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A Linguagem, Escola e Pedagogia Social

Por:   •  10/12/2017  •  Trabalho acadêmico  •  2.508 Palavras (11 Páginas)  •  450 Visualizações

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LINGUAGEM, ESCOLA E PEDAGOGIA SOCIAL

Mariana Calache Emmerick

(maricalache@hotmail.com)

Comunicação e Linguagem – Marcia Maria

Resumo

Este artigo tem como objetivo articular os conceitos de linguagem, escola e pedagogia social a partir dos estudos e reflexões de João Wanderley Geraldi, Magda Soares e Margareth Martins de Araújo. Para esclarecer pautas sobre conflitos linguísticos e problematizar a realidade das escolas públicas no Brasil, se realizou a leitura dos textos supracitados como forma também de abrir o debate entre autor e leitor desde, para movimentar possibilidades no agir de educadores em formação.

Palavras-chave: Educadores. Escola. Linguagem. Pedagogia Social.

Introdução

O acesso à escolarização pelas camadas populares tem de fato acontecido de forma crescente na história da educação brasileira, porém há de se questionar e relativizar essa realidade qualitativamente. As pautas linguagem, escola e pedagogia social perpassam entre si e abrangem conteúdos essenciais para nos questionarmos: a escola que temos hoje é feita para quem? O que ela “prega” e de que forma isso acontece em sua perspectiva didático-pedagógica? As perguntas são constantes, e são elas as motivadoras para uma práxis bem desenvolvida. Os educadores que se questionam e ressignificam as ações dentro do ambiente escolar, são aqueles que dominam mais a teoria e multiplicam mais a sua prática.

1 O processo histórico dos moldes da educação

A idealização de uma educação dinâmica, horizontal e múltipla nem sempre foi uma verdade ou se quer uma possibilidade. A história da profissão do educador ocupou alguns patamares durante o tempo e o espaço.

As primeiras escolas, chamadas “escolas de sábios” (escolas dos sofistas, escola de Sócrates, escola de Platão) contavam com um indivíduo que transmitia conhecimentos aos seus ouvintes. Esse conhecimento cedido era privilégio das elites da época e era produzido pelos mesmos que passavam o seu saber adiante, ou seja, o detentor do saber era o que pesquisava e se aprofundava no conhecimento a ser compartilhado durante as reuniões. Em suma, havia um produtor de conhecimentos que possuía seguidores.

Com a nova fase marcante da história chamada Mercantilismo, um novo modelo de transmissor de conhecimento se mostra possível. Pela primeira vez, o professor ganha uma identidade própria, uma valorização maior e um reconhecimento, mas talvez não da melhor forma.

O domínio do Cristianismo, em seguida, é uma fase em que o professor se torna alguém que já não necessita ser o produtor do conhecimento, mas sim ter a habilidade de comunicar e ensinar de forma articulada. Possuindo essas características, o professorado estaria apto a participar do meio educativo não produzindo o que lhe vai servir como conhecimento a ser passado, mas sim apenas executando com as suas ferramentas um material já anteriormente produzido.

O aluno, nessas perspectivas até agora supracitadas, é dado como um recipiente vazio, que precisa ser transbordado com conhecimento, sempre receptor de informação e nunca como emissor.

Do século XVII até o início do século XX essa identidade traçada do professor permanece inalterada. É importante ressaltar uma outra característica da profissão: além de transmissor do conhecimento, o professor possui o status de controle, respeito e ordem disciplinar para com os seus alunos e seus responsáveis.

Desde então, nesse início do século XX o professor muda para mais uma nova versão de si: ele já não é apenas aquele que é capaz de ensinar o que foi determinado, ele passa a não só controlar a própria ação, mas sim, a ação de seus alunos. É colocada em suas mãos a responsabilidade de controlar o processo de aprendizagem do alunado.

Esse controle se dá primeiramente pelo surgimento de novas ferramentas: o conteúdo que na fase anterior era produzido pelo professor junto à escola para ser direcionado aos alunos, agora seria produzido por outras instâncias e se resultaria em um material didático já elaborado por outros.

Segundamente, o controle assume uma forma didática da relação existente entre o material e o que o possui. O trabalho do professor, nesse novo tempo, seria avaliar a forma com que se dá a aprendizagem do aluno para com o seu material, assim como avaliar os desvios de comportamentos ou acadêmicos.

Essa fase se desenvolveu com sucesso pois houveram mudanças também nos sujeitos do meio escolar. O aprendiz agora se torna responsável pela sua rotina, pelo material que a escola lhe concebe e pelo seu próprio desenvolvimento acadêmico.

Essa nova característica se torna negativa ao refletirmos que a autonomia dada aos alunos influenciou na culpabilização por parte deles de seus próprios insucessos, e supostos fracassos, desvalorizando culturas que estejam fora do padrão elitizado (escolarmente não rentáveis). Ou seja, todo conteúdo elaborado por outrem é tido como verdade, o material escolar se torna o ícone e todo conhecimento fora desde, se torna motivo de um desvio acadêmico.

O que ainda é pesquisado pelos cientistas, na escola se torna uma verdade suprema. A hiper valorização do viés científico afeta drasticamente o horizonte das salas de aula cerceando cada vez mais, historicamente, o aprendiz e sua bagagem de conhecimento e de vivências.

A forma de controle estava dada, os caminhos e as ferramentas para o conhecimento também. O papel do professor passa a ser um papel técnico, e o aluno, responsável pelo seu sucesso ou insucesso, independente do que recebera como verdade em sua sala de aula.  A sobrecarga de culpa, de inferiorização pelo seu rendimento escolar, e a preocupação pelo sucesso, são consequência de todo este movimento até aqui traçado.

A “ideologia da incompetência” (GERALDI, P. 89) faz desaparecer todas as mudanças do sistema da educação e da sociedade, e coloca em evidência a responsabilidade que o indivíduo tem sob o seu êxito acadêmico. De forma mais simplificada ainda, essa ideologia que se construiu, consegue anular a culpabilização da estrutura social que se criou em volta da educação e coloca o aprendiz como o cerne do problema.

Estruturalmente, as camadas populares que possuem acesso à escola são aqueles que possuem também o maior índice de “fracasso” escolar. O acesso tem se tornado maior ao longo dos anos, mas a sua qualidade não tem sido garantida. Dessa forma, a hegemonia instaurada gera um processo de exclusão cada vez mais frequente e geral entre todos os segmentos da educação.

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