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Fichamento Freire : Saberes necessários à prática educativa

Por:   •  30/6/2017  •  Trabalho acadêmico  •  2.147 Palavras (9 Páginas)  •  573 Visualizações

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Fichamento de Citações

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

Com a intenção de orientar educadores, esta obra traz a reflexão de Freire acerca da práxis docente, abordando aspectos fundamentais para a ação educativa direcionada para a autonomia dos sujeitos. Divide-se em três capítulos que asseguram a associação entre docência e discência como um processo humano dialógico que deve ser norteado por competências teórico-metodológicas e ético-políticas.

No primeiro capítulo, Não há docência sem discência, o autor enfatiza a bilateralidade da relação educador/educando, destacando imperativos capazes de efetivar a troca de saberes.

Algumas citações evidenciam a urgência de se atentar para estes aspectos:

A leitura verdadeira me compromete de imediato com o texto que a mim se dá e a que me dou e de cuja compreensão fundamental me vou tornando também sujeito (p 15).

A rigorosidade metódica remete ao estímulo da curiosidade para que a aproximação crítica do objeto de estudo permita sua observação de diferentes ângulos e a reflexão leve à apreensão de sua totalidade, potencializando a aquisição e a produção de conhecimentos, bem como a transformação do sujeito.

Enquanto ensino continuo buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar, constatando, intervenho, intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade (p. 16).

A pesquisa parte do desejo de ultrapassar limites a partir do contato com outras perspectivas capazes de renovar ou edificar ideias. Surge do questionamento, tendo a capacidade de nutrir e de se confundir com a ação, sendo uma atividade própria, indissociável da educação.

Pensar certo, pelo contrário, demanda profundidade e não superficialidade compreensão e na interpretação dos fatos. Supõe a disponibilidade à revisão dos achados, reconhece não apenas a possibilidade de mudar de opção, de apreciação, mas o direito de fazê-la (p. 18).

A práxis docente deve se apoiar nos princípios da virtude e da ética, entendendo o ser humano em sua subjetividade, preparando-o para ser autônomo e participativo dentro da intersubjetividade coletiva. Para que essa ação docente se efetive se faz mister coerência entre interpretação crítica e conduta, que devem enfatizar valores, deveres e direitos na condução das relações humanas, buscando o bem-estar da sociedade.

Quem pensa certo está cansado de saber que as palavras a que falta a corporeidade do exemplo pouco ou quase nada valem. Pensar certo é fazer certo (p. 19).

A ação educativa, ainda que possa ser, concomitantemente, uma atividade doce e amarga, deve estar norteada pela verdade e pela virtude. A citação de Joseph Joubert , “A palavra empolga, o exemplo ensina” simplifica a ligação intrínseca entre teoria, reflexão e prática que deve estar presente na realidade concreta, onde a práxis deve buscar seus fundamentos em justificativas racionalmente argumentadas.

A tarefa coerente do educador que pensa certo é, exercendo como ser humano a irrecusável prática de inteligir, desafiar o educando com quem se comunica

e a quem comunica, produzir sua compreensão do que vem sendo comunicado. Não há intelegibilidade que não seja comunicação e intercomunicação e que não se funde na dialogicidade. O pensar certo por isso é dialógico e não polêmico (p. 20-21).

O conhecimento se efetiva através da comunicação democrática, pressupondo a necessidade da participação igualitária e mútua por meio de interação dialógica, num ato de respeito ao ser humano onde se reconhece seu caráter histórico e transformador e, dessa forma, a educação acontece da partilha entre os homens mediados pela realidade que os cerca, num processo de troca onde existe aquisição, renovação e construção das informações.

O próprio discurso teórico, necessário à reflexão crítica, tem de ser de tal modo concreto que quase se confunda com a prática (p. 21).

Esta citação remete à importância da reflexão sobre a prática na profissão docente onde é suscitada a necessidade de se lançar novos olhares capazes de revitalizar a educação. Surge do entendimento que a aprendizagem se constrói socialmente por meio das relações e da apreensão de suas dimensões e, também, do juízo que o profissional tem de seu exercício profissional e de suas possibilidades de ressignificá-lo, direcionando-o para determinado objetivo.

O que pode um gesto aparentemente insignificante valer como força formadora ou como contribuição à do educando por si mesmo (p. 23).

O docente deve promover um ambiente inclusivo e acolhedor que reconhece e aceita a diversidade, encontrando meios de potencializar a aprendizagem através de estratégias pedagógicas adequadas a todos os membros do grupo discente, assim, suas propostas devem estar ancoradas em competências que possam ser explicitadas por conceitos e ações que fundamentem o ensino e, neste sentido, deve reconstruir sua práxis de maneira a considerar sua especificidade e a subjetividade do aluno.

Dando sequência ao seu pensamento, Freire, no capítulo Ensinar não é transferir conhecimento, conceituando o ensino como um processo coletivo que considera a historicidade e a humanização frente ao constante diálogo com a realidade, discorre sobre elementos que educadores devem considerar em seu cotidiano profissional.

Algumas considerações se destacam neste sentido:

Gosto de ser gente porque, mesmo sabendo que as condições materiais, econômicas, sociais e políticas, culturais e ideológicas em que nos achamos geram quase sempre barreiras de difícil superação para o cumprimento de nossa tarefa histórica de mudar o mundo, sei também que os obstáculos não se eternizam (p. 28).

A apreensão da condição humana, sua incompletude e sua inserção histórica e social num mundo com possibilidades de transformação é a força que alavanca a educação contra os obstáculos e que conduz o homem na direção do conhecimento, que observado, refletido e ressignificado possibilita a autonomia dos sujeitos, tornando-os sujeitos de sua própria história.

O combate em favor da dignidade da prática docente é tão parte dela mesma quanto dela faz parte o respeito que o professor deve ter à identidade do educando, à sua pessoa, a seu direito de ser

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