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Libras: Um breve histórico da língua brasileira de sinais

Por:   •  29/10/2015  •  Trabalho acadêmico  •  1.579 Palavras (7 Páginas)  •  353 Visualizações

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LIBRAS: A LÍNGUA DE SINAIS DOS SURDOS

A história da comunidade surda é muito rica com de grandes conquistas e retrocessos, essa luta é contínua e como sujeitos que reivindicam seus direitos como cidadão. São considerados surdos àqueles que não ouvem ou ouvem pouco, muitos são identificados como deficientes auditivos, porém preferem ser chamados de surdos e não gostam de ser tratados deficientes auditivos ou como doentes, pois não gostam da ótica medicalizada. É uma comunidade politicamente organizada, com hábitos visuais e língua visual.

A comunidade surda, assim como outras comunidades possui sua cultura, que sempre esta em interação com outras culturas e sua língua esta a todo o momento evoluindo e em reconstrução, pois “são organizados social e politicamente e possuem um estilo de vida próprio de quem usa a visão como o meio principal de obter o conhecimento”. 

A mais importante conquista para a comunidade surda é a construção da língua de sinais, de acordo com a Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos – FENEIS define a Língua Brasileira de Sinais – Libras “como a língua materna dos surdos brasileiros e, como tal, poderá ser aprendida por qualquer pessoa interessada pela comunicação com esta comunidade.” A língua de sinais não e universal, como língua do ouvinte cada pais possui sua língua, até mesmo no Brasil existe algumas variações de acordo com a comunidade.

 A língua composta com todos “os componentes pertinentes às línguas orais, como gramática, pragmática, sintaxe e outros elementos, que preenche os requisitos para ser considerado instrumento linguístico”. A estrutura da língua é composta “parâmetros primários e secundários que se combinam de forma sequencial ou simultânea”. Os parâmetros primários: configurações das mãos, ponto de articulação, movimento. Os secundários: disposição das mãos, orientação da palma das mãos, região de contato e expressões.

Uns dos importantes marco históricos para a comunidade surda, na idade moderna em quando o médico italiano Gerolamo Cardano (1501-1576), quando afirma que a surdez não impedia os surdos de aprender, através de uma avaliação de surdos que nunca aprendeu a falar e com os que ficaram surdos depois, e conclui que não havia prejuízo no desenvolvimento da inteligência, o processo de ensino seria através da leitura e escrita.

Até aquele momento os surdos eram considerados incapazes e tratados como inúteis, a igreja teve a primeira iniciativa de educá-los para que assim conseguissem confessar seus pecados, acreditando que a doença era um castigo por algum pecado, mas também com o objetivo de fazer caridade. O monge Pedro Ponce de Leon (1510-1584) se dedicou a educação dos surdos ricos, mas não existe nenhum documento que comprove a criação de escritos dos seus feitos na educação de surdos.

A partir das ideias utilizadas pelo monge Pedro Ponce de Leon, o padre espanhol Juan Pablo Bonet (1579-1633), retoma seu trabalho e cria o alfabeto manual, onde cada palavra fosse trocada por um símbolo visual. Mesmo depois da criação do alfabeto manual ainda era muito forte a defesa do oralismo para ensinar os surdos, “encantados com a possibilidade de dar voz aos surdos” (DE MOURA, Maria Cecília; LODI, Ana Claudia B.; HARRISON, Kathryn MR. 1997).

Após tantas defesas da oralidade para os surdos, Charles Michel L’Epée (1712-1789), sai em defesa da língua de sinais, reconhecendo sua existência e sua importância para a comunicação dos surdos. Apesar de L’Epée receber os méritos pelo seu feito, ele recebe duras críticas, pois não treinava a fala alegando gastar tempo demais que deveria ser gato com a educação.

 Através dos movimentos dos surdos que viviam nas ruas de Paris e com ajuda de L’Epée, cria-se em 1760, a primeira Escola Pública para Surdos em Paris. Esse momento foi determinante para que houvesse uma organização politica e social da comunidade surda dos surdos no continente europeu e em diversos países do continente americano. A importância desse conquista não foi somente para a comunidade surda mais para os vinham sendo massacrado pela burguesia da época.

Para a crescente burguesia, os regulamentos, restrições e contenções do comércio e da indústria, a concessão de privilégios à nobreza e ao clero, os obstáculos ao progresso da ciência e as novas leis não estavam permitindo a expansão de mercado. Portanto, para assegurar seus interesses, a única alternativa que lhe restava era fazer uma incursão mais forte, ou seja, apoiar os levantes e contribuir para uma mudança política na sociedade francesa. É nesse cenário que os membros do Terceiro Estado, camponeses, artesãos e burguesia unem-se, teoricamente, através de um denominador comum: acabar com os privilégios do Primeiro e do Segundo Estado. (DE QUADROS, 2006. 16).

Nesse período havia o interesse da burguesia em promover o processo educacional, justamente com interesse na mão de obra para atender o mercado de trabalho e os surdos que queriam fazer parte desse processo.

Em varias parte do mundo se discutia sobre a língua de sinais e a buscar para ela fosse incluída nos processos educacionais, em 1880 no Congresso de Milão, onde vários países se reuniram para debater sobre a educação de surdos e resolver as questões de que maneira se daria esse processo. Mas o que nos chama a atenção é que nesse congresso a grande maioria eram ouvintes, foi votado o que o método oral deveria ter preferencia na educação de surdos, pois eles consideravam que a palavra era superiores ao gesto. Como sempre ocorre em todos os setores da nossa sociedade, geralmente uma minoria que detentora do poder, manda e desmanda sem consultar e ouvir o que o povo esta querendo.

A autora (DE QUADROS, 2006), nos leva a reflexão sobre esse ocorrido que não se distancia do que diariamente temos visto acontecer em nossa sociedade, “... que razões foram engendradas ao longo da história da humanidade que autorizaram cento e sessenta e quatro pessoas ouvintes a decidirem o rumo da educação de surdos?”, podemos estender essa pergunta a outros contextos da nossa sociedade e refletir como podemos mudar essa realidade, o que ocorreu em 1880 ainda se repete em nossos dias.

No Brasil, em 1857 no Rio de Janeiro, D. Pedro II assina a Lei 839, que oficializa a educação para os surdos, o professor surdo francês Hernest Huet veio ao Brasil para ensinar alguns surdos nobres, seu trabalho foi acompanhado pelo marquês de Abrantes e resultou na criação do atual Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES.  A princípio o instituído funcionava como um internato e só aceitava surdos do sexo masculino, o ensino era voltado para o trabalho. Foi aberto ao publico feminino somente em 1931 e foi um externato com oficinas de costura e bordado.

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