LETRAMENTO E CAPACIDADES DE LEITURA PARA CIDADANIA
Por: Thais Lavigne • 4/5/2018 • Trabalho acadêmico • 933 Palavras (4 Páginas) • 3.427 Visualizações
LETRAMENTO E CAPACIDADES DE LEITURA PARA CIDADANIA
Roxane Rojo LAEL/PUC-SP
RESUMO:
No mundo dinâmico de informações em que vivemos, ler é uma prática fundamental, o hábito da leitura desenvolve a capacidade no individuo de interpretação e contextualização do texto que está sendo lido com a realidade em que vive, além da identificação de discursos ideológicos que muitas vezes visam ditar a conduta do individuo, a partir da leitura o indivíduo livra-se dessa imposição a passa a fazer suas escolhas de forma autônoma. Para Rojo (2004) “Ler é melhor do que estudar” uma vez que o nosso sistema educacional inviabiliza o desenvolvimento das capacidades e praticas de leitura, exigindo dos alunos apenas o processo de repetição, busca de informações e memorização do que foi dito pelos autores para fazer cópias em questionários ou apresentações orais para cumprimento de currículo escolar. Dependendo da finalidade da leitura ela pode envolver alguns procedimentos, que é um conjunto de praticas ou rituais usados durante o processo, como a utilização de marca-textos para sinalizar informações importantes, a leitura feita da esquerda para a direita, de cima para baixo, apesar desses procedimentos exigirem capacidades como a percepção não é o que determina diretamente as teorias de capacidades de leitura. Antigamente a leitura era vista como a tradução da escrita em fala, sendo assim a aprendizagem da leitura estava intimamente ligada a alfabetização. Com as pesquisas sobre a ato de ler foram descobertas algumas capacidades envolvidas nele, como a capacidade de reconhecimento e resgate do conhecimento, a capacidade de interação social, desse modo a leitura deixa de ser um ato de decodificação e passa a ser um ato de compreensão. Segundo Rojo (2004, p. 3) primeiramente a leitura tratava-se da compreensão do texto, aquilo que o leitor era capaz de extrair, num segundo momento passou a ser visto como uma interação entre o ator e o leitor onde o autor deixava sua intenção subentendida e o leitor deveria compreender através do seu conhecimento de práticas e regras sociais, mais recentemente é vista como o ato de se posicionar sobre o texto relacionando-o com outros anteriores ou posteriores a ele, criando um novo texto/discurso. Ao perguntamos a alunos o que é ler na escola provavelmente dirão que é ler em voz alta para localizar informações e copiar em questionários provando que “[...] somente poucas e as mais básicas das capacidades leitoras têm sido ensinadas, avaliadas e cobradas pela escola. Todas as outras são ignoradas.” (ROJO, 2004, p. 4). A leitura exige a combinação de varias capacidades de diferentes ordens, as capacidades básicas geralmente aprendidas durante o processo de alfabetização são:
Compreender diferenças entre escrita e outras formas gráficas (outros sistemas de representação); Dominar as convenções gráficas; Conhecer o alfabeto; Compreender a natureza alfabética do nosso sistema de escrita; Dominar as relações entre grafemas e fonemas; Saber decodificar palavras e textos escritos; Saber ler reconhecendo globalmente as palavras; Ampliar a sacada do olhar para porções maiores de texto que meras palavras, desenvolvendo assim fluência e rapidez de leitura. (ROJO, 2004, p. 5)
Rojo (2004, p. 5) nos mostra algumas estratégias ou capacidades de compreensão, entre elas encontra-se a ativação de conhecimentos do mundo onde o leitor relaciona seu conhecimento de mundo com o que é exigido pelo autor, na antecipação do conteúdo ou de propriedades do texto o leitor tenta deduzir o conteúdo, a forma ou o que virá em seguida no texto de acordo com a situação da leitura ou o meio que veicula, na checagem de hipóteses o leitor confirma ou não se as suas deduções estavam corretas, na localização ou cópia de informações o leitor busca e sinaliza as informações mais relevantes, geralmente essa estratégia é utilizada para estudar, durante a leitura do texto o leitor acaba fazendo comparações de informações obtidas no próprio texto ou em outros, essa é a estratégia de comparação de informações, a estratégia de produção de inferências locais se dá pelo entendimento de um termo até então desconhecido através do contexto que está inserido. Sobre as capacidades de interpretação e interação do leitor com o texto Rojo (2004, p. 6) nos mostra a recuperação do contexto de produção do texto onde o leitor deve buscar saber informações sobre quem é o autor, com qual finalidade ele produziu o texto e a qual publico ele julgava alcançar com essa produção, sem isso o leitor acaba se subordinando ao texto, a definição de finalidade da leitura é o motivo pelo qual o leitor está ali, seja pra ler pra estudar, trabalhar ou como forma de distração, na percepção de intertextualidade a nível temático o leitor consegue fazer uma relação com outros textos já lidos, podendo resultar uma réplica desse texto, a percepção de interdiscursividade trata-se de perceber qual o discurso está por trás do texto e estabelecer uma relação com outros discursos já conhecidos, na percepção de outras linguagens o leitor deve ser capaz de identificar outros elementos como imagens em movimento, gráficos que constituem o texto e não só a linguagem verbal escrita, durante a leitura nós acabamos reagindo de forma positiva ou negativa a construção do autor, podendo essa reação implicar na desistência da leitura, essa capacidade é denominada elaboração de apreciações afetivas, já na elaboração de apreciações relativas a valores éticos ou políticos o leitor se posiciona diante a ideologia do autor, esta é a capacidade que leva a uma réplica crítica ao posicionamento do autor no texto. Sendo a escola um local social responsável pelo ensino-aprendizagem na educação básica do conhecimento acumulado pela humanidade, é importante pensar na formação do leitor cidadão como ser autônomo na interpretação de textos/discursos capaz de fazer suas escolhas conscientes.
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