A Educação indígena no brasil
Por: Francine Zampieri • 25/4/2017 • Trabalho acadêmico • 1.444 Palavras (6 Páginas) • 277 Visualizações
Educação indígena no Brasil
Francine Zampieri
Resumo:
A educação indígena vem sendo uma das maiores conquistas destes povos. Porém, a luta deles vem desde a colonização, onde o povo europeu roubou seus espaços e dali fizeram suas moradas, expulssando os indios de suas terras, além da tentativa de catequizá-los. Com a ajuda de ONG’s, convênios com Universidades e auxílio das políticas educacionais, os índios ganharam um pequeno, mas importante espaço em nossa sociedade, o qual devemos respeitar sempre.
Palavras chaves: Educação indígena; Polícas educacionais; Método; Escola bilingue; FUNAI.
Introdução
Quando falmos em indígenas nos vem a cabeça uma idealização de um povo com cabelos escuros e lisos, pele nem muito clara, mas também não muito escura sempre pintada com tintas naturais, as vestimentas são poucas e sempre há penas em cocais e colares. Estas podem ser algumas características dos povos indígenas, porém algumas coisas que nós temos eles também tem contato, como roupas, computadores, celulares e a escola.
Nas tribos indígenas encontramos as escolas indígenas, que, diferente da nossa escola, se aprende duas linguas desde o inicio da escolarização (língua materna da tribo e o português). Por este motivo que os professores que lecionam nestas escolas são da tribo mesmo, pois assim fica mais fácil para compreender os dialetos da lingua nativa.
Nestas escolas vê-se também muitos adultos, que tem vontade de aprender a ler, escrever e falar português. Pois querem ou já têm contato com pessoas da cidade, e assim conseguem se comunicar melhor. Bergamaschi (2007) relata em seu texto que:
Duas vezes por semana, recebem uma professora não-indígena, contratada pela Secretaria de Estado da Educação para ensinar os adultos, especialmente escrita e leitura e a língua portuguesa, ferramentas que consideram importantes para o contato com o "mundo dos brancos", como se referem às sociedades não-indígenas que envolvem a aldeia. (p. 02)
Os indígenas foram os primeiros povos a terem contato com os colonizadores e, por consequência disso, de sua escolarização. Mas a escola imposta pelos colonizadores não respeitavam as tradições culturais das tribos indígenas, assim esses povos foram se afastando dessa educação desigual. Esse debate sobre desigualdade e diversidade está presente nas discussões sobre as políticas educacionais voltado à tribos indígenas até hoje.
Veremos a seguir um pouco mais sobre a educação indígena no Brasil, suas implicações polítcas e ideológicas, como é essa educação e como as políticas educacionais vem ajudando a mantê-la respeitando sua cultura e diversidade.
Educação escolar indígena
Pelo que lemos em livros de história e assistimos em filmes, os saberes dos povos indígenas são passados dos anciões para as novas gerações, mas e a escola como se encaixa nesse meio? Pois bem, Bergamaschi (2007) em seu relato de campo nos diz que:
São dois professores Guarani que atuam na escola, ambos indicados pela comunidade. Porém, reconhecem que a Opy é a sua universidade, sendo que consideram as pessoas mais velhas as suas bibliotecas, pois são elas que, como guardiões da memória, detêm os saberes ancestrais e têm a responsabilidade de transmiti-los às novas gerações. (p. 02)
Os professores atuantes na escolas são, em sua grande maioria, oriundos da tribo onde lecionam, se formaram em uma universidade ou ao menos cursaram o magistério. Assim podem ensinar outras pessoas, sejam elas crianças ou adultos. Somente quando há uma grande necessidade de um ensino maior, principalmente sobre a lingua portuguesa, é chamado um professor de fora da tribo para lecionar.
O que é interessante, é como a escola é contruida. Algumas tribos têm um local (casa, cabana, prédio) expecífico para a escola, outras cominidades não têm, e passam a realizar as aulas ao ar llivre ou em lugares alternativos, como na casa do professor ou de algum dos alunos.
A educação tradicional não é o foco nas aldeias ”Guarani considera a sociedade como um todo, em que a educação não se separa, espacial e temporalmente, das demais práticas. A educação não se restringe à Opy e, tampouco, aos conhecimentos escolares” (BERGAMASCHI, 2007, p.05). O conhecimento para eles é a vida, viver, e isso não existe escola que ensine. Na escolarização tradicional o conhecimento é fragmentado, muitas vezes desvinculado da realidade e a escola é tida com único espaço para a educação, para os povos indígenas em qualquer lugar a educação está presente, pode-se conhecer algo novo por si mesmo ou com alguma instrução.
“Conhecimento, para os Guarani, é expresso por meio da palavra Arandu: ara significa tempo, dia; ñendu quer dizer sentir, experimentar.” (BERGAMASCHI, 2007, p.07). Para os Guarani conhecimento é o tempo de experimentar, e esse tempo é indeterminado, pois pode-se conhecer a vida toda. Para eles há duas possibilidades de se aprender, segundo Bergamaschi (2007, p.07): “Uma está ligada ao esforço pessoal: é a busca, desencadeada pela curiosidade que se desenvolve na pessoa, desde pequena. A outra é revelação e se relaciona à primeira, pois, para receber a revelação das divindades”.
A partir desses conceitos vemos que a educação indígena está intrinscicamente relacionada a curiosidade. No relado de Bergamaschi vimos que para se aprender tem que perguntar, tem que ser curioso, e essa curiosidade estar relacionada com a observação, a aprendizagem concreta. É uma escola que se caracteriza por alunos com olhares curiosso diante de diversos assuntos, que não precisam estar chamando atenção. Os saberes ensinados são ensinados na e com relação a prática, tendo como exemplos várias situações de vida. Pais e familiares são muito bem vindos na sala de aula, ajudando seus filhos e parentes e acrescentando seus saberes nas aulas.
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