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ESCREVER É PRECISO

Por:   •  24/8/2017  •  Seminário  •  1.663 Palavras (7 Páginas)  •  520 Visualizações

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ACADÊMICA: ELIANE HELENA DE MORAES

GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 8º SEMESTRE

RESENHA

 ESCREVER É PRECISO 

0 PRINCÍPIO DA PESQUISA 

MARIO OSÓRIO MARQUES

Mario Osorio Marques, por um período conhecido como Frei Matias de São Francisco de Paula (São Francisco de Paula, 22 de janeiro de 1925 — Ijuí, 14 de dezembro de 2002), foi um sacerdote franciscano, pedagogo e professor brasileiro. Era formado em filosofia, pós-graduado em teologia, doutor em educação, educador, sociólogo, pedagogo. Integrou, desde o início, o quadro docente da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ), de cuja construção foi o artífice maior. Na história das idéias pedagógicas no Brasil, o pensamento e a obra de Mario Osorio Marques ainda não receberam a atenção compatível com a sua importância. Certamente por ter este pensador exercido a sua reflexão longe dos centros que fazem a história, isto é, na Faculdade de Filosofia e, depois, na Universidade de Ijuí (Unijuí), região noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, onde publicou a maior parte de seus livros e artigos, suas idéias não tiveram a oportunidade de circular e de serem colocadas em debates em toda a amplitude da comunidade educacional brasileira. Por este motivo, a reedição de suas obras pelo Inep, com o apoio da Unijuí e da Unesco, não só já se tornava necessária, como também sobressai como oportuna devido ao crescente reconhecimento público da educação como um bem comum que pode ajudar o País a realizar algumas de suas aspirações históricas mais relevantes.

Não se trata somente de prestar homenagem a um grande educador que já se foi, mas, sobretudo, de colocar à disposição dos estudiosos da educação brasileira um acervo de ideias e de reflexões da melhor qualidade, nascidas ao meio do diálogo entre a teoria e a prática, na permanente "busca de respostas às indagações muito existenciais de educador impelido a entender, para melhor realizá-las, as tarefas em que se empenha", para usar as palavras do próprio Mario Osório Marques. Queria uma pedagogia concebida e construída na dialética das experiências com as lições que dela se extraem, em sua tríplice dimensão hermenêutica, crítico-reflexiva e instrumental. Disso decorria o seu ideal de formação do educador. Queria um professor que pensasse e refletisse sobre sua realidade e que fosse capaz de presidir um ato pedagógico transformador. Coçar e comer é só começar. Conversar e escrever também. Na fala, antes de iniciar, mesmo uma livre conversação, é necessário quebrar o gelo. Em nossa civilização apressada, o "bom dia", o "boa tarde, como vai?" já não funcionam para engatar conversa. Qualquer assunto servindo, fala-se do tempo ou de futebol. No escrever também poderia ser assim, e deveria haver para a escrita algo como a conversa vadia, com que se divaga até encontrar assunto para um discurso encadeado. Mas, à diferença da conversa falada, nos ensinaram a escrever e na lamentável forma de uma mecânica que supunha texto prévio, mensagem já elaborada. Escrevia-se o que antes se pensara. Agora entendo o contrário: escrever para pensar, uma outra forma de conversar.

Assim fomos "alfabetizados", em obediência a certos rituais. Fomos induzidos a, desde o início, escrever bonito e certo. Era preciso ter um começo, um desenvolvimento e um fim predeterminados. Isso estragava, porque bitolava, o começo e todo o resto. Tentaremos agora (quem? eu e você, leitor) conversando entender como necessitamos nos reeducar para fazer do escrever um ato inaugural; não apenas transcrição do que tínhamos em mente, do que já foi pensado ou dito, mas inauguração do próprio pensar. "Pare aí", me diz você. "O escrevente escreve antes, o leitor lê depois." "Não!", lhe respondo, "Não consigo escrever sem pensar você por perto, espiando o que escrevo. Não me deixe falando sozinho". Pois é; escrever é isso aí: iniciar uma conversa com interlocutores invisíveis, imprevisíveis, virtuais apenas, sequer imaginados de carne e ossos, mas sempre ativamente presentes. Depois é espichar conversas e novos interlocutores surgem, entram na roda, puxam outros assuntos. Termina-se sabe Deus onde. Entretanto, se jogar conversa fora no falar e no escrever são os caminhos para encontrar um começo, isso não nos exime de chegar a um começo. Diria mais: que, em se tratando de pesquisa, esta só inicia pela definição de seu começo (o problema, o tema ou assunto, uma hipótese, um título, que tudo significa quase o mesmo). Em minha prática, tenho feito do título esse começo. A coisa só principia a funcionar quando consigo encontrar um título, que provisoriamente resuma meu problema e se constitua em hipótese a ser trabalhada. Isto sim, uma continuidade artesanal, como nos vem dizer (escrevendo, é claro) Mário de Andrade (1944).

