Desenvolvendo uma práxis efetiva

Desenvolvendo uma práxis efetiva

A prática da práxis, no agir pedagógico é essencial para o processo do ensino e aprendizagem. Infelizmente em muitas instituições de ensino é nítido que a prática docente se resume em cumprir e perpetuar o plano de aula, sem fugir de nenhuma das etapas planejadas, adaptando os alunos a esse sistema de ensino sem contextualizar de acordo com a realidade de cada turma no decorrer dos anos. Um exemplo disso são as provas, que como legado, são aplicadas a cada novo ano. Contudo, a maneira de abordar os conteúdos, as metodologias precisam ser avaliadas e modificadas adaptando-se a cada nova turma de alunos, tendo em vista que as vivências, e experiências são diferentes, tanto do aluno como da sociedade que o mesmo faz parte (LEITE, 2008).

Quando o docente não desenvolve o exercício da práxis, ele comete uma injustiça consigo mesmo, pois quando não é realizado o julgamento e a reflexão que deve gerar uma mudança nas abordagens de ensino (LIMA, SALES, 2002), ele então fecha as portas do próprio aprimoramento profissional, uma vez que não é feita uma autocrítica, de forma que seja identificado os pontos positivos e negativos, excluindo assim as possibilidades de inovação, e melhoria na qualidade educacional.

Dessa maneira, entende-se que a práxis pedagógica ocorre como num  movimento do pensar educação, que envolve o julgamento da ação, em um processo cíclico. Quem se apropria dela, inova, reconstrói sua prática, melhorando a qualidade do ensino e da aprendizagem, pois assim são identificados os problemas educacionais e quais são as metodologias que podem ser usadas para sua resolução. Uma prática educacional, sem práxis, sepulta tanto o ensino como a aprendizagem, pois

A teoria em si [...] não transforma o mundo. Pode contribuir para sua transformação, mas para isso tem que sair de si mesma, e, em primeiro lugar, tem que ser assimilada pelos que vão ocasionar, com seus atos reais, efetivos, tal transformação. Entre a teoria e a atividade prática transformadora se insere um trabalho de educação das consciências, de organização dos meios materiais e planos concretos de ação [...]. Nesse sentido, uma teoria é prática na medida em que materializa, através de uma série de mediações o que antes só existia idealmente, como conhecimento da realidade ou antecipação ideal de sua transformação. (SÁNCHEZ VÁZQUEZ, 1977, p.206-207).

Diante disso, nas experiências dos estágios na Educação Infantil foram observados dois exemplos de professoras no qual a professora 1 se limitava ao livro didático, não possuía flexibilidade no seu plano de aula e mantinha as mesmas estratégias de ensino, pois acabava repetindo as atividades mal sucedidas, sem considerar uma forma de aprimoramento. Já a professora 2 buscava conhecer as dificuldades dos alunos, considerava o contexto para as atividades serem realizadas, modificado suas metodologias de acordo com a resposta dos alunos frente às práticas e tinha o material didático como ferramenta, porém não se limitava a ele.

Com essa análise percebemos que a professora 2 realizava a práxis pedagógica, auto-avaliando suas práticas e modificando suas metodologias conforme necessário (SÁNCHEZ VÁZQUEZ, 1977), com isso ela atinge o objetivo deste processo de ação-reflexão-ação.

REFERÊNCIAS:

LEITE, Yoshie Ussami Ferrari. Pesquisa em educação.   Possibilidades investigativas/formativas da pesquisa-ação. São Paulo: Loyola, 2008. Vol.2.

LIMA, Maria S. L. e SALES, Josete de O. C. B. Aprendiz da prática docente - a didática no exercício do magistério. Fortaleza: Edições Demócrito Rocha, 2002.