ACEB – ASSOCIAÇÃO CLASSISTA DO ESTADO DA BAHIA
Por: Rafael Lucas • 21/8/2019 • Projeto de pesquisa • 2.424 Palavras (10 Páginas) • 206 Visualizações
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FEDERAÇÃO DOS TRABALHADORES DO ESTADO DA BAHIA
ACEB – ASSOCIAÇÃO CLASSISTA DO ESTADO DA BAHIA
DISCIPLINA: CONTEÚDOS MATEMÁTICOS I
PROFESSORA: IRANI
ALUNO (a): RENILDA MARIA A. MIRANDA
ATIVIDADES PROPOSTAS
Salvador
Outubro,2012
TRAJETÓRIA DE FORMAÇÃO ESCOLAR
Iniciei a primeira série do ensino fundamental na Escola Ouro Negro, na cidade se Candeias – BA. Era uma escola que só estudava filhos de trabalhadores da Petrobrás. Era uma escola tradicional, onde vivi momentos importantes da minha vida escolar. Lembro-me que a professora da minha primeira série, se chamava professora Adelita. Era uma professora autoritária e gostava de bater e deixar de castigo os alunos, as lições eram tomadas todos os dias, recordo-me que tinha dificuldade em memorizar algumas palavras como lata e osso nas minhas lições. A professora me colocava de castigo e pedia para eu ficasse sentada na carteira soletrando dezenas de vezes as palavras, lata e osso para eu aprender a lição, era uma tortura, pois toda vez que ela me chamava para tomar a lição eu só conseguia acertar uma das palavras, e outra não conseguia de tanto medo de apanhar com régua, foi uma barreira psicológica grande.
A segunda série foi mais tranqüila com a professora Rute, ela não costumava bater nos alunos, e as minhas notas das provas eram boas. As festas juninas eram muito divertidas com bastantes comidas típicas e quadrilha, as bandeirolas coloridas e as folhas de coqueiro enfeitavam o ambiente escolar. Quando chegava o final do ano letivo, minha mãe acompanhava, eu e minhas irmãs na festa de confraternização de final de ano para receber o boletim, ela fazia bolo e participava da festa da escola, e comprava sempre presente para darmos a professora.
A terceira série eu estudei com a professora Ediene, era uma professora morena muito, bonita, as aulas que ela ministrava eu costumava fazer muitas cópias de texto do livro didático, no caderno e muito ditado de palavras. A lição da tabuada a professora Ediene costumava chamar grupo de quatro alunos para junto da mesa dela, e fazia uma sabatina, caso o aluno não respondesse ou errasse o colega batia com palmatória na mão do outro. Lembro-me que fazia um esforço enorme para não errar. Eu tinha uma colega que se chamava Fátima, ela era muito tranquila e morava na mesma rua que eu morava, um belo dia a professora Ediene bateu em Fátima com uma régua envernizada de aproximadamente 1,2 metros, foram muitas batidas de régua, e ela chorava muito, não lembro os reais motivos. A estagiária que substituiu a professora regente por um tempo não lembro o nome, mais era muito amiga dos alunos e sentimos muita saudade quando ela foi embora. Minha mãe nunca precisou ser chamada à escola por causa de comportamento inadequado de seus filhos.
A quarta série foi muito difícil para mim e minhas irmãs, pois o início do ano letivo foi marcado com a morte da minha mãe. Eu tinha onze anos e minhas irmãs que estudavam na mesma escola eram mais novas. Lembro-me que minha tia Maria, nos ajudou muito, cozinhava e lavava nossas roupas por um bom período, ela era irmã do meu pai. Nunca fui com farda suja para a escola, e meu pai envernizava os calçados meu e de minhas irmãs o chamado vulcabrás. Minha professora na quarta série se chamava Eremita, passei a estudar na sala da frente, era uma sala mais confortável e arejada. Em casa fazia todas as tarefas da escola e ficava atenta ao horário de ir para a escola. Engraçado era que, como o relógio andava sempre quebrado tínhamos o cuidado de observar a sombra e a marca sol que estava no passeio da casa, e assim deduzíamos que estava próximo de meio dia.
