BULLYING: ESCOLA E FAMÍLIA ENFRENTANDO A QUESTÃO
Por: linka rodrigues • 21/8/2020 • Resenha • 1.723 Palavras (7 Páginas) • 468 Visualizações
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Universidade de Brasília
RESENHA CRÍTICA
MANZINI, R. & BRANCO, A. U. Bullying: escola e família enfrentando a questão: 1. ed. Porto Alegre: Editora Mediação, 2017. p. 176
RESUMO DA OBRA
O livro Bullying escola e família enfrentando a questão, tem como autoras Raquel Gomes Manzini e Angela Uchoa Branco. Assim como o título sugere, o tema central do livro é a problemática do bullying nas escolas, que descreve como essa prática afeta o desenvolvimento de crianças vítimas, agressoras ou observadoras e como a escola se posiciona em relação a essa prática. Dividido em três partes, o livro apresenta O que é bullying?, Bullying e a cultura escolar e Prevenção do bullying e cultura de paz.
A primeira parte do livro traz a definição do que é bullying e, segundo as autoras, o bullying refere-se a atos de violência intencionais e repetitivos, podendo ser agressões psicológicas ou físicas, praticadas por um agressor ou um grupo contra uma vítima, acometidos nas escolas, nas famílias e nas ruas. Dentro desse contexto, pode-se citar o Cyberbullying, que é a pratica de bullying por meio da internet, de forma anônima ou não, sendo as redes sociais um grande veículo destas ações.
Essas práticas trazem como consequências, a exclusão dos alunos alvos nas interações sociais, acanhamento das crianças em sala de aula, falta de interesse nas atividades escolares, o rebaixamento da autoestima da criança, o desenvolvimento de comportamentos agressivos, mau rendimento escolar, tristeza e podendo ter como agravante, o desenvolvimento de depressão.
A escola, como um importante meio de interação social tem um papel fundamental de regular essas relações sociais, e estar sempre atenta aos valores demonstrados nas salas de aula. Pois é nesta instituição em que é mais palpável as ocorrências de bullying, e também onde o livro em questão vai desenvolver suas pesquisas.
Na escola é comum existirem estereótipos para os alunos agressores, como tendo uma vida em família desestruturada e problemática, serem alunos dispersos, com baixo rendimento nas notas e baderneiros. Já para vítima, os estereótipos são características alvos, como crianças com obesidade, timidez, traços fenotípicos diferentes ou até por possuírem boas notas. Várias correntes teóricas reforçam esses estereótipos se mal interpretadas e é corriqueiro a entidade escolar responsabilizar somente a família pelas ações dos alunos e consequentemente, possíveis desavenças.
As autoras afirmam que o uso de tais estereótipos converge para a generalização dos casos de bullying, devendo assim ser tratado cada caso um caso, que deve ser devidamente estudado e compreendido, ponderando sobre as causas e modos para que se possa solucioná-lo.
A segunda parte do livro retrata a cultura escolar, com vista para as ações de bullying dentro das salas de aula de uma escola pública do Distrito Federal, nomeada ficticiamente como Escola Alfa, na qual as autoras entrevistam várias crianças de uma sala de aula que, segundo a professora Ana (nome também fictício), aponta crianças como vítimas, agressoras e observadoras. Essas crianças compartilham suas experiências vividas e dizem às autoras o que deveria ser mudado para tornar a escola um ambiente livre do bullying.
Nessas entrevistas, os discursos das crianças surgem de forma impressionante e com bastante propriedade sobre o tema, demonstrando naturalidade ao falar sobre bullying ao contrário dos professores e diretores da escola, que logo de início se posicionaram contra a existência de bullying em sua escola. O que ocorre é que os profissionais da educação associam o bullying apenas a práticas de violência física, se esquecendo assim da violência psicológica, com os apelidos maldosos, xingamentos, bilhetes e fofocas.
Durante as entrevistas, é perceptível que as crianças apontadas como agressoras pela professora Ana também discutem experiências em que são vítimas do bullying, assim como as crianças observadoras que também possuem experiências em que padecem como vítimas. A justificativa dada pelas crianças é a tentativa de revidar, e resolver por conta própria os problemas com o agressor, sem intervenção dos professores, o que segundo as próprias crianças, não parece funcionar. Já outras vítimas e observadoras têm medo de sofrerem represália caso delatem os agressores, continuando a sofrer em silêncio ou a observar em silencio o colega sofrer agressões.
As queixas provenientes dos alunos são em grande parte a falta de assistência por parte dos profissionais da educação, que veem as agressões como brincadeiras entre colegas, coisas de crianças, o que as próprias vítimas contradizem, mostrando como as práticas de bullying podem causar sofrimento e enumerando diversas ações que melhorariam o convívio com os colegas e a superação de situações de bullying. Dentre as propostas vindas das crianças, estaria a criação de um ambiente onde a criança pudesse ser ouvida e buscar ajuda e apoio às situações vivenciadas.
Assim como afirmado na primeira parte do livro, cada caso deve ser tratado de maneira própria, com empatia e solidariedade, trazendo reflexão e ensinamentos pró-sociais para as crianças, possibilitando a criação de um ambiente bom para todos. A escola, em resposta as entrevistas e as falas das crianças, organizou palestras de prevenção ao bullying, mas o ambiente de fala das crianças não foi aderido. Esse espaço de diálogo seria muito importante para o desenvolvimento das crianças, um local para combater preconceitos, compartilhar empatia e prevenir futuros casos de bullying.
Na sociedade como um todo, é comum vermos a idealização da individualidade e da competição, muitas vezes de forma não saudável em vários âmbitos. As autoras citam a individualidade e competitividade como fatores incumbidos da desvalorização do outro e a busca pela liderança. Na escola também podemos observar o incentivo a esses ideais, quando as atividades em sala são individuais e os professores não permitem a socialização durante a realização das tarefas e a ajuda mutua entre os alunos, e sim repreendem esses atos. As autoras também ressaltam como atividades competitivas as bonificações aos alunos destaque, que muitas vezes exclui aqueles com dificuldades, e pode tornar alvos de bullying aqueles que recebem tais bonificações.
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