Libras - Língua de Sinais
Por: Agatha Moreira • 2/6/2016 • Artigo • 2.079 Palavras (9 Páginas) • 693 Visualizações
INTRODUÇÃO
Ao perceber que há uma maior abrangência do conhecimento da linguagem surda no Brasil por parte de uma minoria universitária, relata-se então a importância de não somente os surdos terem o conhecimento de LIBRAS, mas também os ouvintes.
Os ouvintes são acometidos pela crença de que ser ouvinte é melhor que ser surdo, pois, na ótica ouvinte, ser surdo é o resultado da perda de uma habilidade “disponível” para a maioria dos seres humanos. Se não há limite entre a grandeza e a pequenez, e nenhum de nós, seres humanos, somos iguais uns aos outros, concluí-se que ser surdo não é melhor nem pior que ser ouvinte, apenas diferente ¹. Quebrar o paradigma da deficiência é enxergar as limitações de ambos: surdos e ouvintes. Nesse sentido de respeitar as limitações de cada um. Um autor surdo brasiliense declara:
A surdez deve ser reconhecida como apenas mais um aspecto das infinitas possibilidades da diversidade humana, pois ser surdo não é melhor nem pior do que ser ouvinte é apenas diferente.
(PIMENTA, 2001: 24)
O fato de ouvintes e surdos se encontrarem imersos no mesmo espaço físico e partilharem de uma cultura ditada pelos ouvintes, compartilhando uma série de hábitos e costumes, ou seja, aspectos próprios da Cultura Surda, mesclados pela cultura ouvinte.
É possível aceitar o conceito de Cultura Surda por meio de uma leitura multicultural, em sua própria historicidade, em seus próprios processos e produções, pois a cultura surda não é uma imagem velada de uma hipotética Cultura Ouvinte, não é seu revés, nenhuma cultura patológica.
(SKLIAR 1998: 28)
Mesmo estando em espaços compartilhados, tem-se que admitir que a Cultura Surda seja multicultural e que se alimenta de hábitos e costumes da Cultura Ouvinte, mas que nem por isso são deixados de lado seus aspectos peculiares, aspectos esses ausentes no mundo dos ouvintes. Sobretudo, os surdos possuem história de vida e pensamentos diferenciados, possuem uma linguagem gestual, tendo assim uma modalidade espacial-visual, trazendo uma visão de mundo não vista anteriormente.
¹ - Esta é uma maneira como os surdos se denominam.
LINGUA BRASILEIRA DE SINAIS
A língua de sinais é uma língua visual – espacial articulada através das mãos, das expressões faciais e do corpo. É uma língua natural usada principalmente pela comunidade surda brasileira. Há artigos e pesquisas sobre esse assunto na qual começou a ser explorado os diferentes aspectos da estrutura da língua brasileira de sinais. Tais pesquisas foram responsáveis pelo reconhecimento da língua brasileira de sinais como uma língua de fato no Brasil.
É por meio da cultura que uma comunidade se constitui, integrando–se e dando uma resposta pertinente. Com isso, a existência de uma cultura surda ajuda a constituir a identidade daqueles que usam esta linguagem.
A cultura é a estrutura daquilo que é chamado de hegemonia², que molda os sujeitos humanos ás necessidades de um tipo de sociedade politicamente organizada, remodelando-os com base nos atuantes dóceis, moderados, de elevados princípios, pacíficos, conciliadores.
(EAGLETON, 2005)
Segundo Eagleton, o conceito de cultura, é proveniente do de natureza. Isto mostra que o cultivo da linguagem e da identidade são elementos fundamentais de uma cultura.
A cultura permite ao homem não somente adaptar-se a seu meio, mas também adaptar este meio ao próprio homem, a suas necessidades e seus projetos. Em suma, a cultura torna possível a transformação da natureza.
(CUCHE, 2002, p. 10)
Analisando assim a cultura, pode-se concluir que a cultura não vem pronta, porque ela sempre se modifica e se atualiza, expressando claramente que não surge com o homem apenas e sim de várias produções coletivas que decorrem do desenvolvimento cultural das gerações passadas.
Por esse motivo, falar em Cultura Surda significa evocar uma questão identidária. Um surdo estará próximo da cultura surda a depender da identidade que assume dentro da sociedade. Essas identidades podem ser definidas como:
- Identidade Flutuante, nela o surdo se espelha na representação hegemônica do ouvinte, se manifestando de acordo com o mundo do ouvinte.
² - O termo hegemonia significa comando, primazia. Supremacia de um povo sobre o outro.
- Identidade Inconformada, na qual o surdo não consegue captar a representação da identidade do ouvinte, hegemônica e se sente numa identidade subalterna.
- Identidade de Transição, nela o contato dos surdos com a comunicação surda é tardio, o que os faz passar da comunicação visual-oral para a comunicação visual sinalizada, tendo assim um conflito cultural.
- Identidade Híbrida, nesta os surdos nasceram ouvintes, mas se ensurdeceram e têm presentes duas línguas.
- Identidade Surda, nesta ser surdo é estar no mundo visual e desenvolver sua experiência na Língua de Sinais.
A cultura surda produz um conjunto de perspectivas que, em geral, instituem ao povo surdo como fonte de êxtase. A construção das identidades surdas que seriam o resultado de uma produção das representações impostas por aqueles que têm o poder de classificá-las e de nomeá-las subvertem a ordem. A definição pode ser submetida ou resistente, assim como foi exposto os diferentes olhares sobre essas identidades.
Se a comunidade surda é, primeiramente, ligada por uma representação da identificação, tem, conseqüentemente, uma língua que influi na diferença essencial. Como podemos ver, a política de significação opera como necessidade de pátria cultural com poder de identificação para auto – identificar-se, auto – narrar-se... Tendo ela razão de existir.
(MIRANDA, 2001, p. 22)
Seria errôneo não aceitar que existem identificações com o local em que o surdo está. As interferências com a família, a escola, a cidade, faz com que essas diversidades se constituem.
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