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A PESQUISA QUALITATIVA EM CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS: EVOLUÇÃO E DESAFIOS

Por:   •  29/8/2017  •  Resenha  •  1.685 Palavras (7 Páginas)  •  1.500 Visualizações

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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO

FACULDADE DE EDUCAÇÃO

LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA

Docente: Prof.ª Dr. ª CÉLIA VIRGOLINO

Discente: FRANCIELLE PADILHA DA SILVA FILGUEIRAS

RESUMO

“A PESQUISA QUALITATIVA EM CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS: EVOLUÇÃO E DESAFIOS”

CHIZZOTTI, Antonio. A pesquisa qualitativa em ciências humanas e sociais: evolução e desafios. Revista Portuguesa de Educação, ano/vol. 16, nº. 002 Universidade do Minho. Braga, Portugal. 2003, pp. 221-236.

Belém – Pará

AGO/2017

A PESQUISA QUALITATIVA EM CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS: EVOLUÇÃO E DESAFIOS. Antonio Chizzotti. Revista Portuguesa de Educação, ano/vol. 16, nº. 002. Universidade do Minho. Braga, Portugal, 2003. pp. 221-236.

        Chizzotti (2003) vem discutir e analisar a evolução da pesquisa qualitativa neste artigo, periodizando sua evolução desde o século passado até a atualidade, e indicando os desafios que as pesquisas qualitativas suportam nos dias de hoje. Apresentando esta evolução de forma detalhada e mais técnica de como pode ser feita uma pesquisa qualitativa, ou seja, como se constrói uma pesquisa qualitativa através de estratégias que cuidadosamente o autor vem explanar e descrever, partindo do pressuposto de que a pesquisa qualitativa recobre um campo transdisciplinar, envolvendo as ciências humanas e sociais, assumindo tradições ou multiparadigmas de análises, assim como, adotando multimétodos de investigação para o estudo de um fenômeno situado no local em que ocorre. Ainda segundo o Chizzotti (2003), o termo qualitativo implica em:

[...] Uma partilha densa com pessoas, fatos e locais que constituem objetos de pesquisa, para extrair desse convívio os significados visíveis e latentes que somente são perceptíveis a uma atenção sensível. [...]. O autor interpreta e traduz em um texto, zelosamente escrito, com perspicácia e competência científicas, os significados patentes ou ocultos do seu objeto de pesquisa. (IBID. p. 221).

        Assim, como afirma o autor, a pesquisa qualitativa apresenta-se em diferentes tradições de pesquisa, partilhando o pressuposto básico de que a investigação dos fenômenos humanos, sempre saturados de razão, liberdade e vontade, acabam por apresentar características específicas, tais como: “criam e atribuem significados às coisas, e às pessoas nas interações sociais e estas podem ser descritas e analisadas, prescindindo às quantificações estatísticas. ” (IBID. p. 22); pois muitos são os autores que se autodenominam qualitativos, diferenciando-se por pressupostos teóricos ou metodológicos, técnicas de investigação científica ou objetos de pesquisa.

        Ressalta ainda, a discussão filosófica desenvolvida por Chizzotti (2003) sobre o surgimento histórico da pesquisa qualitativa, destacando algumas obras e alguns filósofos importantes e os cinco grandes marcos históricos, que promoveram mudanças socioculturais na maneira de refletir sobre as coisas, os seres e os objetos, apontando as diferentes concepções e tendências utilizadas neste tipo de pesquisa.

A pesquisa qualitativa abriga, deste modo, uma modulação semântica e atrai uma combinação que se aglutinaram, genericamente, sob este termo: podem ser designadas pelas teorias que as fundamentam: fenomenológica, construtivista, crítica, etnometodológica, interpretacionista, feminista, pós-modernista; podem, também, ser designadas pelo tipo de pesquisa: pesquisa etnográfica, participante, pesquisa-ação, história de vida, etc. (IBID. p. 223. Grifos meus).

        

        Nesse contexto, o autor faz um breve histórico do cenário mundial do desenvolvimento científico a partir dos séculos XVII e XVIII, com a Revolução Inglesa (1688), a Revolução Francesa, (1789) - consequentemente a revolução industrial com a consolidação do capitalismo -, até o século XX, em que se apresentam os grandes marcos que situam a pesquisa qualitativa dentro da evolução histórica da sociedade, focando as necessidades de cada época. Destacando alguns filósofos importantes e os cinco grandes marcos históricos, que promoveram mudanças socioculturais na maneira de refletir sobre as coisas, os seres e os objetos, como apresentamos a seguir:

Um primeiro marco remonta às raízes mais remotas da pesquisa qualitativa e está associado ao romantismo e ao idealismo, e às querelas metodológicas do final do século XIX, reivindicando uma metodologia autônoma ou compreensiva para as ciências do mundo da vida procurando, a partir do neokantismo, estabelecer as fases evolutivas pregressas da sociedade europeia ocidental, contraposta a outros povos colonizados ou a culturas primitivas. (IBID. p. 224).

        Neste primeiro momento, as pesquisas procuraram descrever as precárias condições do mundo da vida dos trabalhadores urbanos e rurais na era da industrialização por meio de levantamentos estatísticos, descritivos e ilustrativos. Outros estudos europeus foram inspirados no evolucionismo de Darwin e Spencer. Assim como na filosofia positivista, fazendo levantamentos classificatórios de informações que comprovariam os estágios hipotéticos de Comte, permitindo fazer classificações de grupos sociais.

        A partir da primeira metade do século XX, temos o segundo marco da pesquisa qualitativa, quando a Antropologia impulsionada pelos estudos socioculturais, constitui-se em disciplina distinta da história e procura estabelecer meios de estudar como vivem grupos humanos, partilhando de suas vidas, no local onde vivem e como dão sentido às suas práticas e coesão ao seu grupo. Assim, a História, a Antropologia, a Sociologia e a Educação consolidam-se como novos campos de investigação científica.

A pesquisa começa a se profissionalizar: torna-se produto exemplar de um pesquisador acadêmico renomado que foi viver em lugar distante e original para estudar um grupo primitivo, diferente de sua cultura, partilhando do lugar, das experiências vividas, de suas práticas, ritos e celebrações para descobrir o sentido que eles são a tudo isso. (IBID. p. 225).

        Com este estudo, surge a Etnografia com Malinowski (1922), que segundo Chizzotti (2003), em seu artigo, apresenta uma visão sócio histórica da etnografia, ressaltando o seu significado como sendo uma descrição das crenças, magias, artefatos e da organização social de um determinado grupo ou comunidade. A etnografia, no entanto, consolida-se como a descrição do conhecimento cultural do meio em que estão os informantes, pela observação e significados atribuídos às suas ações e práticas.

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