O Cânone Literário Brasileiro
Por: benjjaxh • 22/5/2022 • Monografia • 1.053 Palavras (5 Páginas) • 225 Visualizações
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LET A25 – O CÂNONE LITERÁRIO BRASILEIRO
Semestre – 2022.1 Turma: 01
Docente – Antônio Marcos Pereira
Discente – Benjamin da Silva Ramos Ferreira Matrícula – 218126343
Posteriormente a leitura dos textos ‘Cânon’ de Roberto Reis e ‘Altas Literaturas’ de Leyla Perrone-Móises, foi indispensável um aprofundamento a cerca das noções de cânone. Para isto, foram tomados como base os autores João Ferreira Duarte e Carlos Ceia. A partir destas leituras complementares, a concepção de cânone foi se estruturando, abrindo espaço para novos questionamentos que envolvem a literatura canónica.
Levando em consideração experiências pessoais, a concepção de cânone resumia-se a observa-lo como um patrimônio literário, a qual não poderia, de modo algum, passar por modificações. Dentro do sistema educacional esta concepção tomou ainda mais força, já que, a reprodução compulsória do cânone se fazia necessária na preparação para vestibulares; Não havendo assim, espaço para as demais literaturas. Na juventude, analisar a estrutura problemática e exclusiva do cânone se torna um exercício de nadar contra corrente, tendo em vista que absorver estas obras aclamadas pelas instituições de legitimação, que são as escolas, podem resultar na desejada aprovação na universidade.
Duarte (2006) constrói uma retrospectiva do cânone, desde o primeiro uso o termo de derivação grega até a elevação do significado para ‘padrão ou modelo a ser aplicado como norma’. Nesta abordagem, o autor menciona a utilização generalizada vocábulo no século IV homologado pela Igreja Católica como a lista de Livros Sagrados. Desde o principio da construção do conceito canónico, ele estava associado a um movimento de inclusão e exclusão, onde era feita a distinção do legitimo e do herético, dando o poder para uma pequena comunidade previamente escolhida de delimitar a produção, reprodução e imposição de critérios de valor. Desta forma, o cânone literário se faz partindo do corpo de obras e autores institucional e socialmente vistos como geniais e perenes, dignos da ‘paideuma’, ou seja, de serem estudados e transmitidos para gerações futuras.
Desde o Renascimento, o termo é aplicado ao domínio da literatura sob a forma de expressões como “as obras-primas” e até mesmo “os clássicos”. Em seu verbete, Carlos Ceia aborda a primeira designação de ‘clássico’ proposta e fixada pelos acadêmicos alexandrinos, que o definem como “obra exemplar cuja excelência é capaz de resistir ao tempo”. Para além do conceito, também é discutido o estabelecimento de uma divisão social do clássico, conjuntamente com as definições do termo na Idade Média e Idade Moderna. Contudo, o ponto mais importante exposto no verbete é a relação de oposição entre pró-românticos e pró-canónicos, onde é feita referência a Fórmula de Goeth (clássico= saudável e romântico= doente) e ao conceito de Hegel que caracteriza clássico como uma obra de arte perfeita.
Após compreender o percurso do cânone, e deparar-se com a filosofia descanonizante no âmbito dos estudos literários inspirados pelo filósofo Ludwig Wittgestein e as noções canónicas de obra de arte imortal, o autor possibilitou uma outra perspectiva do cânone quando trouxe a ideia de que “Um texto não nasce necessariamente literário e muito menos canônico, nem tem que se manter perenemente literário”; tal afirmação, choca totalmente com a concepção que carregava do canônico, como algo fixo e imutável. O filósofo e crítico literário britânico, Terry Eagleton, também foi agregador na desconstrução de uma única forma de observar a alta literatura quando reitera que “Como diz Terry Eagleton, "Tudo pode ser literatura e tudo o que é visto como inalterável e inquestionavelmente literário, Shakespeare, por exemplo, pode deixar de ser literatura”.
A leitura do texto “Altas Literaturas” de Perrone-Móises viabiliza o entendimento do cânone pelo viés pró-canónico, onde se defende a literatura o “seu poder formador e transformador”, partindo de uma elaboração de um cânone literário estabelecido por escritores-críticos; A estes é incumbida a função de selecionar um conjunto de obras merecedoras de serem reproduzidas e utilizadas como fonte de inspiração do escritor contemporâneo. Sua abordagem mostra-se elitista, tendo em vista que a autora acredita que as academias passaram a privilegiar a ‘cultura menor’, desta forma, abandonando o cânone. Além desta primeira menção, sua defesa aos escritores-críticos, demonstra seu apoio a indivíduos em lugares de prestigio como porta-vozes da alta literatura, monopolizando-a e restringindo-a apenas à membros da elite.
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