O Formalismo Russo

O Formalismo Russo iniciou-se na Rússia no período de 1915 á 1917 e 1923 á 1930, sendo dividido em dois momentos: de 1915-1923 – Havia por parte dos formalistas russos uma aderência aos ideais revolucionários, entendidos como necessário para que todas as injustiças fossem superadas; e 1923-1930 – Nessa época o formalismo já havia ultrapassado as fronteiras da Rússia, influenciando o pensamento europeu quanto ao estudo da linguagem, esta doutrina está na origem da linguística estrutural onde tal história literária estava dominada pela erudição e pouco voltada aos valores estéticos, é visível neste contexto “pré-formalismo” a priorização da produção de critica literária do biografismo, do filosofismo e da historicidade. A partir do descontentamento quanto aos modelos acadêmicos em vigência é que surgiram as primeiras manifestações formalistas.

Os formalistas reagem contra a crítica impressionista, subjetivista e tendenciosa ainda reagem contra a crítica acadêmica de cunho erudito, os formalistas russos conceberam o gênero literário como uma entidade evolutiva cujas transformações adquirem sentido no quadro geral do sistema literário e na correlação deste sistema com as mudanças esperadas no sistema social. A ciência da literatura segundo eles deve estudar a literariedade, ou seja, o que confere a uma obra sua qualidade literária, e tal princípio conduziram os formalistas a definirem os caracteres específicos do facto literário, não procuravam essa especificação na pessoa do poeta, mas sim no poema, nem nas categorias e axiomas de qualquer estética especulativa.

Para que os formalistas estabelecessem caracteres próprios do objeto literário, seguiram um caminho da comparação entre a linguagem poética e a linguagem cotidiana, quanto ao método é basicamente descritivo e morfológico. Inicialmente interessaram-se pelos problemas fono-estilísticos do verso, depois superaram esse nível de análise e voltaram-se aos estudos semânticos, outro conceito importante trabalhado pelos formalistas foi o conceito de forma, os formalistas refutaram a dicotomia fundo-forma que tinha uma visão da forma como algo exterior, uma espécie de recipiente que vaza o conteúdo propondo um conceito dinâmico. A obra literária não deve ser estudada como um objeto isolado, fora de uma perspectiva histórica, pois a dinâmica do surgimento de novas formas literárias é radicalmente histórica sendo esta tendendo ao automatismo, ou seja, não desempenhando a função estética, Boris Eichembaum propôs que se considerasse uma abordagem morfológica da obra, a fim de que se diferenciasse de outras abordagens, como a psicológica e a sociológica devido à visão do Formalismo que se ocupava da relação entre a mensagem e o destinatário, sem vínculos com o contexto social, já Roman Jakobson tem seu viés voltado á investigar que fatores textuais fazem de um texto uma obra literária.

O valor artístico de uma obra decorre não apenas de sua estrutura verbal, mas também da maneira como é lida, conforme esse ponto de vista, não existe valor artístico em termos absolutos, Chklovski define a arte como a singularização de momentos importantes. Os momentos tornam-se importantes somente depois de submetidos ao processo de singularização artística, para os formalistas russos existe uma distinção significativa que caracteriza o texto literário:

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