A 5ª série eu estudei no Colégio Nossa Senhora das Candeias, na cidade de candeias, um colégio particular onde tive direito a uma bolsa de estudo. A professora de matemática se chamava Marinalva, eu tinha dificuldades de compreensão de alguns conteúdos, mais me esforçava para superar. Meus deveres de casa eu mesma fazia e na dúvida não tinha ninguém que os tirasse. A disciplina que eu mais gostava era língua portuguesa, ensinada pela professora Fátima, eu tinha dificuldade de interpretar textos, mais na gramática eu era bem melhor. Sempre fui muito calada durante as aulas, e tinha dificuldade de questionar a professora quando tinha alguma dúvida. Durante a quinta série estive muito doente, foram dias terríveis, me apegava a bíblia todos os dias até que Deus me libertou. Na 6ª série tive muita dificuldade quando a professora Marinalva introduziu álgebra. As avaliações eram só cálculo puro sem nenhuma contextualização, sempre que tinha uma oportunidade a turma colava no dia de prova e eu não era diferente de ninguém. Durante a 7ª série e a 8ª série, as aulas seguiam no mesmo ritmo sem que o aluno tivesse muita preocupação com os estudos pois havia alguns professores que não tinham muito compromisso, pelo fato deles participarem muito da política do município.
No Ensino Médio, antigo 2º grau eu estudei no mesmo colégio, era estudar matemática de mentira, pois o professor de matemática Manoel era candidato na política da cidade de Candeias, ele faltava muito os seus dias de trabalho e o aluno ficava sem aula. Quando o professor Manoel aparecia para dar aula era sem nenhum planejamento aplicava o conteúdo e desviava o assunto para conversas informais. O professor de física chamava-se Ricardo, não era muito diferente do professor Manoel, pois, o mesmo também era candidato na política de São Francisco do Conde, cidade próxima a Candeias. Mas me recordo que também tinha excelentes profissionais comprometidos com a educação. Na trajetória do Ensino Médio não me recordo de ter estudado probabilidade, logaritmo e vários outros conteúdos e disciplinas. O colégio ofertava os cursos de administração, contabilidade e o magistério que era chamado de curso normal. Decidi fazer contabilidade curso que não teve aplicabilidade nenhuma na minha vida profissional, não recordo de quase nada que estudei de contabilidade. Não participei da formatura, pois não tive nenhuma motivação para participar.
Após o termino do antigo 2º grau, tentei passar em alguns concursos mais não tive êxito, decepcionada procurei o professor João Gualberto para me dar aulas de matemática, química e física foi quando um grupo de alunos o convidou e ele resolveu formar um cursinho particular. Durante o cursinho prestei concurso para a Escola Técnica Federal da Bahia, para minha surpresa fui aprovada no curso de geologia. Eu pensei que era um sonho, das pessoas que estavam fazendo o cursinho comigo, só eu fui aprovada. Nessa escola tudo era novo para mim, horário das aulas eram pela manhã e pela tarde eu não estava acostumada com isso. Que loucura! Eu pegava o transporte das cinco e quinze da manhã na rodoviária de Candeias para Salvador, era cansativo, pois, eu acordava todos os dias 4 horas da manhã, e chegava a casa geralmente à noite. Pelo fato de já ter o segundo grau iniciei o curso pelo terceiro período fui reprovada, minhas dificuldades eram enormes, confesso que não fiquei decepcionada comigo, repeti o período com oura postura, pois sabia que se perdesse o período novamente seria jubilada. Pedi ajuda várias vezes ao professor e grandioso João Gualberto o professor do Cursinho, era a única pessoa que poderia tirar as minhas dúvidas com quem eu poderia contar. Fui para a recuperação das disciplinas: física e matemática, onde passei horas estudando na biblioteca da escola, com medo de ser jubilada, era um grande desafio para mim. Chegado o momento da recuperação meu psicológico estava muito abalado, mais conseguir vencer essa batalha, finalmente recebi o resultado da recuperação, que tinha sido aprovada para o 4º período.
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