Sonhos - Trabalho Infantil E Famílias Em Situação De Pobreza
Por: julinhaproblema • 6/11/2023 • Monografia • 505 Palavras (3 Páginas) • 53 Visualizações
Um novo dia, uma nova chance, uma nova esperança. De quem sabe mudar de vida, ou ao menos conseguir levar para casa algum doce para meus irmãozinhos. Há tempos que eles me pedem um chocolate, ou apenas um pirulito, mas não sou eu quem escolhe o que vamos comer... se eu conseguir aguma coisa hoje, que seja algo que eles gostem.
Meu nome é Rebeca, tenho 11 anos, mas não tenho nenhum privilégio que uma criança de 11 anos deveria ter. Moro em um barracão com meus três irmãos, minha mãe e minha avó. Minha mãe é costureira, mas não recebe muito pelo serviço, e também são poucas clientes... minha avozinha está com alzheimer e faço o que posso para ajudá-la, mas não há muito o que fazer. Meus irmãos são todos pequenos, e meu pai foi embora de casa assim que descobriu que minha mãe teria mais um bebê. A vida nunca sorriu muito para mim, mas isso nunca me impediu de sonhar, e de lutar por um futuro melhor.
Antes mesmo do sol nascer, eu já havia saído. Minha mãe costura algumas máscaras com os retalhos das roupas das clientes dela, e todos os dias eu vou para rua e troco as máscaras por comida. Um dia eu consegui um pacote de batatas fritas, uma barra de cereal e uma marmita bem gostosa, com arroz, feijão, carne cozida, farofa, tinha até macarrão. Em outros dias, já voltei para casa sem uma bala no bolso. Os mais difíceis são os dias chuvosos, pois faz muito frio, e as pessoas não conseguem ver com clareza minha placa.
O meu maior sonho é ser médica, e estudar bastante para descobrir a cura para a doença da vovó, mas em toda a minha vida eu nunca frequentei a escola, sempre tive que trabalhar para sustentar minha família, mas mesmo assim, todos eles acreditam em mim.
Hoje é aniversário do Miguel, meu irmãozinho caçula. Ele sempre quis experimentar um bombom. Uma vez ele viu um comercial de chocolate passando na televisão da vizinha e desde então o maior sonho dele é comer um. Quando saí para oferecer minhas máscaras, uma moça parou ao meu lado e pediu para vê-las, ela havia esquecido sua máscara em casa e estava atrasada para o trabalho. Escolheu uma que lhe agradou, porém estava sem nenhum alimento consigo. Por mais que eu precisasse daquele alimento, senti pena da moça, e deixei ela levar a máscara. Ela já estava longe, mas pude notar ela encontrando com um rapaz, provavelmente seu namorado. Ele lhe entregou algo, e assim que ela aceitou o presente, veio até mim, entregou o embrulho e disse que aquele seria o meu pagamento.
Esperei chegar em casa para abrir, pois tive medo de ser roubada. Desfiz o laço e retirei a tampa da caixa. Lágrimas rolaram do meu rosto sem que eu percebesse, aquela era mais uma demonstração de que sonhos se realizam, mesmo sendo precárias as condições. Bem debaixo de meus olhos havia uma linda e imensa caixa de bombons.
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