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O Brincar Como Linguagem Significativa Na Educação Infantil

Por:   •  2/5/2023  •  Projeto de pesquisa  •  2.578 Palavras (11 Páginas)  •  92 Visualizações

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O BRINCAR COMO LINGUAGEM SIGNIFICATIVA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Andreia Antônio Calado Dias Barros

Juliana Martins Reis

Layana Fernanda Garcia de Oliveira¹

Mayara Barbosa Costa²

  1. INTRODUÇÃO

É sabido que na infância a criança passa por algumas etapas de desenvolvimento e, no que tange ao processo de aperfeiçoamento da linguagem, a mesma pode se dar de diferentes maneiras. Aqui é válido citar que esse progresso pode acontecer na forma oral (sendo uma das mais comuns e mais utilizadas – mas não menos importante), pela contação de histórias (um grande momento em que a criança tem a chance de viajar pelo universo da imaginação), pelo processo audiovisual e até mesmo pela arte.

Por vezes estigmatizada, uma forma de aprendizagem que pode ser de fato muito válida ao desenvolvimento infantil é o brincar. A brincadeira então pode ser vista quase que como algo nato às crianças já que não é difícil ver, num grupo de crianças, a ideia de brincar sem nem mesmo serem incentivadas por um adulto – estando sozinhas ou na companhia de outras, tendem a brincar.

No decorrer do processo histórico podem ser encontrados relatos que trazem o brincar como um processo que favorece a aprendizagem e, nesse viés, muitos são os teóricos e estudiosos que creditam ao brincar uma parcela de extrema importância ao aprendizado infantil.

Dado o desenvolvimento tecnológico da era atual, o brincar como ferramenta de interação e aprendizagem tem se tornado inutilizado. Muitas são as crianças que, como amigos, têm apenas o celular ou tablet, a televisão ou o computador - meios de aprendizagem passiva. É inegável dizer que esses meios tecnológicos podem sim ser de grande valia para o aprendizado, mas convém ressaltar que não substituem o processo de aprendizagem ativo que o brincar proporciona – processo intencional e relacional. Brincando, a criança tem a chance de dialogar, se movimentar, raciocinar logicamente e se colocar como ser ativo no processo ao qual foi incluída, sendo criativa, responsável e desenvolvendo a capacidade de se expressar de várias formas, dada a liberdade à qual ela está inserida.

Sendo colocada como uma condição prévia ao desenvolvimento da linguagem falada e consequentemente escrita, o brincar pode e deve ser visto como uma linguagem de significativa relevância para que a criança alcance uma formação plena, sendo capaz de progredir e se ver como parte do meio em que está inserido.

  1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

É notável que, ao visitar o percurso história que retrata a educação infantil, essa que é uma fase de tamanha importância para o ser como um todo, não era vista de forma coerente e adequada assim como conhecemos hoje. Há que se atentar para o fato de que, com o avançar da história, o processo de brincar foi se tornando diferente e em um certo momento entrou em desuso, dadas as convicções e crenças do período. Nota-se que na Antiguidade o brincar era algo natural, como menciona Friedmann (2012):

O homem sempre brincou, nas diversas regiões, povos e culturas do mundo, atravessando tempos históricos. Porém, formas, espaços, tempos, objetos de brincar e os próprios brincantes foram se transformando. Por mais de 7 mil anos, nas sociedades rurais, até o final do século 18, o brincar constituía uma atividade comum a adultos e crianças: brincava-se nas ruas, praças, feiras, rios, praias, campos etc.

Na Idade Média, por exemplo, a maioria das sociedades não preconizava o cuidado de ver a criança como ser em formação e passível de desenvolvimento, sendo a mesma vista como um adulto em miniatura e, com isso, notando-se a falta de preocupação com o seu processo educacional, já que a adaptação ao mundo adulto era uma necessidade. Sem diferenciações entre o ser adulto e a criança, restava às crianças desenvolver os a fazeres cotidianos, trabalhando e auxiliando os mais velhos. Este servir era bastante precoce, já que as crianças, logo após serem desmamadas, elas já deviam acompanhar os adultos para que estes os ensinassem suas tarefas. Ariès reforça essa ideia ao apontar que “a criança era, portanto, diferente do homem, mas apenas no tamanho e na força, enquanto as outras características permaneciam iguais” (ARIÈS, 1981, p.14 apud NEVES, 2022, p. 6).

Figura 1 – JÁ PENSOU EM COMO ERA SER CRIANÇA NO PASSADO?

[pic 1]

FONTE: https://cultura.uol.com.br/noticias/colunas/slime/23_ja-pensou-em-como-era-ser-crianca-no-passado.html. Acesso em: 20 set. 2022

A partir da implantação de uma sociedade industrial – por volta do período de transição entre o século XVII e XIX – as brincadeiras começam a tomar forma como meio pedagógico ao ensino. Nesse mesmo período o qual foi seguido de diversos acontecimentos (como a institucionalização infantil, mobilidade da mulher para setores de trabalho, e falta de segurança nas ruas) o brincar é convertido em uma prática mais individualista, por vezes solitária, devido o apelo à compra de brinquedos. Observa-se que nesse período torna-se mais difícil encontrar ou até mesmo ter estímulos, por partes dos pais, em adquirir jogos e brinquedos artesanais aos filhos visto que estes brinquedos necessitam que a criança seja um ser ativo e traga vida aos mesmos. Atualmente os brinquedos já externam boa parte de atitudes das quais as crianças utilizavam a imaginação para se conceber – chorar, falar, andar e até realizar movimentos. Apesar de tais brinquedos atraírem e encantarem seus consumidores, os mesmos podem trazer de alguma forma prejuízo no desenvolvimento da criança, pois tendo contato com brinquedos tão sofisticados, o que resta para a criança é apenas reproduzir, deixando de lado o produzir – criar, recriar, montar, desmontar. Com vistas nisso, Benjamin (1984, p. 70 apud ALVES; SOMMERHALDER, 2006, p. 128) infere que: “[...] quanto mais atraentes forem os brinquedos, mais distantes estarão de seu valor como “instrumentos” de brincar; quando ilimitadamente a imitação anuncia-se neles, tanto mais desviam-se da brincadeira viva.”

Recorrendo ao contexto de educação infantil, pode-se notar que no Brasil a preocupação com o desenvolvimento educacional de nossas crianças seguiu ideias Europeias, tendo como principal característica a família como incumbida de gerar na criança, a partir da vivência social, um desenvolvimento significativo. Também pode-se perceber a função do Estado como instituidor de estratégias que favorecessem o aprendizado e desenvolvimento da criança. Santos et. al. (2018) traz um breve relato sobre o assunto como diz:

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