TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

A IMPORTANCIA DA GEOGRAFIA COMO COMPONENTE ESCOLAR

Por:   •  23/11/2019  •  Resenha  •  3.169 Palavras (13 Páginas)  •  223 Visualizações

Página 1 de 13

A IMPORTÂNCIA DA GEOGRAFIA COMO COMPONENTE ESCOLAR

Regina Mara Alexandre[1]

INTRODUÇÃO[2] 

O texto traz breve relato sobre o surgimento da geografia como componente escolar, através de sua sistematização e como o ensino da geografia na escola é diferente do conhecimento acadêmico e as diferentes formas de aplicação da mesma.

Como ponto principal, cita a importância do ensino da geografia como componente integrante da grade curricular escolar desde a infância, com uma perspectiva de reconstrução da disciplina, oferecendo ao educando senso crítico e cidadania.

A ressignificação do saber geográfico necessita de novas experiências, comprometido com justiça social, democracia, criatividade e livre expressão. Em uma junção de tempo e espaço para transformação do sujeito e da sociedade.

O mundo tem mudado rapidamente e com ele devem acontecer mudanças na escola e na forma de ensinar. Retomando aqui, o debate em torno da importância da geografia como componente curricular da educação básica, com objetivo de formar cidadãos críticos reflexivos, possibilitando com que compreendam a espacialidade dos fenômenos, reconhecendo o mundo em que vive, operando os conhecimentos em sua vida cotidiana para construírem suas histórias e de sua sociedade, sendo a Geografia a oferecer instrumentos para tais conhecimentos e transformações.  

1 SURGIMENTO DA GEOGRAFIA NO ENSINO ESCOLAR

A sistematização da geografia ocorre de fato a partir do século XIX, mas ela existe há muito mais tempo, pois como se dariam as “grandes descobertas”, as descrições geógrafas da Idade Média, podemos dizer que antes mesmo da era cristã desde que as sociedades começaram a formar os aparelhos de Estado ocorridos a partir do período de Heródoto 446 a.C. Os primeiros movimentos e pensamento geográfico sistematizado aparecem nos escritos de Alexander Von Humboldt e Carl Ritter (LACOSTE, 1988).

Na Alemanha, século XIX, a geografia adquire “status” científico. Os relatos de viagens e expedições são substituídos por uma perspectiva sistemática, explicativa e científica. Uma análise na evolução geográfica da Alemanha permite reconhecer contribuição de autores desde o século XII, que constituem uma produção geográfica bastante variada. O conhecimento é produzido a partir de certas peculiaridades históricas de cada época (PEREIRA, 2005, p.04).

Os estudos da relação do homem com a natureza foram compreendidos em correntes não dialéticas, como visto em (FIALHO; MACHADO; SALES; 2014 p.207):

  • Determinismo – as condições naturais determinam o comportamento do homem, interferindo na sua capacidade de progredir;
  • Possibilismo – a natureza fornece possibilidade para que o homem a modifique sem determinar comportamentos;
  • Regionalismo – diferenciação das regiões, divisão territorial

Na Europa, os domínios da burguesia e da produção capitalista se alastravam isso era requisito necessário para a valorização e interesse da temática geografia Moderna, que surge fortemente quando a Prússia (poderosa nação européia que dominou boa parte do centro do continente no século XIX. Após derrota, os nazistas foram varridos do poder e a Alemanha passou por uma reestruturação, sendo a Prússia oficialmente abolida por volta de 1947, perdendo seu governador e sua representação parlamentar; e almejava fundar o Estado-Nação alemão. Já havia movimentos também na França e Inglaterra, que assim como a Alemanha, institucionalizaram uma geografia carregada na função patriótica, criavam laços de respeito, para formação de futuros soldados, que se preciso, lutariam pela pátria, e para a formação dos cidadãos políticos, o que era muito útil à classe dominante da época. Anos mais tarde, tornou-se Ciência, tinha a incumbência de formar professores de geografia (PEREIRA, 2005).

“É importante hoje, mais do que nunca, estar atento a esta função política e militar da geografia, que é sua desde o início. Nos dias atuais, ela se amplia e apresenta novas formas, por força não só do desenvolvimento dos meios tecnológicos de destruição e de informação, como também em função dos progressos do conhecimento científico” (LACOSTE, 1988 p.30).

2 INÍCIO DO ENSINO DA GEOGRAFIA NO BRASIL         

Somente no ano de 1837, a geografia aparece como componente curricular no Colégio Pedro II, na cidade do Rio de Janeiro, instituição modelo para as demais existentes no território do Império. Passou a ser ensinada para a elite brasileira, reproduzindo quase que na íntegra o formato de ensino dos liceus franceses, quando a disciplina passou a ser requisito nas provas para Cursos Superiores de Direito. Avessa a outras influências, nossa geografia escolar permaneceu “bitolada” até as primeiras décadas do século XX. A obrigatoriedade do ensino, imposta pelo Colégio Pedro II impulsionou a participação da disciplina nas reformas educacionais posteriores e sendo disciplina obrigatória desde 1889. De um saber estratégico se tornou um saber apropriado pela escola sendo transmitido aos alunos de forma mnemônica, tendo o professor como detentor e transmissor de conteúdos, com listas para serem decoradas, como podem ser encontradas no livro “Corografia Brasílica”, de Aires de Casal; sem desenvolver a análise crítica, transmitindo fatos e fenômenos sem significados para serem memorizados (MELLO; VLACH, 1988, p.02).

Em meio às comemorações do Centenário da Independência do Brasil (1920), vê-se a necessidade de firmar uma identidade nacional, buscando o que o país tinha de mais original, o que culminou na Semana da Arte Moderna, se destacaram pintores, escritores, arquitetos, diretores de cinema que procuraram retratar a essência brasileira. Em 1932, é assinado o Manifesto dos Pioneiros da Educação, com 26 participantes entre educadores e intelectuais, onde se propunha uma Educação Moderna, com novas bases, na democracia, acesso público, adoção de cientificidade nas questões educacionais no âmbito político e metodológico (OLIVEIRA, 2018, p.70).

A década de 20 pode ser considerada como um marco nas transformações da geografia escolar brasileira que emerge uma nova proposta de ensino e torna-se oficial a partir da reforma implementada por Luiz Alves/Rocha Vaz. Mas, também adquiri uma importância ímpar nos conflitos entre professores conservadores (geografia clássica, ensinada de forma descritiva e mnemônica) e os renovadores (mudança na metodologia e conteúdo).  Um dos principais responsáveis pela introdução da nova orientação para geografia nas escolas brasileiras foi Delgado de Carvalho (1924), propôs um conhecimento mais científico execrando a mera nomenclatura, que o estudo tivesse início na geografia física elementar e também na antropogeografia (geografia humana). Delgado propôs que o meio em que o aluno vivia se tornasse tema principal de estudo trazendo para as salas de aula uma orientação moderna de geografia influenciada pelo positivismo científico e métodos pedagógicos ativos (ROCHA, 1998, p.04).

...

Baixar como (para membros premium)  txt (22.1 Kb)   pdf (195.6 Kb)   docx (53.5 Kb)  
Continuar por mais 12 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com