A Educação Especial
Por: Mariana Domingues • 18/12/2019 • Artigo • 2.424 Palavras (10 Páginas) • 174 Visualizações
Educação inclusiva, condições para tornar o ambiente escolar verdadeiramente inclusivo.
Mariana Amaral Barros Batista
Resumo: O objetivo deste artigo é estabelecer as diferenças entre os conceitos de integração e inclusão e identificar as caracteristicas da escola que além de integrar também faz a inclusão de maneira que todas as crianças sem excessão sejam bem-vindas indiscrinadamente no ambiente escolar.
Palavras-chave: Educação; Inclusão; Integração.
Introdução
A educação fora do ambiente escolar regular para todos que se encontrava em situação de deficiência, começa a ser revista a partir de 1959 na Dinamarca, que inclui na sua legislação o conceito de normalização entendida como a possibilidade de o deficiente mental desenvolver um tipo de vida tão normal quanto possível (Bank-Mikkelsen, 1969), e estende-se por toda a Europa e América do Norte (Jiménez, 1997). Com a sua expansão no meio educativo surge a substituição das práticas segregadoras por práticas e experiências integradoras (Jiménez, 1997:25) e então tem início o movimento de integração escolar e a desinstitucionalização dos então chamados deficientes.
Embora o movimento de integração seja para Wolfensberger (1972) o oposto de segregação por consistir em um processo de integração nas práticas e nas medidas que maximizam (potencializam) a participação das pessoas em atividades comuns (mainstream) da sua cultura, ainda assim não caracteriza em uma educação que permite o desenvolvimento pleno dos indivíduos.
Para conhecer as características de uma escola inclusiva temos por tanto que entender as diferenças entre integração e inclusão, essa é uma discussão bastante polêmica que mexe não somente com os profissionais da área de educação especial como também com profissionais da área da saúde que atuam no atendimento de pessoas com deficiência, como atendimento de jovens e crianças com problemas escolares e de adaptação social, a inclusão também causa desconforto com as associações de pais que adotam paradigmas tradicionais de assistência a deficientes e também envolvem grupos de pesquisas universitárias (Mantoan, 2002; Doré, Wagner e Brunet, 1996). Já os profissionais do ensino regular consideram-se incapazes de lidar com as diferenças em sala de aula principalmente no diz respeito ao atendimento de alunos deficientes, uma vez que já existem profissionais especializados a realizar esse atendimento (Mittler, 2000); existe ainda uma resistência por parte dos pais de alunos sem deficiência que são contra a inclusão por acharem que isso acabaria piorando a qualidade de ensino se a escola passar a receber esses alunos.
Integração X Inclusão
O processo de integração refere-se a inserção de alunos com deficiência nas escolas comuns e também para designar alunos agrupados em escolas especiais ou em classes especiais para deficientes, nesse caso o aluno tem acesso às escolas por meio de um leque de possibilidades educacionais, a integração ocorre dentro de uma estrutura educacional que oferece ao aluno a oportunidade de transitar no sistema escolar da classe regular ao ensino especial em escolas comuns, mas trata-se de uma integração parcial porque o sistema prevê serviços educacionais segregados.
Nos países que aderiram ao sistema de integração escolar em sua adaptação ao novo conceito houve um desencadeamento de subsistemas de Educação especial dentro das escolas do ensino regular, para os alunos com necessidades educativas especiais e os professores de Educação especial que os acompanham, (SANCHES; TEODORO, 2006 p. 68).
O sistema mantém-se a todos os níveis e estes alunos e os professores que os acompanham terão de fazer os possíveis e os impossíveis para aceder às regras e ao funcionamento do sistema regular, para ter direito a um lugar no meio escolar normal, enquanto que o sistema não se questiona nem preconiza a mudança. Se não conseguirem serão excluídos. (Sanches; Teodoro; 2006: 68).
A integração tem por objetivo inserir um ou mais alunos que já foram anteriormente excluídos. Quanto à inclusão ao contrario, tem por objetivo não deixar ninguém no exterior do ensino regular desde o começo da vida escolar, esta por sua vez questiona não só as politicas publicas e a organização da educação especial e da regular, mas também o próprio conceito de integração, por ser incompatível com a integração, ela prevê a inserção escolar de forma radical, completa e sistemática. Todos os alunos, sem exceção, devem frequentar as salas de aula do ensino regular, pois para Sanches e Teodoro (2006) “Não se compreende, hoje, uma Educação especial para uma fatia de crianças/ jovens, não se compreende que seja necessário separar as pessoas para educá-las, para ensiná-las a viver com os outros, para juntá-las depois”.
Experiências adquiridas com a integração escolar e toda a reflexão gerada a partir desse movimento sobre a escola que exclui uma parte considerável dos seus alunos, não somente os que se encontram em situação de deficiência, ajudaram a desencadear o movimento da inclusão que pretende promover o sucesso pessoal e académico de todos os alunos, numa escola inclusiva, (Sanches e Teodoro; 2006).
A palavra inclusão para (Wilson, 2000), hoje se define em igualdade, fraternidade, direitos humanos ou democracia, conceitos que amamos, mas que não sabemos ou não queremos pôr em prática.
Uma escola inclusiva propõe uma organização do sistema educacional que considera as necessidades de todos os alunos e que é estruturada em função dessas necessidades.
Dessa maneira a inclusão implica em uma mudança de perspectiva educacional, pois não atinge somente alunos com deficiência e os que apresentam dificuldades de aprendizado, mas também todos os demais alunos.
Os alunos com deficiência constituem uma grande preocupação para os educadores inclusivos, todos sabem, porém, que a maioria dos que fracassam na escola são alunos que não vem do ensino especial, mas são alunos que acabarão nele!(Mantoan,1999).
A escola em que vivemos e trabalhamos micro cosmos social, está longe de cumprir estas prerrogativas, mas há um caminho a percorrer e um sonho a comandar a vida (Gedeão, 1956), a participação na construção de uma sociedade democrática onde haja o respeito, à justiça à igualdade de direitos como princípios de valores, naturalmente gerará escolas verdadeiramente inclusivas.
Em meio a esse novo conceito de educação somos obrigados a ter outro olhar e sentir sobre as questões sociais, diversidades humanas nas suas mais diferentes formas e contextos, e essa nova maneira de perceber a diversidade humana desencadeou no movimento que teve inicio na Inglaterra e Estados Unidos (Hegarty, 2005) que culminou com a assinatura da Declaração de Salamanca (1994), pela qual 92 países e 25 organizações internacionais se comprometeram a pôr em prática o princípio fundamental das escolas inclusivas:
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