A urgência de propostas inovadoras para a formação de professores para todos os níveis de ensino.
Por: Janaina Carvalho de Jesus • 18/11/2020 • Artigo • 2.068 Palavras (9 Páginas) • 495 Visualizações
Resumo
A urgência de propostas inovadoras para a formação de professores para todos os níveis de ensino.
Desafios na formação de professores.
A cobrança pela formação superior gerou a proliferação de cursos de diferenciadas qualidades, mas que privilegiaram visões tradicionais de formação acadêmica, desprezando aspectos relevantes para a formação para a docência, sobretudo para a Educação Básica. Porém, não concordamos que se potencialize o foco do problema nos cursos oferecidos a distância, considerados os grandes vilões da formação precária dos professores. Os cursos de formação inicial de professores para a Educação Básica se apresentam como espaços que contradizem o que as teorias educacionais consideram e as necessidades sociais da educação necessária para uma verdadeira revolução nas estruturas institucionais formativas e nos currículos de formação.
Os descuidos na formação são ampliados quando confrontadas com os desafios postos pelas necessidades educacionais da sociedade contemporânea. Elas mostram a importância que a educação e a formação de professores assumem quando os caminhos são incertos e precisamos de orientadores, facilitadores, educadores que orientem e proporcionem as melhores condições para o aprendizado.
Os alunos bem formados terão melhores condições de serem bons professores e garantir aprendizados mais significativos a seus estudantes, superando os desafios e as necessidades postas pela sociedade contemporânea.
A formação deve ser flexível e dinâmica, é preciso criar mecanismos para filtragem, seleção crítica, reflexão coletiva e dialogada sobre os conhecimentos disponíveis, os focos de atenção e de busca da informação. É preciso ensinar e aprender em rede, de forma aberta e na ação integrada e colaborativa, em equipes.
Essas transformações no processo de formação docente, exigem tempos e espaços mais amplos do que os restritos aos momentos de encontro massivo presencial nas salas de aula dos cursos superiores. O uso extensivo das redes sociais e demais recursos que possibilitem a intercomunicação entre todos os participantes do processo de formação. O caminho natural está na incorporação de propostas educacionais que têm, por meio do acesso e uso fluente dos múltiplos meios digitais de comunicação, a possibilidade de transpor os limites físicos e temporais das salas de aula e alcançar as pessoas que querem, que têm interesse, e estão conectadas na mesma sintonia, independentemente do tempo e do espaço em que se encontram.
Quem educa o Educador?
Um ponto estratégico e quase não observado está na mudança da ação do docente universitário que atua nos cursos superiores. As propostas, em si, não irão responder ao grande compromisso de adequação aos novos tempos de formação.
Os professores formados devem assumir novas práticas e estratégias de ensino que possam fazer diferença na formação de professores para os novos tempos. Essa formação inclui, sobretudo, a incorporação de novos valores. Se a função do professor universitário é a de formar docentes para esses novos tempos, eles devem ser os primeiros a adotar novas posturas profissionais, mais coerentes com as necessidades educacionais da sociedade atual.
A urgência das mudanças engloba o uso de novas estratégias didáticas e, um ponto essencial, maior interação com os alunos e as realidades para as quais eles estão sendo formados. Exige professores em rede construindo colaborativamente seus programas, apresentando suas propostas de ação docente, oferecendo e recebendo informações, atualizações e vários auxílios. Exige professores e alunos em rede, conscientes da necessidade de refletir, discutir, selecionar e filtrar informações recebidas de fontes diferenciadas, o que é realmente importante para um aprendizado e que precisa permanecer como essência na formação de docentes.
Identificar e refletir em conjunto sobre o que é pontualmente importante para o desenvolvimento de habilidades e atitudes que auxiliem no desempenho de ações e na realização de atividades adequadas ao contexto educacional em que irão atuar Saber explorar em conjunto as nuances e especificidades das bases e meios em que as informações são disponibilizadas – texto, imagens, vídeos, sons, etc. – utilizando-as de acordo com as condições disponíveis e o respeito aos diferentes estilos de aprendizagem dos alunos. O maior desafio nessas relações é o de garantir as aprendizagens de todos como pessoas melhores, para que possam convergir suas atenções e interesses em aprender a lidar com as informações e com as demais pessoas com respeito, civilidade, atenção, cortesia, postura crítica e colaboração.
Nova cultura docente com as tecnologias digitais de informação e comunicação
Uma das principais transformações se iniciou a menos de quinze anos, quando incorporamos as redes digitais (a internet) e sua interface gráfica (a web) em nossos sistemas de intercomunicação e ação cotidiana.
A capacidade de intercomunicação é um dos pontos mais significativos dessas novas mídias. Ela garante que, independentemente de onde as pessoas estejam, elas possam se comunicar, trocar ideias, desenvolver projetos em conjunto, e ir além da informação. Baseia-se no princípio defendido por Lévy (1999) de que, na atualidade, ninguém sabe tudo. Todos sabem algo que pode ser importante para que, juntos, em colaboração, todo um grupo ou toda uma equipe, possam alcançar um objetivo comum. Um princípio maior de aprendizagem participativa, colaborativa, comprometida e responsável pode ser considerado viável a partir dessas novas competências tecnológicas.
Essa nova realidade é um dos grandes desafios para o ensino superior brasileiro. Ainda que haja esforços no sentido de implantação de laboratórios digitais e disponibilização de ambientes virtuais para uso pelos professores e alunos, isso não garante a formação de uma nova cultura de aprendizagem mediada na universidade.
A cultura tecnológica exige a mudança radical de comportamentos e práticas docentes que não são contempladas apenas com a incorporação das mídias digitais ao ensino. Pelo contrário, há um grande abismo entre o ensino mediado pelas tecnologias digitais praticado em muitas das universidades e faculdades e os processos dinâmicos que as redes podem oferecer nas relações entre professores e alunos online.
Usos de tecnologias digitais (TDIC) no Ensino Superior
O acesso aberto à internet, a partir da metade dos anos 1990, deu início a um processo de valorização das tecnologias digitais em todos os setores da sociedade, no da educação inclusive, no avanço tecnológico, no entanto, não foi articulado com mudanças estruturais no processo de ensino, com propostas curriculares e com a formação dos professores universitários para a nova realidade educacional. Em muitos casos, as IES iniciaram programas de capacitação para o uso dos novos equipamentos, mas as práticas pedagógicas permaneceram as mesmas, ou retrocederam.
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