A Educação Quilombola

Este artigo visa socializar alguns resultados alcançados com o estudo empírico de natureza qualitativa, realizado com a colaboração de gestores e professores (as) que colaboram na Escola Estadual Quilombola José Bonifácio, localizada no Quilombo do Cria-ú- Estado do Amapá. Com o objetivo central de afirmar positivamente a identidade negra/quilombola dos estudantes da referida instituição. Os resultados apontam possibilidades de enriquecimento do currículo e da prática escolar por meio de formação continuada para a educação das relações étnico-raciais, em especial para a educação escolar quilombola. A pesquisa revela que a implementação da maioria das políticas educacionais para a efetivação da educação para as relações étnico-raciais tem ficado somente no papel, ou seja, no discurso e nos documentos oficiais, pois na prática, isso não tem se efetivado de fato e de direito. O estudo revela ainda que apesar das políticas públicas para a educação quilombola caminharem em passos muito lentos na região, pois são normalmente ações pontuais e fragmentadas, sem articulação com a realidade local, apresentando-se muitas vezes de maneira genérica e superficial.

Palavras chaves: educação quilombola, cultura, territoriedade.

ABSTRACT

This article aims to socialize some results achieved with the qualitative empirical study, carried out with the collaboration of managers and teachers who collaborate in the Quilombola State School José Bonifácio, located in Quilombo do Cria-ú- Amapá State. With the central objective of affirming positively the black / quilombola identity of the students of the institution. The results point to possibilities for enriching the curriculum and school practice through continuing education for the education of ethnic-racial relations, especially for quilombola school education. The research reveals that the implementation of most educational policies for the realization of education for ethnic-racial relations has remained only on paper, that is, in official discourse and documents, since in practice this has not actually taken place and right. The study also reveals that although public policies for quilombola education tend to move very slowly in the region, they are usually punctual and fragmented actions, without articulation with the local reality, often presenting in a generic and superficial way.

Key words: quilombola education, culture, territoriality.

INTRODUÇÃO

Numa escola quilombola, mais do que em outra, adultos, jovens e crianças negras na condição de oprimidos, sofrem de uma dualidade que se instala no interior do seu ser querem ser mas temem ser. A educação e o acesso à escolarização são direitos acalentados entre os afro-brasileiros, desde a escravidão, tornando-se ponto central para alcançarem a emancipação. Nesse sentido, a questão suscita a pensar processos educacionais que construam ações de reconhecimento dos sujeitos que protagonizam a vida nos territórios quilombolas, buscando pedagogias significativas que articulem a revelação do que somos e de como somos e não como deveríamos ser no horizonte da educação para a libertação.

O foco de interesse dessa pesquisa é visar a socialização de alguns resultados alcançados com o estudo empírico de natureza qualitativa, realizado com a colaboração de gestores e professores(as) que colaboram na Escola Estadual Quilombola José Bonifácio, localizada no Quilombo do Cria-ú Estado do Amapá. O interesse em discutir essa temática surgiu pela importância de um projeto realizado pela referida instituição denominado: Curiaú mostra tua cara, em vigência de 2000 a 2018, o qual foi idealizado com o objetivo central de afirmar positivamente a identidade negra\quilombola dos estudantes da referida instituição.

Também oferecer e discutir alguns subsídios que possam ajudar no desenvolvimento do processo de transformação de nossas mentes e atitudes, a ausência de atitudes de professores(as) sinaliza a criança discriminada que ela não pode contar com a cooperação dos seus educadores. Essa pesquisa pretende fazer uma reflexão sobre como os educadores(as) inseridos nas comunidades quilombolas podem aplicar uma pratica pedagógica voltada para a educação quilombola e desenvolver uma metodologia na pratica educativa cotidiana nas escolas desta comunidade.

Para o desenvolvimento da pesquisa, foi optado pela investigação do tipo qualitativa. Também uso da pesquisa documental, na qual busca reunir documentos como fonte de informações sobre a política educacional voltada para a educação quilombola, sendo consultadas: a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996, a Lei 10.639 de 2003, a Resolução nº 1, de 17 de junho de 2004, a Resolução nº 8, de 20 de novembro de 2012 e o Parecer nº. 03 de 2004 do Conselho Nacional de Educação.

Para tratar da temática da educação quilombola as pesquisas bibliográficas, com base em Videira(2013); Foster(2016); Gonsalves e Silva(2000-2006); Gomes e Silva(2006); Leite(2000-2004); Paulo Freire(2010).

Assim, buscou-se construir o significado e posterior ressignificado que o termo quilombo, no decorrer do tempo, representou caracterizando-o como um símbolo de resistência. E mostra o quanto esse processo de ressignificação torna o quilombo, além de espaço de resistência, um espaço que são mantidas “identidades em curso”.

Afirmar positivamente a identidade negra\quilombola dos estudantes na referida instituição, também abordar temas transversais e inerentes, como a questão da luta história pelo território do quilombo cria-ú e como a educação quilombola se estabelece como mecanismo de reivindicação e empoderamento para além da comunidade,

A Pratica pedagógica tem por base a formação de sujeitos críticos e ativos no exercício de sua cidadania. Também que a oficina pedagógica teve por objetivo apreender o conhecimento a partir do conjunto de acontecimentos vivenciais no cotidiano, onde a relação teoria/prática constitui o fundamento do processo pedagógico

O enfrentamento dos problemas existentes na sua formação, na qual a articulação técnica, o conhecimento e a análise crítica precisam ser formadores\as de cidadãos, considerados pessoas autônomas, capazes de selecionar, identificar e analisar informações, em interação social, afim de construir um juízo crítico.

A fim de alcançar o objetivo suscitado, o trabalho foi estruturado