LELICO, UMA SUPERAÇÃO

Esta é a história de um certo sujeito chamado LELICO Contada por ele mesmo.

Para narrar uma história baseada na minha própria realidade, fatos que realmente aconteceram, foi necessário fragmentá-la, pois trata-se de verdades escritas na medida em que eram lembradas, são fragmentos do pouco que lembro principalmente da minha infância, de pessoas com quem convivi e os lugares que andei quando criança. Como fonte de informação para uma possível localização no tempo, recorri às pessoas mais antigas do lugar, moradores conhecidos da minha família para assim dar mais autenticidade a este trabalho, procurei ser fiel em todas as informações colhidas, também não omiti nada nem tão pouco poupei alguém de verdades por qualquer interesse que fosse. Não tive a intenção de lamentar ou criticar um passado que não foi construído por mim, mas por costumes que se adotava na época em que se passa esta narrativa, motivo pelo qual certamente haverá muitas coincidências.

Sou filho de pais semi-analfabetos, família humilde, humildade que não se restringe ao sentido material do termo, mas o que talvez seja a pior das pobrezas, a de conhecimento, da informação visto como uma barreira intransponível. A ignorância era uma marca que produzia efeitos devastadores naquele meio, parecia que havia uma forma própria de discernimento. Meu avô paterno, um sujeito de origem indígena com raízes numa região chamada Carazinho numa região conhecida por Itaiacóca no interior do município de Ponta Grossa estado do Paraná. Ali criou-se e casou-se, dessa união nasceram quatro filhos, dois meninos e duas meninas. Falecendo a esposa ao dar luz a quarta criança. Após ter ficado viúvo como era comum naquele tempo; deu as meninas a famílias conhecidas do lugar ou não, assim como se dá animais de estimação sem raça definida quando se tem em excesso. Mudando-se para um lugar denominado Pinhalzinho, interior do município de Guarapuava no estado do Paraná, levando consigo os dois meninos o M. e o J. Lá constituindo nova família com mulher descendente de índio com quilombola, a minha avó U.

Meus avós maternos oriundos da região de Canoinhas estado de Santa Catarina, protagonizaram uma migração para a zona rural do município de Laranjeiras do Sul estado do Paraná, fazendo essa trajeto a pé passando pelos campos gerais, seguindo a rota dos tropeiros passando por Guarapuava, uma aventura que durou cerca de um mês contava meu avô pai da minha mãe, um trajeto que hoje de automóvel se faz em aproximadamente sete horas. O objetivo era chegar a Foz do Iguaçu, durante o percurso pernoitavam de favor em fazendas ao longo do desse caminho. Juntos vinham, conforme contava vô E., os três filhos homens, com as iniciais: A. B. J. e minha mãe T na época com nove anos de idade.

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