Relatorio de Fonética
Por: 135135 • 28/1/2019 • Trabalho acadêmico • 4.212 Palavras (17 Páginas) • 344 Visualizações
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE - UFAC
CAMPUS FLORESTA
CURSO DE LETRAS PORTUGUÊS[pic 2]
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MARIA DA GLORIA CAUASSA DE OLIVEIRA
ELIVANIA DO CARMO RODRIGUES
FABIANA DE SOUSA FELIX
RELATÓRIO: VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
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Cruzeiro do Sul – Acre
2018.
- Introdução
O presente trabalho tem como finalidade mostrar a aplicabilidade e a importância da fonética, fazendo uma abordagem sobre os principais tipos de variedades linguísticas existentes na Língua Portuguesa. Considerando que a fonética é uma ciência que tem por objetivo fornecer uma descrição física, fisiológica e psico-cognitiva dos sons da língua, isto é, cabe a ela descrever os sons da linguagem e analisar suas particularidades acústicas e perceptivas, tendo como objeto de estudo o som, ressaltaremos, principalmente, seu papel crucial de descrever a fala tal qual ela ocorre, levando em conta não só as diferenças que existem em se tratando da fala, mas ainda toda complexidade que a cerca.
A língua é um conjunto heterogêneo de variedades, isso porque as sociedades humanas têm experiências históricas, sociais, culturais e políticas diferentes e essas experiências se refletirão no comportamento linguístico. Logo, evidencia-se a variação como inerente a toda e qualquer língua viva do mundo, pois as línguas variam no tempo, nos espaços geográfico e social, e também de acordo com a situação em que o falante se encontra. Marcos Bagno (2015) evidencia que “no Brasil, embora a língua falada pela grande maioria da população seja o português, esse português apresenta um alto grau de diversidade e de variabilidade (Bagno 2015, p. 28).
Dessa forma, iremos relatar sobre os diferentes dialetos existentes em nossa língua, tendo como base entrevistas realizadas com pessoas de diferentes classes sociais, faixa etária e grau de escolaridade.
- Variações Linguísticas
A linguagem é uma das principais características que diferencia os seres humanos dos demais seres, pois é através dela que é possível expressar os sentimentos, ideias, saberes e, ainda, interagir com mundo e demais seres existentes. Dessa forma, a linguagem é, por natureza, um objeto sujeito a alterações, por ser parte constitutiva do ser humano e da cultura na qual este se insere.
Desde o início, quando o Brasil foi conquistado pelos portugueses no ano de 1500, percebemos o grande impacto sociocultural, pois os índios que já habitavam nessas terras tinham hábitos culturais totalmente diferentes, eles falavam diversas línguas, entre elas o tupi. Com a colonização das terras, foi-se necessário criar uma Língua Geral para que pudesse haver uma comunicação entre eles, desse modo, ocorreu a miscigenação do Tupi com o Português. Entretanto, no ano de 1757, o Marquês de Pombal decreta a proibição da Língua Geral e “oficializa” a Língua Portuguesa com o objetivo de alcançar o monolinguísmo. Apesar desta ação e de muitos acreditarem que no Brasil fala-se somente uma língua, sabemos que esta afirmação não é correta, pois a Língua Portuguesa apresenta grande variação de região para região, de estado para estado, sem esquecer a língua indígena que é, ainda, usada por diversas tribos, e sem esquecer também a língua das dezenas de colônias de imigrantes que vivem pelo país.
Marcos Bagno (2015), em seu livro “Preconceito Linguístico” nos fala que:
“Com isso também se nega o caráter multilíngue do nosso país, onde são faladas mais de duzentas línguas diferentes, entre línguas indígenas, línguas trazidas pelos imigrantes europeus e asiáticos, língua surgidas das situações de contato nas extensas zonas fronteiriças com os países vizinhos, além de falares remanescentes das diversas línguas africanas trazidas pelas vítimas do sistema escravagista”. (Bagno 2015, p. 26 e 27)
A partir do excerto acima, podemos compreender que em um país grande como o Brasil é quase impossível haver uma unidade linguística, pois encontramos muitas variações da língua falada, e cada região desenvolve maneiras próprias de pronunciar algumas palavras. Enfatizam-se certas sílabas em algumas regiões, pronunciando-as mais forte e, em outras isso não acontece. A forma de organização da vida social e a própria geografia de cada região corroboram para a criação de palavras com significado específico às respectivas comunidades.
É importante termos em mente que as línguas são heterogêneas, não são sistemas perfeitos, prontos e acabados. Muitas coisas mudam, adaptando-se à necessidade da vida cotidiana das pessoas, criam-se coisas novas para novas necessidades. O mesmo acontece com a língua, que perde e ganha novas palavras com o passar dos anos. Desse modo fica claro que “não existe nenhuma língua no mundo que seja “una”, uniforme e homogênea. Toda e qualquer língua humana viva é, intrinsecamente e inevitavelmente, heterogênea, ou seja, apresenta variação em todos os seus níveis estruturais e em todos os seus níveis de uso social” (Bagno, 2015, p. 27).
A Língua Portuguesa no Brasil apresenta diferentes estilos, principalmente se comparada à língua falada em Portugal. A diferença mais perceptível encontramos na fonética, ou seja, na maneira de produzir os sons da língua. Um exemplo disso seria os pronomes o/a nas construções “eu o vi” e “eu a conheço”, que estão praticamente extintos no português falado no Brasil, ao passo que no de Portugal continuam sendo utilizados. Todavia, também encontramos diferenças relacionadas à semântica, isto é, no significado das palavras, como por exemplo, aqui no Brasil temos “aeromoça”, “celular” e “meia” em Portugal eles utilizam “hospedeira de bordo”, “telemóvel” e “peúgas”.
Essa diferença não é percebível somente se comparamos com países diferentes, dentro de uma mesma comunidade linguística podemos encontrar diferentes tipos de falantes. Dessa forma, a variação da língua pode ocorrer tanto devido a fatores linguísticos quanto a fatores extralinguísticos, ou seja, a variação linguística ocorre devido a fatores históricos, geográficos socioculturais, estilísticos etc.
A variação histórica resulta das mudanças naturais consequentes da evolução temporal. À medida que a sociedade evolui e altera sua forma de agir, de pensar e de conceber seus padrões de beleza e de normalidade, assim também acontece com a língua, formas linguísticas consideradas comuns em determinada época não o são em outra. Podemos exemplificar a variação temporal com a forma "você", que passou por uma grande transformação ao longo do tempo, onde antigamente se utilizava “vossa mercê”.
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