IDEALIZAÇÕES ACADÊMICAS:

  • Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ijuí – FAFI – 1957
  • Movimento Comunitário de Base – 1961
  • Museu Antropológico Diretor Pestana – MADP – 1961
  • Escola de Educação Básica Francisco de Assis – EFA – 1969
  • Fundação de Integração, Desenvolvimento e Educação do Noroeste do Estado – FIDENE – 1969
  • Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – 1985
  • Editora UNIJUÍ – 1985
  • Mestrado em Educação nas Ciências – 1994

RECONHECIMENTO PÚBLICO:

  • 1967 – Cidadão Benemérito de Ijuí
  • 1992 – Professor Emérito da UNIJUÍ
  • 1999 – Prêmio Educação RS – Sinpro/RS
  • 2001 – Pesquisador Destaque – Categoria Educação e Psicologia (FAPERGS)

SUAS PRINCIPAIS OBRAS SÃO:

  • Trigo e Região, Um estudo de Caso, 1972;
  • Sociologia Geral, 1974;
  • Universidade Emergente, o Ensino Superior Brasileiro em Ijuí (RS), 1984;
  • Conhecimento e Educação, 1988;
  • Pedagogia, a Ciência do Educador, 1990;
  • História Visual da Formação de Ijuí, Rio Grande do Sul, 1990 (em co-autoria com Lourdes Carvalho Grzybowski);
  • A Formação do Profissional da Educação, 1992;
  • Conhecimento e Modernidade em Reconstrução, 1993;
  • A Aprendizagem na Mediação Social do Aprendido e da Docência, 1995;
  • Educação/ Interlocução, Aprendizagem/Reconstrução de Saberes, 1996;
  • Uma Hermenêutica de Minhas Aprendizagens, 1997;
  • Escrever é Preciso: O Princípio da Pesquisa, 1997;
  • Filosofia e Pedagogia na Universidade, 1997;
  • Educação: Singularizarão de Sujeitos numa mesma Tradição Cultural – Uma Leitura da Obra de Tereza Verzeri,1998;
  • Escola do Computador: Linguagens Rearticuladas, Educação Outra, 1999;
  • 4 Vidas, 4 Estilos, a Mesma Paixão, 1999 (em co-autoria com Sandra Mara Corazza, Daisy Barella da Silva e Volmir de Oliveira);
  • Ijuí, uma Cultura Diversificada, 2000;
  • Educação nas Ciências, Interlocução e Complementaridade, 2002;
  • A Educação na Família e na Escola, Temas para Reflexão e Debate, 2002 (em co-autoria com Julieta Ida Dallepiane);
  • Uma comunidade em Busca de seu Caminho, 2ª Ed., (em co-autoria com Argemiro Jabcob Brum) (a 1ª Ed., já esgotada, foi publicada em 1972, pela Editora Sulina, Porto Alegre);
  • Imaginário e Memória, 2003;
  • Francisco de Assis e a Educação Popular na UNIJUÍ, 2003;
  • Nossas Coisas e Nossa Gente (em co-autoria com Argemiro Jabcob Brum), 2003;
  • Nossas Forças, 2003.
  • Entre os 20 e 25 anos, quando realizava os estudos filosóficos e teológicos, Mario Osorio Marques (Frei Matias de São Francisco de Paula) organizou, também, um dicionário de Filosofia – Lexicon Philosophicum – em latim, em três volumes manuscritos, o qual permanece inédito, podendo os originais serem encontrados na biblioteca da família.

 No livro ESCREVER É PRECISO, o autor Mário Osório mostra sua preocupação com relação à escrita. Surge a necessidade de escrever como uma forma de vida consciente, reflexiva, aberta sempre a novas aprendizagens.  Escrever é o princípio da pesquisa, e ao escrever um texto o autor deve em primeiro lugar tentar quebrar o gelo, escrever pensando outra forma de conversar, necessita se reeducar para escrever, pois a criatividade surge quando menos se espera. Para um texto bem fundamentado é necessário buscar apoio bibliográfico e as formas de inspiração. O princípio da escrita é incerto e ele precisa ser exercido de forma harmoniosa, surpreendendo-nos com algo inusitado e lembrando-se que por traz do livro está um leitor ávido e perspicaz, julgador e desafiador. Escrever, faz da escrita um ato significante e    tornando a leitura divertida, apropriando-se do aprendizado ocorrido. O leitor é um analista de nossa imaginação e criação, sendo que o autor deve dar o conteúdo de forma legível, e cabe ao leitor assimilar a mensagem escrita, integrando sua leitura na programação de seus interesses. Quando o texto chega ao leitor, este fará sua reconstrução interpretativa, buscando o sentido do texto em mãos. Vemos no texto de Mário Osório, que o ler precede o escrever. Crianças enquanto não codificam a escrita, o fazem através de desenhos e são capazes de ler aos adultos seus escritos, como era no Paleolítico, uma explosão de formas gráficas.  As palavras e o pensamento são tidos como objeto de conhecimento abrindo caminho para a gramática e a lógica. Lembrando que um bom texto deve dar asas à imaginação do leitor, deve fazê-lo mergulhar para dentro da história, se sentir um personagem da leitura, como algumas culturas ainda fazem por meio da oralidade, e não devoram os livros como outras culturas o fazem, por acreditar que ao ler, tornam-se incapazes de pensar, ter ideias naturais. A folha de papel torna-se um campo aberto para a imaginação, criatividade e criação do escrever e ler, e se tornam assim provocadores. A escrita deve ter uma ordem, uma postura, e determinadas atitudes do leitor dão sentidos as próprias leituras, ao contrário da língua falada, o ler e escrever requer uma aprendizagem proposital. Escrever é iniciar uma aventura sem saber aonde ela vai nos levar, por isso é importante estabelecer um tema de pesquisa, para saber o que explorar e buscar dentro de uma melhor concentração e foco, mantendo o estímulo de prosseguir. Assumindo o compromisso de conduzir e considerar argumentos que confirmem ou enfraqueçam a proposição e tema escolhido. Na pesquisa assim como no escrever, a questão é iniciar. E é isso mesmo: escrever é uma obsessão, paixão. É ter um título, problema-tema-hipótese, e viver com ele essa paixão amorosa o dia todo. A criatividade não é bicho que se agarre, ela surge em momentos que menos esperamos, nos sonhos da imaginação, de forma que quando menos se espera, escrever é preciso.

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