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A Reorganização Escolar Da Rede Estadual Do Tocantins

Por:   •  4/5/2023  •  Resenha  •  1.080 Palavras (5 Páginas)  •  72 Visualizações

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REORGANIZAÇÃO ESCOLAR DA REDE ESTADUAL DO TOCANTINS: DEMANDAS EDUCACIONAIS E PROATIVIDADE DOCENTE FRENTE A PANDEMIA

Susann Manuella Lopes Fernandes[1]

RESUMO

A pandemia do Covid-19 vem assolando o Brasil e o mundo desde ano passado, ocasionando uma disruptura em vários setores da sociedade. Vive-se um momento histórico, e sem precedentes quanto a magnitude da quantidade de indivíduos acometidos e seu negativo desdobramento social, cultural, econômico, político e consequentemente educacional em todas as nações. No Brasil, o abismo educativo de acesso, permanência e aprendizado com qualidade, que já existia antes da pandemia, ganhou notoriedade e tem extirpado o principio de luta primordial da educação por equidade. Se antes, alunos, professores e gestores já eram desafiados pelas condições impostas a escola pública, durante a pandemia, esses gargalos foram intensificados, se tornando desesperadores. Todos os estados brasileiros abarbaram um novo desafio educacional que precisava ser resolvido de forma paradoxal com urgência e cautela. As escolas públicas da rede estadual do Tocantins tiveram as aulas presenciais suspensas em 13 maio de 2020, após essa data houveram vários ensaios de retorno, por vezes adiados pelo próprio governo baseado nos dados alarmantes sobre a doença na região. Por um lado, era indubitável a necessidade de retorno das aulas, por outro lado, o risco era eminente para a saúde da população. Entre discussões, preparação de documentos, idas e vindas nas decisões quando ao retorno, a retomada das aulas de forma remota aconteceu em 29 de junho de 2020 para o ensino médio e 18 de setembro de 2020 para o ensino fundamental, acarretando assim uma grande perda de tempo de ensino. Mesmo com o grande espaço de tempo para planejamento da forma como as aulas deveriam voltar, o retorno foi informado às escolas apenas três dias antes de acontecer, gerando insegurança nos profissionais da educação, alunos e pais/responsáveis que não sabiam como proceder e/ou não tinham conhecimento da volta as aulas. Inicialmente os professores foram convocados a participar de lives e reuniões ocorridas nos três dias precedentes ao retorno, promovidas pela Secretaria de Educação do Estado e pelas respectivas Diretorias de Ensino de cada cidade. As orientações além de colocar o peso da responsabilidade da aprendizagem dos alunos no professor, designavam que eles deveriam fazer roteiros de estudo baseados nas competências expostas no Documento Curricular do Estado do Tocantins de acordo com o bimestre vigente. Os roteiros seriam enviados aos alunos de forma impressa e virtual, deveriam ser suscintos, claros e objetivos, visto que os alunos teriam que responde-los sozinhos ou com ajuda de um membro familiar, além da demanda financeira para a impressão. Tendo em vista a problemática, como objetivo geral deste trabalho procurou-se compreender como os professores se organizaram para atender as demandas educacionais dos alunos surgidas durante o ano letivo de 2020. O desenho metodológico utilizado foi baseado em pesquisa bibliográfica de outros trabalhos que envolvem a práxis do professor durante a pandemia. Seguido de pesquisa de campo com abordagem quali-quantitativa realizada através de questionário via google forms, contendo seis perguntas fechadas e quatro abertas, voltadas à 20 professores da educação básica, contemplando o fundamental I e II e ensino médio da rede estadual de ensino do Tocantins, das cidades de Araguatins, Augustinópolis,  Palmas, Paraiso, Sitio Novo e Tocantinópolis. A pesquisa foi aplicada em março de 2021, após o fechamento oficial do ano letivo de 2020. Os resultados obtidos evidenciam a capacidade do professor de se adaptar a momentos de ruptura, mesmo sem orientação especifica ou formação continuada. À medida que os roteiros foram compassadamente devolvidos à escola, os professores afirmaram perceber que 65% dos alunos durante o bimestre ou não realizavam a devolutiva de todos os roteiros enviados ou a realizavam de forma parcial, muitos por não saberem responder sozinhos ou por não terem alguém em casa capaz de ajudá-los. A partir dessa preocupação surgiu a necessidade de adotar metodologias diferenciadas na tentativa de alcançar estes discentes. Todos os professores questionados asseguraram não ter experiencia anterior com aulas de forma remota e utilização de aplicativos específicos, 80% assinalaram que obtiveram algum tipo de auxilio de outros professores para conseguir aprender. Cerca de 95% dos docentes pesquisados desenvolveu/aplicou métodos que vão além do simples envio de roteiros preconizado pelo estado. As respostas aos questionários evidenciaram ações realizadas pelos professores de forma autônoma, engajada e coletiva. Houve relatos da organização de horários feitos para encorajar o encontro dos alunos de forma virtual semanalmente; grupos de waths app onde professores enviavam áudios autorais, podcasts, vídeos prontos e autorais, links, os próprios roteiros, informações adicionais por meio de textos; momentos de tirar dúvidas de forma remota com a turma sobre uma ou mais questões contidas no roteiro; utilização de aplicativos de vídeo chamada em grupo como o google meet, google classon; e desenvolvimento de projetos previstos no Projeto Político Pedagógico da escola mesmo que de forma remota. Todas essas tentativas de minimizar as dificuldades de aprendizado evidenciadas com o ensino remoto, foram aliadas ao constante trabalho de motivação para os alunos não desistirem da escola, descrita como o principal desafio do ano letivo de 2020. Os educadores relataram que com o uso de metodologias diferenciadas conseguiram recuperar por volta de 50 % dos alunos que não estavam entregando o roteiro ou o entregando de forma parcial. Considera-se que os educadores da rede pública estadual de ensino do Tocantins, bem como de todo o Brasil, viveram um ano letivo de muitos percalços e aprendizados, o que fomentou a capacidade de se reinventar enquanto docentes e com isso assumir práticas pedagógicas que sequer sabiam da existência anteriormente, agregando-as ao seu dia a dia de lida com os discentes. A incerteza sobre qual a maneira correta de ensinar e se os alunos seriam capazes de aprender nesse novo formato, evidenciou a competência educacional de muitos professores, que, em meio ao caos instaurado na educação pública, conseguiram ir além das possibilidades que lhes foram apresentadas. Acastelaram conhecimentos e experiencias das aulas presenciais aos apreendidos em redes coletivas de aprendizagem a distância  ̶̶ com outros professores  ̶̶  e os utilizaram durante o período de ensino remoto propiciando assim uma aprendizagem significativa dos conteúdos estabelecidos para o ano letivo de 2020. Os desafios continuam para o ano letivo de 2021, no entanto os professores estão mais organizados e cientes do que são capazes de realizar.

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