A escola que sempre sonhei - Abordagens Pedagógicas
Por: Sandra Regina Silva • 1/12/2016 • Trabalho acadêmico • 2.218 Palavras (9 Páginas) • 2.519 Visualizações
Introdução
O livro "A escola que sempre sonhei, sem imaginar que pudesse existir" do autor Rubem Alves, nos instrui a repensar sobre a "Fórmula do Aprender" gerando uma nova concepção e perspectiva sobre a educação. Com grande sabedoria, o autor apresenta que é possível a educação encontrar outras possibilidades; Para demonstrar tal artifício, ele nos apresenta a escola da Ponte, que possui métodos de ensino e aprendizagem simples, mas que transformam a vida de seus educandos e todos envolvidos no projeto.
Com base na leitura do livro, fomos orientadas a realizar um trabalho relacionado à disciplina de Psicologia do Desenvolvimento e Teoria de Aprendizagem, onde articulamos cinco abordagens sendo elas, Psicanalítica, Construtivista, Inteligências Múltiplas, Inteligência Emocional e Sócio Cultural.
Expondo um importante tema à todos interessados na transfomação e possibilidades de uma educação revolucionária, o autor e o trabalho realizado nos permite conjecturar uma escola de autenticidade e as oportunidades de uma educação simples, inovadora, afetiva e de grandes resultados.
Abordagem Construtivista
A educação perante a visão construtivista tem como objetivo constituir de modo não-formal o conhecimento em conjunto, estabelecendo uma relação entre professor e aluno. Sendo o maior inspirador para tal teoria, Jean Piaget, acreditava que o questionamento despertava a curiosidade no indivíduo, fazendo com que o aluno sentisse a necessidade de buscar mais conhecimento em determinadas áreas.
Um fator determinante para que o conhecimento ocorra efetivamente, é aplicá-lo no cotidiano do aluno, partindo do pressuposto de que o mesmo já traz consigo suas vivências e pontos de vista. Evidentemente, o construtivismo está introduzido em uma teoria relacional, onde sujeito e objeto tornam-se um, compartilhando experiências e buscando aprimorá-las.
Tal proposta determina que haja o desenvolvimento integral do aluno durante a construção do ser, visando a formação de cidadãos críticos e questionadores, de forma que o aluno passe a ser um agente transformador perante à sociedade, transmitindo e recebendo informações de forma ampla.
"Aí o meu companheiro de direção contrária me perguntou se não seria possível mudar as coisas. Abandonar a linha de montagem de fábrica como modelo para a escola e, andando mais para trás, tomar o modelo medieval da oficina do artesão como modelo para a escola. O mestre-artesão não determinava como deveria ser o objeto a ser produzido pelo aprendiz. Os aprendizes, todos juntos, iam fazendo cada um a sua coisa. Eles não tinham de reproduzir um objeto ideal escolhido pelo mestre. O mestre estava a serviço dos aprendizes e não os aprendizes a serviço do mestre. O mestre ficava andando pela oficina, dando uma
sugestão aqui, outra ali, mostrando o que não ficara bem, mostrando o que fazer para ficar melhor (modelo maravilhoso de "avaliação"). Trabalho duro, fazer e refazer. Mas os aprendizes trabalham sem que seja preciso que alguém lhes diga que devem trabalhar."
"Não temos classes separadas, 1° ano, 2 ° ano, 3° ano... Também
não temos aulas, em que um professor ensina a matéria. Aprendemos assim: formamos pequenos grupos com interesse comum por assunto, reunimo-nos com uma professora e ela, conosco, estabelece um programa de trabalho de 15 dias dando-nos orientação sobre o que devemos pesquisar e os locais onde pesquisar. Usamos muito os recursos da Internet. Ao final dos 15 dias nos reunimos de novo e avaliamos o que aprendemos. Se o que aprendemos foi adequado, aquele grupo se dissolve, forma-se um outro para estudar outro assunto."
Abordagem Sociocultural
Preocupando-se com a educação popular, Paulo Freire sobressai-se nos estudos dessa área, dando ênfase aos processos políticos, culturais e sociais. Trata-se de uma abordagem interacionista, onde o indivíduo interage diretamente com o mundo, sendo assim sujeito de seu próprio conhecimento. Acredita-se que aquele que é alienado, atrai-se pelo estilo de vida da sociedade dominante, sendo então reflexo da mesma.
Visa-se nessa teoria o crescimento mútuo, a análise das experiências de vida dos alunos, buscando questionar e solucionar os problemas sociais. A educação é processual e contínua, impulsionando o aluno a não acomodar-se e buscar novos conhecimentos. Sua ação educativa é voltada para a liberdade do indivíduo, considerando suas características culturais, sociais e intelectuais.
Paulo Freire critica a educação tradicional, nomeando-a como “educação bancária", onde os conteúdos são depositados nos alunos sem preocupações com o todo. Acredita na educação libertária, que auxilia o homem a encontrar-se e posicionar-se diante da sociedade.
Ando um pouco mais e encontro uma menina com síndrome de Down trabalhando
com outras, numa mesinha. Ela trabalha de forma concentrada. Sua presença é uma
presença igual à de todas as demais crianças: alguém que não sabe muitas coisas, que pode
aprender muitas coisas. Acima de tudo ela aprende que ela tem um lugar importante na
vida.
"Uma hora depois, durante o banho, Francisco perguntou: "Os deficientes têm cura?" Percebi que a mensagem tinha seguido o seu curso e uma hora depois tilintava ainda na sua cabeça. Entendi que aquela pergunta poderia estar sendo feita por várias razões. Titubeante, respondi-lhe que dependia. Que havia coisas que se podiam curar e outras que não. Queria dar-lhe um exemplo, pegar no concreto, para que Francisco percebesse o que eu queria dizer. Perguntei a ele: "Sabes quem é a Rute, ela sala da Mônica?" (referia-me a uma menina com síndrome de Down que freqüentava a mesma escola de Francisco). "Claro, papá!" - disse-me ele. Perguntei-lhe, para chegar mais depressa ao meu exemplo: "Achas que a Rute é diferente, tem alguma coisa diferente?" "Não, papá, é parecida com a Clara...”(a menina chinesa da sala do Francisco). Desisti do exemplo. Percebi que essa diferença não tinha entrado ainda na vida de Francisco. O 1º ciclo vai tratar de lhe incutir esse
conceito."
"Prefiro a indiferença do ensino pré-escolar ao exercício de diferença do 1º ciclo. Logo no primeiro ciclo. Na Escola da Ponte, não há indiferença, mas também não há o discurso nem a prática da diferença, da norma ou do desvio. Na Escola da Ponte, deficiente não é adjetivo, nem substantivo."
"Algumas das crianças que acolhíamos transferiam para a vida escolar os problemas sociais dos bairros pobres onde viviam. Exigiam de nós uma atitude de grande atenção e investimento no domínio afetivo e emocional. E tomamos consciência de que não passa de um grave equívoco a idéia de que se poderá construir uma sociedade de indivíduos personalizados, participantes e democráticos enquanto a escolaridade for concebida como um mero adestramento cognitivo. Se os pais eram chamados à escola, pedia-se castigo para o filho ou pediam-se contributos para reparações urgentes."
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