita todas as características da tragédia de vingança elisabetana. Essas características são:
1ª) vingança é a principal ação da peça, temos que ver o que a provoca, como ela é planejada e sua execução; 2ª) a vingança é a causa da catástrofe: não pode aparecer depois da crise, tem de ser parte dela; 3ª) normalmente mostra fantasma(s) exigindo vingança; 4ª) há hesitação na execução da vingança; 5ª) há demora na execução, que não é repentina mas, sim, longamente planejada; 6ª) aparecem elementos de loucura real ou fingida e 7ª) a contra-intriga do antagonista é forte, bem armada e recebe considerável ênfase. (HELIODORA, 1998, p. 103).
Apesar de toda a ira, Hamlet sempre demonstrou ser inteligente, principalmente quando arma a peça para encenar em frente de toda a corte. O paradoxo na verdade é evidente desde o início de seu plano para honrar o pai. A alienação é decorrente da sede de vingança, as atitudes tomadas por ele mostram o quanto o personagem estava desnorteado, esse fato se inicia e prolonga-se desde seu encontro com o fantasma de seu pai.
Escuta, escuta, escuta! Se você algum dia amou seu pai (...) vinga esse desnaturado, infame assassinato (...) eu dormia, de tarde, em meu jardim, como de hábito. Nessa hora de calma e segurança teu tio entrou furtivamente, trazendo, num frasco, o suco da ébona maldita, e derramou, no pavilhão de meus ouvidos, a essência morfética que é inimiga mortal do sangue humano (...) Assim, dormindo, pela mão de um irmão, perdi, ao mesmo tempo, a coroa, a rainha e a vida (...) Se você tem sentimentos naturais não deve tolerar; não deve tolerar que o leito real da Dinamarca sirva de palco à devassidão e ao incesto. Mas, seja qual for a tua forma de agir, não contamina tua alma deixando teu espírito engendrar coisa alguma contra tua mãe. Entrega-a ao céu, e aos espinhos que tem dentro do peito: eles ferem e sangram. Adeus de uma vez! (Shakespeare, 2004, pp. 80-83).
O drama da peça inicia-se quando o espírito do Rei Hamlet surge clamando vingança por sua morte, pois sua alma lamenta, como bom católico que era, que tenha morrido sem a confissão, sem a extrema-unção e os sacramentos. Hamlet sente-se denegrido com tamanha traição ao seu pai e a deslealdade de seu tio e sua mãe. A forma como ele reage ao saber da verdade e de tamanha tragédia é a questão principal nesse drama.
Príncipe Hamlet, no ATO I, Cena V, afirma para o Fantasma: “Há multa coisa mais no céu e na terra, Horácio, do que sonha a nossa pobre filosofia”. Posto isso, essa frase tanto pode referir-se à traição que reinava em sua família quanto à alma de seu pai ter aparecido aos vivos.
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