Gestao democratica escola publica
Por: lilian_silva23 • 20/10/2016 • Resenha • 5.166 Palavras (21 Páginas) • 3.042 Visualizações
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
Curso de Graduação de Pedagogia
Resenha Crítica da Obra Gestão Democrática da Escola Pública de Vitor Henrique Paro
Acadêmica: Lilian Kelly de Oliveira Silva
Agosto de 2016
Campo Grande – MS
Sumário
Introdução
Gestão Democrática da Escola Pública
A Natureza do Trabalho Pedagógico
Gestão da escola pública: a participação da comunidade
a) As condições de trabalho ou os condicionantes materiais da participação
b) Os condicionantes Institucionais
c) Condicionantes político-sociais: os interesses dos grupos dentro da escola
d) Condicionantes ideológicos da participação
a) As condições objetivas de vida e a participação
b) Os condicionantes culturais ou a visão da população sobre a escola e sobre a participação
c) Os condicionantes institucionais da comunidade: mecanismos coletivos de participação
O Caráter Político e Administrativo das Práticas Cotidianas na Escola Pública
Estabelecimento de padrões mínimos de qualidade
A qualidade da força de trabalho docente
A Estrutura Administrativa da Escola
Gestão da Escola Pública: Alguns Fundamentos e uma Proposta
Conclusão
Introdução
O educador Vitor Henrique Paro reuniu na obra Gestão Democrática da Escola Pública, sete trabalhos que questionam e abrem perspectivas da gestão escolar da rede pública brasileira nos 1º e 2º graus. Vitor dedica-se aos profissionais dessas escolas em especial professores, diretores, coordenadores pedagógicos e orientadores educacionais, mas com o livro pretende ser útil a todos que integram as esferas de concepção e execução de políticas educacionais.
É interessante e fundamental problematizar e descontruir situações de calamidade dentro das escolas públicas brasileiras, com a intenção de solucionar ou ao menos, sugerir que algo seja feito em relação a ineficiência da gestão escolar em todos os aspectos envolvidos, desde a direção até os funcionários e desde a população usuária ao poder do Estado que é o responsável por prover a educação básica no Brasil.
Gestão Democrática da Escola Pública
Como ponto de partida, assumimos que a educação é entendida como apropriação da cultura humana produzida historicamente, a escola é a instituição que promove a educação de forma sistematizada e a escola pública básica é a instituição escolar que destina-se ao atendimento da classe trabalhadora.
Portanto, ao colocar como um dos objetivos da escola construir a humanidade, através da atualização do sujeito na história, a administração escolar difere da administração de outras instituições capitalistas, já que a escola além de administrar recursos também tem que usar fins pedagógicos para alcançar seus objetivos.
Quando falamos da gestão da escola pública de maneira democrática, com participação dos pais, educadores, alunos e funcionários da escola temos a tendência de acreditar que seja uma ideia utópica. Dessa maneira, o autor questiona o significado da palavra utopia, alegando que por mais que uma determinada coisa não exista, não quer dizer que ela não possa vir a existir.
Portanto, vamos começar com as principais contradições e condições que inviabilizam a democratização das escolas públicas no Brasil. Primeiramente, temos os interesses antagônicos dos trabalhadores e das classes dominantes, considerando que esses últimos nem sempre são homogêneos, ou seja, também terão interesses distintos. Partindo dessas considerações, coloca-se como premissa que os grupos dominantes não tem iniciativa para transformar a realidade da classe dominada sem que a mesma os pressione. Simultaneamente, coloca-se como horizonte o esquema de autoridade dentro da escola, e se o interesse dos dominados se articular com esse horizonte, já tem-se o próprio processo de conquista das escolas pela classe trabalhadora.
A partir do momento em que a classe trabalhadora se apropriar do conteúdo histórico acumulado e desenvolver consciência crítica, a escola poderá ser ferramenta de transformação social, entretanto, a escola que temos hoje não cumpre essa função, pois, infelizmente, é reprodutora de uma ideologia dominante à medida que recoloca as pessoas nos lugares reservados pelas relações que se dão no âmbito da estrutura econômica.
Nesse sentido, precisam ser transformados o sistema de autoridade e a distribuição do próprio trabalho no interior da escola, já que o sistema hierárquico que temos hoje coloca todo o poder nas mãos do diretor, que ao mesmo tempo em que é considerado autoridade máxima no interior da escola, só cumpre um papel preposto do Estado. Dessa maneira, o diretor da escola deve deter competências técnicas e conhecimentos dos princípios e métodos necessários para administrar os recursos, mas simultaneamente lhe falta autonomia em relação aos escalões superiores, para lidar com a precariedade das condições das escolas e com a falta de recursos.
Portanto, a falta de autonomia do diretor acarreta na falta de autonomia da escola. Colocar o diretor como autoridade última na escola é colocá-lo num papel negativo de aparência de poder que não é real, além de tendenciá-lo a buscar os interesses dos dominantes. Sendo assim, distribuir a autoridade entre os setores da escola não tira a autoridade do diretor, já que a mesma não a pertence de fato, apenas divide a responsabilidade e, consequentemente dá mais poder à escola. Se todos os setores da escola - professores, alunos, pais e funcionários - participarem das decisões, haverá maiores condições para pressionar os escalões superiores a dotar a escola de autonomia e recursos.
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