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Ivan ilich

Por:   •  5/4/2016  •  Pesquisas Acadêmicas  •  3.219 Palavras (13 Páginas)  •  657 Visualizações

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Vida e Obra

Ivan Illich nasceu em Viena em 1926 e faleceu em Bremen 2002, na Alemanha. Viveu todo o seu jardim-de-infância com seus pais em Dalmácia e Viena onde residiu principalmente de 1936 a 1941, por ser Judeu mereceu de uma protecção diplomática no período do nazismo. Teve que fugir para a Itália e lá, em 1942, frequentou o Liceu Científico Leonardo da Vinci em Florência. Illich, enquanto estudante sua vida foi marcada por aspectos bastante conturbadores, em que seus professores o ridicularizavam, o difamavam, até ao ponto de os mesmos não acreditarem que ele pudesse progredir na sua vida académica.

Mediante esses constrangimentos, Illich revoluciona e muda de paradigma, contraria as expectativas e converte-se em um leitor leitor incansável e autónomo. Estudou Ciências Naturais, especializando-se em química inorgânica na Universidade de Florência de 1942 a 1945. Licenciou-se em Filosofia na Universidade Gregoriana em Roma em 1947 e Teologia em 1951. Fez doutorado em História na Faculdade de Filosofia, Universidade de Salzburgo com a Tese As

dependências filosóficas e metodológicas de Arnold Toynbee. Logo em seguida concluiu um pós-doutorado na Universidade de Princeton sobre o macro/micro cosmos em Alberto Magno e seus discípulos. Ingressou na Igreja Católica e foi para Nova Iorque como Assistente de Sacerdócio.

Em 1956 foi enviado a Porto Rico, onde se tornou Vice-Reitor da Universidade Católica de Santa Maria, em Ponce, com o objectivo de ensinar aos religiosos do Canadá e EUA a cultura hispânica. Foi membro do Conselho Superior de Ensino na Universidade Estadual por meio da qual começou a questionar o porquê do direito à aprendizagem estar limitada à obrigação de ir à escola. Tornou-se também pesquisador e professor do Departamento de Sociologia da Universidade Fordham em Nova Iorque. Como co-fundador, em 1966, do Centro Intercultural de Documentação – CIDOC em Cuernavaca, México, Illich escreveu suas grandes obras.

No CIDOC publicou severas críticas à Igreja Católica, o que culminou com seu desligamento desta instituição. Entre outras actividades internacionais, Illich estudou na Índia, Indonésia e Paquistão. Também foi professor na Universidade da Califórnia em Berkeley e participou como co-diretor no Museu Nacional da Bavária, além de ter sido membro convidado do Departamento de Filosofia da Universidade Estadual da Pensilvânia, Filadélfia. Em 1991 tornou-se professor convidado especial na Universidade de Bremen, na Alemanha, por um período de sete anos. Seus principais escritos são:

  • Sociedade sem escolas (1973, Brasil; 1971, EUA);
  •  A convivencialidade (1973, EUA);
  •  Energia e Equidade (1974, EUA);
  • Medical Nemesis (1976, EUA);

Resumo do Livro

Nas páginas iniciais do seu escrito, Illich deixa claro sobre sua opinião no que concerne a impossibilidade de uma educação universal por meio da escola. Este, mostrou-se indignado com o sistema educacional que vigorava outrora, principalmente pelo fato de as instituições de ensino terem se tornado burocráticas e hierarquizadas distanciando-se do ideal de levar cada indivíduo a transformar suas próprias experiências e referências em um contínuo processo de aprendizado.

Illich, nessa perspectiva, apresenta características da educação possível para um aprendizado em meios descolarizados. Promover um processo de desinstitucionalização seria uma saída vantajosa à instrução. A alternativa à escolarização não se trata de um tipo de instituição educativa, ou projecto que fixe a instrução em todos os aspectos da vida, mas sim em desenvolver uma atitude diferente das pessoas, em relação aos instrumentos de aprendizagem.

Desta forma, Illich resgatou a educação de forma natural, em um processo dinâmico e sem padronização rígida. Este modelo educacional, aparentemente desregrado, proporciona aprendizagem pelo prazer de adquirir conhecimento. Livre de um currículo fechado, esta proposta valoriza o estudo em locais informais sem ter que ser necessariamente numa sala de aulas, pode ser numa pastelaria, biblioteca, isto é, em espaços de convivência onde surge a necessidade quotidiana de apreender novas coisas. A escolarização em Illich não pode se tornar um fim em si mesmo, portanto sugere que esteja desligado das redes curriculares e a educação, separada da frequência obrigatória, no entanto ele propunha uma educação não para todos, mas sim uma educação por todos, em que cada indivíduo teria o direito de exercer sua competência para aprender e se instruir.

Conquanto, mediante os artefactos supra mencionados, Illich organizara sua obra em sete capítulos, a saber: I Por que devemos desinstalar a escola; II. Fenomenologia da escola; III. A ritualização do progresso; IV. O espectro institucional; V. Concordâncias irracionais; VI. Teias de Aprendizagem;VII. e Renascimento do homem epimeteu.

        O primeiro capítulo versa sobre as implicações dos diversos mecanismos da estrutura da escola na conformação social. E isto, conforme Illich, ocorre por meio da escolarização. Resultado de um processo pela qual se desapropriam os factos, o indivíduo e a própria realidade. Muitos estudantes, especialmente os mais pobres, percebem intuitivamente o que a escola faz por eles.

        Ela os escolariza para confundir processo com substância. Alcançado isto, uma nova lógica entra em jogo: quanto mais longa a escolaridade, melhores os resultados; ou, então, a graduação leva ao sucesso. O aluno é, desse modo, escolarizado a confundir ensino com aprendizagem, obtenção de graus com educação, diploma com competência, fluência no falar com capacidade de dizer algo novo. A escolaridade não promove nem a aprendizagem e nem a justiça, porque os educadores insistem em embrulhar a instrução com diplomas. Misturam-se, na escola, aprendizagem e atribuição de funções sociais. Aprender significa adquirir nova habilidade ou compreensão, enquanto a promoção depende da opinião formada de outros. A aprendizagem é, muitas vezes, resultado de instrução, ao passo que a escolha para uma função ou categoria no mercado de trabalho depende, sempre mais, do número de anos de frequência à escola.

        No segundo capítulo, Illich trata da fenomenologia da escola, tendo como objectivo principal discutir sobre os papéis que o currículo e os indivíduos assumem na instituição escolar. No entanto, define a «escola» como um processo que requer assistência de tempo integral a um currículo obrigatório, em certa idade e com a presença de um professor. Desta forma, Illich critica a questão da idade escolar, da frequência, o conceito de criança, e, portanto de aluno, como também delineia os diferentes tipos de professores e as limitações de actuação na escola. Com isso, o autor procura demonstrar o poder dessa instituição e as implicações da segregação social contidas no currículo escolar.

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